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A crença no software livre
Coordenador do projeto LinUSP abraçou a idéia como a um sacerdócio


O professor Jorge L. deLyra era gerente do sistema computacional do seu departamento, o de Física Matemática do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, em 1994, quando conheceu o Linux através de um aluno, hoje um hacker do sistema. Meses depois, convencido de que o Linux era uma solução universal capaz de atender todas as necessidades do departamento, que trabalha com computação de alto desempenho, optou por sua implantação.

"Fomos o primeiro departamento do Instituto a instalar o Linux como sistema central", diz ele. Anteriormente, os servidores rodavam Solaris, da Sun, com estações Unix HP-UX para cálculos numéricos, e OSF/1 para cálculos algébricos. Com a substituição por máquinas Pentium comuns, a configuração mudou para quatro servidores centrais de 200 MHz, com 64 MB ou 128 MB de RAM, e um conjunto de oito máquinas Alpha, com processamento paralelo. Hoje, são cerca de quarenta máquinas, quase todas rodando Linux, a maior parte com a distribuição Debian.

Boa parte dos aplicativos são oriundos do mundo Unix. "São todos softwares livres", ressalta deLyra. Para cálculos numéricos, as aplicações são desenvolvidas internamente em Fortran. Somente a área de manipulação simbólica roda softwares comerciais, como o Mathematica e o Maple.

Uma vez feita a opção pelo Linux, deLyra nunca mais o abandonou.

"Mais do que um entusiasta, eu acredito que o movimento do software livre tem enorme potencial neste país e pode fazer toda a diferença, que é disponibilizar software a preço muito baixo e da mais alta qualidade. Além disso, por ser aberto, não tem nada a esconder, e se você tiver capacidade técnica pode usá-lo como quiser. É uma forma inédita de disseminação tecnológica e está aí para ficar", declara ele.

Graduado em Física pela USP e doutorado em Yale, Estados Unidos, deLyra coordena atualmente dois projetos Linux. Um deles é o Projeto Sócrates para apoio à informatização do ensino de graduação no Instituto de Física, com três servidores centrais rodando Linux, configurados com interface SCSI de alta velocidade. O principal deles, o Sócrates, é um Pentium III bi-processado, de 5OO MHz, 1 GB de RAM e 36 GB de disco, que vai permitir aos 1200 estudantes de Física disporem de vários serviços de comunicação, registro e processamento, acessando o sistema de onde estiverem, via Internet. Já os professores contam com o Euclides, um servidor Pentium II, 400 MHz, 512 MB de RAM e 27 GB de disco.

"Nesses servidores está disponível toda a parafernália de software de fonte aberta, desde planilha, sistema de e-mail, editor, compiladores, até as mais diversas aplicações para uso dos alunos e professores", explica. Implementado há seis meses, o projeto Sócrates tem a cooperação do Projeto Pró-Aluno, da USP, que provê uma sala com 28 terminais, operando com boot duplo (Linux e Windows).

Ele é também coordenador do projeto LinUSP (www.linusp.usp.br), reconhecido serviço público de divulgação do Linux, que antes utilizava apenas um Pentium de 200 MHz e 128 MB de RAM como servidor de comunicação e distribuidor de software, e agora tem dois servidores Linux.

O novo Alpha de 533 MHz, 250 MB de RAM e vários discos totalizando 100 GB, concentra a função de distribuição de software, no endereço linorg.usp.br, exportando dados por FTP ou NFS. O site funciona como um espelho de dezenas de sites de distribuições Linux, atualizando os conteúdos à noite. "O acesso é público e universal, e para dar uma idéia da demanda, o fluxo de transferência chegou a 200 GB de arquivos comprimidos, em abril passado", conta deLyra, acrescentando que o plano agora é ampliar a atuação do site, criando filhotes em outros campus da USP, como São Carlos, Ribeirão Preto e Piracicaba, que funcionariam como espelhos secundários.

Já a migração do servidor de comunicação linusp.usp.br para uma nova máquina de igual porte, com 30 GB de disco, está em compasso de espera. "O projeto é totalmente realizado por voluntários, como alunos, ex-alunos e pessoas de outras cidades, todos hackers de Linux, e eu espero reunir esse pessoal nas férias para fazer a migração", comenta.

Em casa, como no trabalho, deLyra usa o mesmo sistema e aplicativos Linux. Nada de Windows. Até seus filhos compartilham a mesma máquina. E se faz de tudo: acesso à Internet, criação de páginas de WWW (tem um servidor Apache) manipulação de som com o sox, até criação de ../imagens e animações 3D.

 

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