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Seleção Linux do Brasil
Eles não jogam pela direita, são vistos com freqüência na área adversária, e aproveitam qualquer erro geral de proteção. O técnico é um finlandês, meio bonachão, que dá sempre a mesma instrução: quero ver as redes balançando. Nesse ano de 2000, foram os que mais se destacaram, por defenderem o jogo aberto e distribuído, por serem contra a truculência e por mostrarem um modelo mais "soft". Com vocês a Seleção Linux do Brasil!

O ano 2000 mostrou, com fatos ainda mais marcantes que nos anos anteriores, a espetacular aceitação que o software livre e o sistema operacional Linux, em particular, têm obtido entre os usuários. Essa afirmação, válida para os mais diversos países, é especialmente adequada para retratar o que aconteceu no mercado brasileiro.

Foi neste ano, por exemplo, que se realizou no Brasil o primeiro evento internacional dedicado ao software livre, que reuniu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, mais de 2 mil pessoas de todas as regiões do país. Foi também neste ano que o projeto do deputado Walter Pinheiro (PT-BA), que recomenda às instituições públicas federais a adoção de software livre de código aberto, ganhou ressonância junto aos usuários potenciais: as empresas públicas.

Multiplicaram-se os sites e o espaço na mídia, em geral, sobre Linux e software livre. Grandes nomes da indústria de tecnologia da informação, como a IBM e a Sun, aderiram pública e notoriamente a essa causa, da mesma forma que grandes usuários como Petrobrás e Banrisul. E usuários de todos os portes, como têm mostrado as edições desta Revista.

De todo esse processo, porém, o que mais chama atenção é que o Linux está vitalizando um mercado de pequenas e médias empresas brasileiras de desenvolvimento, treinamento e suporte, que estavam destinadas à morte lenta ou a mudar de ramo.

Mais que isso: o software livre e o Linux estão viabilizando o fortalecimento da inteligência nacional em software. Na verdade, já existe um grande contingente de brasileiros com projeção internacional e que, embora ainda anônimos para as pessoas que não transitam na comunidade do software livre, tendem a crescer junto com o avanço dessa idéia.

Esta matéria de capa da edição de primeiro aniversário da Revista do Linux tenta mostrar quem são essas pessoas, o que fazem e porque sua contribuição é tão importante ao país. E também alinha alguns nomes que, em suas áreas de especialização, têm ajudado a divulgar a cultura do Linux e do software livre.

Como acontece em qualquer processo seletivo, no entanto, ficaram de fora desta lista inúmeras pessoas que vêm desempenhando papel de fundamental importância à consolidação do software livre. Isso porque a seleção limitou-se a mostrar aqueles que mais se destacaram nesses doze meses e porque não haveria espaço para todos. Antes assim. Sinal de que somos muitos e somos bons.

Walter Pinheiro

Destaque: lei do software livre
Categoria: legislação

Walter Pinheiro é deputado federal pela Bahia e faz parte de um seleto grupo de 103 parlamentares, chamado informalmente de Elite Parlamentar, composto pelas pessoas mais influentes na Câmara dos Deputados. É dele o projeto de lei que determina a adoção de software livre para toda a máquina do estado e cuja obrigatoriedade só não se aplicaria quando uma solução proprietária não tivesse equivalentes nas plataformas abertas.

A luta de Walter Pinheiro é pela ampla distribuição do conhecimento à sociedade brasileira. Como técnico em telecomunicações, ele tem domínio completo sobre esse tema, defendendo-o com total propriedade. Ele diz:

"o sujeito assiste no Fantástico as maravilhas e prodígios mais recentes da ciência como, por exemplo, a cura que todos esperavam, a última revolucão da química, o satélite que minera os dados vitais para o homem, só que quando ele vai lá na esquina, no posto de saúde, ele fica sabendo que não há soro nem esparadrapo, que os estoques estão vazios. Nessa hora ele sente na pele a exclusão que a tecnologia continuamente lhe impõe". A palavra que ele mais usa atualmente, embora não goste dela por parecer genérica demais ou até dúbia em determinadas ocasiões, é "universalizar". Ele a usa para defender o pleno acesso dos cidadãos à tecnologia e a vê como uma ferramenta fundamental para quebrar o desequilíbrio entre sociedade e as empresas privadas no que diz respeito ao software e ao conhecimento científico. Argumenta que é preciso aumentar o grau de capilaridade da máquina do estado através do aumento de difusão da informação, caso contrário essa coisa de tecnologia para o bem do cidadão é conversa de "português com índio".

Para as diversas prefeituras que seu partido, o PT, ganhou recentemente, Walter está ministrando palestras aos novos prefeitos para incutir a necessidade da adoção de software livre em suas administrações. Certamente essa ação mostrará seus frutos rapidamente e Walter Pinheiro terá dado uma das maiores contribuições ao estado brasileiro. Visite o site do deputado em www.lognet.com.br/pinheiro/

Helio Gurovitz

Destaque: jornalismo
Categoria: divulgação GNU/Linux

Helio formou-se em computação, depois em jornalismo, e já escovou muitos bits, mas depois de um tempo bandeou-se para seu lado repórter.

Ele é atualmente o diretor de redação da revista Negócios Exame e um dos jornalistas mais influentes no Brasil. Usuário de Linux desde 1993, é um dos maiores incentivadores do software livre no país e ouvi-lo fazer a defesa dos sistemas abertos desperta um respeito profundo nas pessoas.

Ele credita o sucesso do projeto Linux ao caráter e temperamento de seu criador, Linus Torvalds, que sabe ceder e que tem um talento raríssimo: capacidade de ouvir. Com isso Helio acha que o finlandês catalisou a simpatia necessária para ir ampliando a base de colaboradores do sistema que ele estava desenvolvendo. As pessoas viam que não havia lugar para estrelismos e consideravam que trabalhar nesse projeto poderia ser bem agradável, e a coisa foi crescendo.

Enquanto nós falamos que o Linux é mais isso ou mais aquilo, Helio envereda pela sociologia do movimento e analisa seus meandros e desdobramentos, mostrando outras facetas que o discurso comum não consegue vislumbrar. Helio diz que o modelo que inspira Bill Gates é o de Henry Ford (e de fato há uma foto dele pendurada na parede de seu escritório), que vê o ciclo produtivo exclusivamente como um produtor de bens. Esse modelo separa rigidamente quem cuida da gestão dos que trabalham efetivamente, mostrando que quem controla não pode sujar as mãos de graxa. Para Helio aí está o foco da discussão: "A pessoa trabalha feliz quando ela pode criar. Possibilitar a intervenção por parte de qualquer usuário aumenta o seu poder criativo, coisa que o código fechado não permite, pois exclui os que não devem ter controle sobre ele".

Helio traça uma analogia entre os piratas, que foram os primeiros a desafiar o controle exercido nos portos pelas cortes européias, e os hackers de hoje, que estão questionando se o lucro é o maior incentivo para o trabalho. Esses hackers cumprem hoje o papel de abrir os portos e, junto com outros fatores, desencadearão a tal da "nova economia". Helio luta pelo resgate do prazer no trabalho, e por isso identifica-se com os sistemas abertos.

Djalma Valois

Destaque: CIPSGA
Categoria: organização de defesa do software livre

O CIPSGA é disparado a instituição mais ativa no Brasil em defesa do software livre e Djalma Valois é o seu diretor executivo. Esse homem é o que podemos chamar com propriedade de um "agitador profissional", e ele e sua turma estão sempre presentes em todo e qualquer debate sobre esse tema, levando uma metralhadora de esclarecimentos e argumentos para defendê-lo. Quem se atreve a contestá-lo, alegando que o software proprietário é uma coisa boa, tem que estar muito bem munido de certezas (que aliás não vieram a público até hoje), ou então, estar preparado para o vexame. Todos os componentes do CIPSGA têm uma incontestável firmeza ao defender o software livre, sendo por isso os representantes da Free Software Foundation no Brasil e os responsáveis pela agenda de Richard Stallman aqui.

Djalma é "apenas" o Diretor de Informática da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Processamento de Dados, e ele sintetiza suas iniciativas da seguinte maneira: "Entendo que o conhecimento é um bem público, de grande importância social, e não um bem privado, de interesse individual". O CIPSGA é uma instituição fundada por nove pessoas no Rio de Janeiro, e hoje conta com mais de cinqüenta filiados e 780 apoiadores, inclusive de outros países. Com convênios firmados com muitas empresas públicas como Procergs, Prodabel, Procempa, entre outras, esta organização não governamental é o que podemos chamar de uma empresa de utilidade pública.

A importância histórica do CIPSGA é admitida por todos e como já se disse uma vez: eles ocuparam uma lacuna que precisava ser preenchida. Para Djalma o GNU/Linux (ele faz questão absoluta de frisar o GNU e condena os que dizem apenas Linux), coloca em discussão uma série de preceitos sociais e ele e seus companheiros estão lutando para que a GPL seja reconhecida pelas leis brasileiras. Também estão desenvolvendo outros dois projetos de lei de grande importância para a disseminação do software livre que envolvem os recursos oriundos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), e a obrigatoriedade das escolas técnicas públicas ensinarem GNU/Linux em conjunto com outros sistemas operacionais "de qualidade duvidosa". Visite o site deles em www.cipsga.org.br e acompanhe esse trabalho monumental!

Renato Murilo Langona

Destaque: Linux Security
Categoria: segurança

Ele resolveu parar com os inúmeros projetos em que estava envolvido e isolar-se em seu quartel general, o www.linuxsecurity.com.br/renato, pois segundo ele a coisa estava ficando "punk". Renato perdeu doze quilos depois de uma temporada maluca, em que dormia muito pouco e acordava de duas a três vezes durante a noite para checar e-mails e verificar se havia novos patches de segurança, coisa bem freqüente em sua área. Sua rotina era exaustiva, pois todas as empresas em que prestou consultoria precisavam ser informadas das últimas atualizações, e uma negligência mínima poderia comprometer todo o trabalho anterior. Somada a essa rotina de "eterna vigilância", acumulavam-se empresas que solicitavam cada vez mais seus serviços, e ele vivia viajando de um estado para outro, sempre "no ar, com um zilhão de pessoas querendo falar comigo", conta Renato. Porém, tanta dedicação terminou por consolidar seu site como uma central obrigatória para administradores e especialistas em segurança.

Ele não pode, por força de sua especialidade, ter um sistema de sua preferência pois a heterogeneidade de plataformas é uma das características nessa área, mas reconhece que hoje o Linux norteia quase tudo o que está acontecendo nos diversos dialetos do Unix, instituindo o hábito de serem constantemente auditados, e por isso mesmo, obrigados a expor seus códigos. Embora ele não seja um programador, "dou minhas voltinhas", comenta, explicando como faz para manter-se sempre à frente das últimas novidades: "tenho alguns scripts que fazem uso do navegador lynx e da ferramenta diff, constantemente comparando diferenças de todos os principais sites de segurança e que me notificam qualquer alteração".

Rildo Pragana

Destaque: Compilador Tiny Cobol
Categoria: Desenvolvimento/Ferramentas

Rildo Pragana é uma dessas pessoas mais conhecidas fora de seu país do que dentro dele. Vivendo na zona rural, a 25 quilômetros de Recife, Pernambuco, é coordenador de desenvolvimento do compilador Tiny Cobol (tiny-cobol.sourceforge.net), e tem como colaboradores gente de peso como Alan Cox, David Essex e Andrew Cameron. Recentemente, o Tiny Cobol foi portado com sucesso para o FreeBSD. Rildo também escreve sobre informática para jornais e é editor do site português de notícias Gildot (www.gildot.org).

Além do desenvolvimento do Tiny Cobol, Pragana tem colaborado para a criação de drivers para periféricos "win", tendo recentemente aberto uma winprinter Samsung. O tópico é tão importante que diversos artigos técnicos foram escritos por ele sobre o assunto. Fanático pela linguagem Tcl/Tk, desenvolveu alguns aplicativos com ela. Na sua home page (members.nbci.com/rpragana) podemos encontrar diversos artigos, notícias e programas desenvolvidos por ele.

Ultimamente, está desenvolvendo um produto de telefonia (hardware e software) que utiliza um kernel "real-time" do Linux (RT-Linux) em um concentrador com acesso a 160 LPs mais dezesseis troncos, para monitorar estações remotas (microcontroladores) e capturar seus eventos, controlando o acesso à rede telefônica externa. Até o Palácio do Planalto encomendou alguns!

Defensor da visão "universitária" do free software, acredita que ele deve ser aberto e publicado com detalhes. Autodidata, é da opinião de que qualquer um pode aprender e desenvolver qualquer coisa "com um pouco de graxa de cotovelo, como dizem os gringos", brinca.

Marcelo Tosatti

Destaque: Kernel
Categoria: Desenvolvimento/Kernel

Marcelo Tosatti é, aos 17 anos, uma das figuras mais conhecidas no Brasil na área de kernel. Já trabalhou com gerenciamento de memória, userbeans (já para o kernel 2.5), DRBD (dispositivo de bloco virtual para espelhamento via rede, em alta disponibilidade), entre outros módulos.

Trabalhando há dois anos com Linux, disse que começou por curiosidade. "Meu irmão tinha um 386 SX 33 com DOS instalado em casa. Aprendi a mexer no DOS que estava instalado. Um tempo depois um amigo me emprestou um CD do Slackware 3.0. Instalei e aprendi a usar".

Para quem quer colaborar com o kernel, Tosatti já vai avisando que não é um bicho-de-sete-cabeças, mas também não é tão simples assim: "Acho que não existe receita de bolo. Quem quer contribuir precisa achar um problema e resolver...

Problemas não faltam". Segundo ele, não há nada "quente" em se tratando de kernel. Mesmo detalhes aparentemente sem importância são importantes.

Arnaldo Carvalho de Melo

Destaque: Kernel
Categoria: Desenvolvimento/Kernel

Acme é um nome muito conhecido na comunidade de desenvolvedores do kernel. Desde seu primeiro patch aceito, para o wanrouter ("você nunca esquece do primeiro LART, no meu caso foi do Alan Cox"), nunca mais parou de contribuir. Citar as contribuições de Arnaldo para o kernel tomaria todo o espaço desta página! Alguns de seus feitos: patches em drivers, pilhas de rede (IPv6, netrom, ax25, x25, Appletalk, etc.), netfilter, a maioria dos drivers de som OSS, limpeza do kernel com relação a APIs antigas e otimização de tratamento de erros, entre outros. "Agora", conta, "meu projeto de estimação é tornar a pilha IPX escalável, substituindo métodos de locking antigos (cli/sti) por spinlocks, para uma melhor escalabilidade onde ainda é preciso".

Além do kernel, Acme esteve trabalhando no GNU bash. Com base nas conversas com Richard Stallman quando ele veio ao Brasil, está desenvolvendo um patch que completa automaticamente opções longas de programas, interessante para os que gostam de interfaces de linha de comando.

Para o futuro, Arnaldo pretende se envolver no desenvolvimento do Wine. "Acredito ser um projeto muito útil para permitir o uso de grande quantidade de aplicações disponíveis para as plataformas Windows".

Para quem quer começar a mexer no kernel, ele recomenda "ouvir" as listas de discussão e ler textos e diários em sites como o advogato.org. Acessar canais de IRC como o #kernelnewbies na rede openprojects (irc.openprojects.net) também ajuda, bem como ler a lista de tarefas de vários desenvolvedores. Por exemplo, a lista mantida por Ted T’so (linux24.sourceforge.net), é um guia para determinar que patches serão aceitos no kernel 2.4. "Além disso, praticamente todos os pacotes têm um arquivo TODO esperando por voluntários", finaliza.

Jorge Godoy

Destaque: Projetos LDP, LDP-BR e LIE-BR
Categoria: Documentação

Qualquer um que entre na lista Linux-BR verá, mais cedo ou mais tarde, uma mensagem de Jorge Godoy, um de seus moderadores e colaborador ativo. Mas muita gente não imagina que

Godoy tem papel importantíssimo em uma das áreas mais abandonadas pelos desenvolvedores: a documentação. Godoy começou a trabalhar com documentação em 97, quando iniciou o LIE-BR juntamente com Arnaldo Carvalho de Melo.

Godoy está nas equipes de coordenação de três projetos de documentação para Linux: LDP, LDP-BR e LIE-BR. O LDP é o projeto de documentação do Linux, que pode ser encontrado em www.linuxdoc.org. O LDP-BR é o braço brasileiro desse projeto, só que com um pouco mais de funções e com algumas atribuições oriundas do LIE-BR. Este último é um ramo de um projeto internacional maior, chamado LIE, e tem por objetivo adaptar programas para que possam ser traduzidos facilmente sem exigirem novas alterações nos códigos para cada tradução.

No LDP, Godoy coordena a área de SGML e XML, principalmente no que diz respeito ao uso de DocBook. Para os outros dois projetos, preocupa-se principalmente com a infra-estrutura e contatos necessários. "Sou um contato para o pessoal que deseja algum recurso disponível no exterior e também para o pessoal que tem esses recursos no exterior, repassando para os voluntários que estão trabalhando nos projetos", explica.

Para quem está interessado em novas tecnologias, Godoy dá uma dica: "O quente do momento na área de documentação é a linguagem XML e métodos de information retrieval que usem estatística para recuperar as informações".

Augusto Campos

Destaque: Linux in Brazil (www.linux.trix.net)
Categoria: sites/conteúdo

Augusto Campos é o criador e único mantenedor do site Linux in Brazil. Para um site mantido por uma só pessoa, o número de hits cresceu de maneira espantosa. Há um ano atrás o site já registrava aproximadamente 560 mil hits/mês. Este ano, o número de acessos passou de 1 milhão/mês. "Bem no início, eu comemorava quando atingia dez mil hits", conta. Para se ter uma idéia da importância de Augusto Campos no cenário Linux nacional, quase todas as personalidades desta seleção citaram seu site como referência...

A idéia inicial era gerar documentação de qualidade e em português sobre o Linux — na época ainda não havia muitos projetos desse tipo. Com o advento de iniciativas como o LDP-BR, o objetivo do site mudou: passou a ser informar a comunidade Linux local do que acontece no mundo Linux (aqui e lá fora), com um ponto de vista independente do fornecedor, anunciante, etc. — o ponto de vista de alguém que acredita na filosofia do software livre, e que está no mercado, falando, portanto, do que sabe e faz.

Aos aventureiros, Augusto avisa: "Não há receita de bolo pra montar um site desses! Deve haver uma equipe bem estruturada, ou contar bastante consigo mesmo. É preciso gostar de escrever e não perder muito tempo com formatação, o tempo deve ser ocupado com geração de conteúdo, isso é o que faz a diferença".

Sérgio Bruder, André Caldas e Hugo Cisneiros

Destaque: PontoBR (www.pontobr.org)
Categoria: sites/notícias

Imagine um leitor assíduo do Slashdot, numa época em que não existiam sites de notícia voltados à informática, em português. Junte a isso editores ávidos por divulgar notícias fresquinhas, às vezes garimpadas diretamente no "local do crime" e divulgadas antes dos sites internacionais. Coloque em fogo forte, mexa bem, e você terá o PontoBR, um dos primeiros sites de notícias do mundo Linux no Brasil.

Criado em setembro de 1999 e mantido por Sérgio Bruder, André de Castro Caldas e Hugo Cisneiros, é baseado no modelo "participativo" consolidado pelo Slashdot, que depende de notícias postadas pela mesma comunidade que as consome, sendo na verdade um centralizador de informações.

Em vez de utilizar os fontes já disponíveis para tal (inclusive os do próprio Slashdot, em Perl), Bruder resolveu iniciar seu "Slashcode" a partir do zero. Começando com um engine inicial apenas de notícias, o código conta agora até com um frontend WAP, disponível em wap.pontobr.org

Quando começou o PontoBR há um ano atrás, Bruder não imaginava que em tão pouco tempo o site seria referência na comunidade Linux brasileira. Pouquíssima gente que esteja ligada ao mundo da tecnologia da informação no Brasil não o conhece.

Categoria Grupos de Usuários

Não conseguimos encontrar nenhum critério para escolher entre estas três iniciativas de grupos de usuários. Extremamente importantes em suas regiões, elas estendem sua influência para além de suas cidades de origem, sendo importantes organizações dentro de seus Estados e mesmo em Estados vizinhos. Ficamos muito felizes com esse "problema"!

Flávio Villalva Civatti

Destaque: Gulba - Salvador/BA
Categoria: grupo de usuários

Com o nome oficial de Grupo de Usuários Linux da Bahia (gulba.org), mantém de forma bastante regular as reuniões quinzenais em que tratam dos assuntos relacionados a Linux, algumas vezes com acompanhamento de uma cerveja (ninguém é de ferro, ainda mais em Salvador...). Sua lista de discussões já funciona há mais de dois anos e meio e conta atualmente com cerca de 120 assinantes, inclusive alguns de fora do Brasil.

Uma das maiores iniciativas do GulBA é o contato que tem mantido com os políticos locais. O grupo tenta sensibilizá-los para a importância do uso de ferramentas de fonte aberta em órgãos públicos, o que liberaria verbas para usos mais nobres. Conseguiram, inclusive, que fosse apresentado em nível estadual um projeto de lei nos moldes do que foi feito na Câmara Federal pelo deputado Walter Pinheiro (que por sinal é baiano...). Outro destaque é o acordo que o grupo está fazendo com a SuSE, para participação no esforço de tradução de documentos.

Rogério Esteves e Leandro Neves

Destaque: LinuxGO - Goiânia/GO
Categoria: grupo de usuários

Um grupo de usuários de Goiânia acreditou no pingüim, e criou o LinuxGO, oficialmente Grupo de Usuários Linux de Goiás. Atualmente, estão unindo forças com outros dois grupos de usuários de Goiânia para que os esforços se multipliquem e não dividam. "Ainda em Goiânia", faz questão de lembrar Leandro Neves, "existe o grupo de usuários da Universidade Federal de Goiás". Funcionando desde 1998, o LinuxGO pretende ajudar os usuários profissionais de Linux (provedores e afins) que ficam "na mão", normalmente dependendo de pessoas a milhares de quilômetros de distância, como São Paulo ou Porto Alegre, por exemplo.

Ministrando cursos e palestras em outras cidades além de Goiânia, mantém um site (www.linuxgo.com.br) e uma lista de discussão, prestando grande serviço a toda a comunidade linuxer goiana, chegando a divulgar o sistema para grandes organizações, tenham elas fins lucrativos ou não. Quando perguntados sobre as tendências a curto prazo, Leandro e Rogério apostam no e-commerce e na Internet via rádio.

Alessandro Binhara

Destaque: GU OpenSystem - Curitiba/PR
Categoria: grupo de usuários

O Grupo de Usuários OpenSystem, de Curitiba, foi criado em 1999 e tem por objetivo tornar-se um ponto de referência para usuários Linux, sejam eles acadêmicos, corporativos ou domésticos.

Alessandro Binhara, coordenador do grupo, tem papel importante no andamento de todas as atividades e em sua divulgação. Considerado o coração do GU Open System, Binhara comanda-o com competência empresarial, o que explica o sucesso de todos os eventos do grupo, sejam os ciclos de palestras, encontros de usuários ou mesmo a famosa "OpenPizza", reunião informal em que se discute de tudo (inclusive Linux...).

Rubens Queiroz de Almeida

Destaque: Dicas-L (www.Dicas-L.unicamp.br/)
Categoria: fontes de informação/listas e newsgroups

A proposta básica da Dicas-L é ser útil aos administradores de sistemas. Hoje, com mais de mil dicas escritas sobre diversos assuntos, a página da lista já se tornou uma referência, com mais de duzentos mil acessos/mês. Criada em 3 de março de 1997 por Rubens Queiroz de Almeida, quinze dias após sua divulgação já contava com quatrocentos assinantes e tem crescido regularmente desde então. O termo "referência" não está neste parágrafo por acaso: assim como o site Linux in Brazil de Augusto Campos, a Dicas-L foi citada por quase todas as personalidades que figuram nesta edição.

A idéia da lista veio do trabalho de Rubens como administrador de sistemas. "Eu notava que se perdia muito tempo descobrindo soluções para problemas que já havíamos resolvido antes. Também existia a questão de novos funcionários, estagiários, etc, e eu achei que a criação de uma lista para documentar as coisas que vínhamos descobrindo seria bastante útil". A lista também foi criada como uma forma de compromisso público que o obrigasse a escrever para a comunidade todos os dias. Além do Dicas-L, Rubens Queiroz também colabora com uma revista online interna do Centro de Computação da Unicamp, cujo endereço é www.revista.unicamp.br

Marcelo D’Elia Branco

Destaque: Procergs
Categoria: sistemas empresariais

Marcelo D’Elia Branco é Diretor Técnico da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul - Procergs. Técnico em eletrônica, trabalhou com telecomunicações na Embratel e na Procempa até 1998, quando ingressou na Procergs. De iniciativa e espírito inovador, contribuiu sobremaneira com a política do governo estadual para adoção de sistemas livres.

Aí incluem-se os eventos internacionais para divulgação e progresso do software livre no Brasil. Um exemplo é o Primeiro Fórum Internacional de Software Livre, que ocorreu em maio deste ano em Porto Alegre, e um segundo já está sendo organizado para maio de 2001.

O Procergs mereceu esta indicação pelo desenvolvimento do Direto — software de correio eletrônico, agenda e catálogo, rotulado por alguns como "groupware". Criado para suprir as necessidades do Estado do Rio Grande do Sul nessa área, seu código foi entregue à comunidade para análise, contribuições e utilização livre. No momento, está sendo analisado por diversas instituições, entre elas o Exército Brasileiro, que poderá adotá-lo como solução definitiva. O Procergs tem ainda participação ativa no desenvolvimento de iniciativas como o Sagu, da Univates.

Jorge de Lyra

Destaque: mantenedor do LinUSP
Categoria: divulgação GNU/Linux

Um dos principais responsáveis pela disseminação da cultura Linux no Instituto de Física da Universidade de São Paulo, de Lyra ficou conhecido na comunidade Linux como coordenador do projeto LinUSP (www.linusp.usp.br), que foi interrompido na metade do ano. O LinUSP era um dos mais importantes, senão o mais importante, serviço público de divulgação do Linux do país.

César Brod

Destaque: Projeto Sagu - Univates
Categoria: sistemas acadêmicos

Em 25 de setembro último a Univates apresentou o Sagu - Sistema Aberto de Gestão Unificada. Voltado para a administração de instituições de ensino, o Sagu começou como uma ferramenta interna de administração da Univates, centro universitário localizado em Lageado, Rio Grande do Sul.

O sistema já está sendo portado, com a ajuda da comunidade, para atender às necessidades de escolas de ensino médio e fundamental. O Sagu controla todo o relacionamento acadêmico/financeiro dos alunos com a instituição de ensino, incluindo aí seus boletins, históricos, matrículas, ofertas de disciplinas, pagamentos de mensalidades...

César Brod é o responsável pelo pontapé inicial do Sagu dentro da Univates, e principal figura na abertura do sistema para a comunidade em geral.

A primeira versão estável foi entregue em julho, seis meses depois da proposta inicial, provavelmente um recorde no desenvolvimento de aplicações desse porte.

Apesar de ser a principal figura no "nascimento" do Sagu, César Brod não aceita a paternidade sozinho e faz questão de colocar no mesmo patamar Fábio Wiebbelling, Maurício de Castro (seu coordenador de desenvolvimento), o professor Eloni Salvi, pró-reitor administrativo e padrinho do projeto, e o professor Ney Lazzari, reitor da Univates. César prefere ser chamado de "porta-voz do Sagu".

Ausentes notáveis*

Alexandre Oliva

Pensador e desenvolvedor de software livre. Criou uma variante do Java, o Guaraná.

André Fassone Canova e Ricardo Guimarães — Projeto LDP-BR

Empenhados na produção e tradução de documentação de Linux em português.

Cora Ronái — Jornalista e micreira profissional, edita o caderno de informática do jornal O Globo.

Luis Nassif — Referência no jornalismo econômico brasileiro, defende em seus artigos a filosofia do software livre.

Eduardo Marcel Maçan - Um dos pioneiros do Linux no Brasil, onde responde pela divulgação do Debian GNU/Linux.

Rodrigo Bernardo Pimentel — Presidente da Associação de Usuários Linux de São Paulo - LinuxSP - Iniciativa e liderança num dos mais importantes grupos de usuários do país.

Newsgroup Linux do UOL
(uol.mundodigital.software.so.linux)

Um terreno livre e independente para a discussão a respeito do Linux.

Lista Linux-BR
(linux-br.conectiva.com.br)

A exemplo do newsgroup do UOL, a lista Linux-BR é um modelo comunitário.

AS FERAS INDICAM

Perguntamos aos indicados que sites eles recomendariam. Vejam os resultados:

Sites mais lembrados

Linux in Brazil (www.linux.trix.net), Freshmeat (freshmeat.net), Slashdot (slashdot.org) e o saudoso LinUSP (www.linusp.usp.br).

Rildo Pragana
LinuxToday (www.linuxtoday.com), NY Times (www.nytimes.com), BBC News (news.bbc.co.uk) e JB Online (www.jbonline.com.br) .

Arnaldo Carvalho de Melo
Advogato (advogato.org), O diário de Alan Cox (www.linux.org.uk/diary), Linux Weekly News (lwn.net).

Jorge Godoy
Google (www.google.com), Slashdot (slashdot.org) e Folha de São Paulo (www.folha.com.br).

Sérgio Bruder
Linux Daily News (lwn.net/daily), GeekBoys (www.geekboys.org), GilDot (gildot.org), CIPSGA (www.cipsga.org.br) e LinuxStart (br.linuxstart.com).

Flávio Villalva Civatti
Página de links do projeto GulBA (www.gulba.org/links.html).

Leandro Neves de Oliveira
PontoBR (www.pontobr.org).

Rubens Queiroz de Almeida
Profusion Metabuscas (www.profusion.com) e a página de bookmarks da lista Dicas-L (www.Dicas-L.unicamp.br/hotlinks).

César Brod
TchêLinux (www.tchelinux.com.br), Debian (www.debian.org), Free Software Foundation (www.fsf.org) e GreenPeace (www.greenpeace.org).

*Fazer uma seleção como esta sempre exclui presenças obrigatórias, como as feras da lista "ausentes notáveis" e outros que nem foram citados. Certamente não faltarão oportunidades nas futuras escalações para completar esta lista.

 

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