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[gimp]
Um tutorial

Graças ao Gimp, poderosa ferramenta desenvolvida sob o conceito do software livre, é possível substituir produtos consagrados como o PhotoShop e Photopaint, sem perda de qualidade e de aplicações

Praticamente todas as distribuições Linux trazem o Gimp. Este programa é desenvolvido por programadores de todo o mundo, que se comunicam e trocam códigos através da Internet.

Se você está lendo esta revista, deve ter algum interesse em Linux, e se o seu interesse for verdadeiro, já deve conhecer o Gimp. O Gimp é o programa favorito dos linuxers para editar, criar e compor imagens. Gimp é uma sigla que significa Gnu Image Manipulation Program (programa GNU para manipulação de imagem). Os "autores" do Gimp são Spencer Kimball e Peter Mattis, e, é claro, mais centenas de colaboradores ao redor do mundo (uma lista com nomes de alguns desenvolvedores do Gimp está no arquivo Maintainers que acompanha a documentação do programa).

O Gimp é um software específico para a manipulação de arquivos gráficos (retoque de fotos, composição e criação de imagens), equivalente ao Corel Photopaint ou Adobe Photoshop, e pode ser usado para pintar imagens, para produção em série de imagens renderizadas, para converter arquivos em diversos formatos gráficos e até mesmo para o processamento de scripts (o que possibilita a automatização de tarefas).

A convenção de nomes de versão para o Gimp é a mesma que para o Linux, ou seja, a versão estável é chamada de 1.0.X e a versão de desenvolvimento de 1.1.X. Dessa maneira, usuários normais podem utilizar a versão estável, enquanto os desenvolvedores trabalham na nova versão, sem introduzir novos bugs na versão estável. A versão estável mais recente é a 1.0.4, e a versão em desenvolvimento é a 1.1.28.

Recursos do Gimp

  • Um conjunto completo de ferramentas de pintura, incluindo Brush, Pencil, Airbrush, Clone, entre outros;
  • Gerenciamento de memória - o tamanho da imagem é limitado somente pelo espaço disponível em disco;
  • Sub-pixel Sampling para todas as ferramentas de pintura para anti-aliasing de alta qualidade;
  • Canais e camadas (channels/layers);
  • Um banco de dados de procedimentos para chamar as funções internas do Gimp a partir de programas externos como os script-fu;
  • Capacidades avançadas de script;
  • Múltiplos níveis de Undo/Redo (limitados pela capacidade em disco);
  • Ferramentas de transformação que incluem rotate, scale, shear e flip;
  • Formatos de arquivo aceitos incluem gif, jpg, png, xpm, tiff, tga, mpeg, ps, pdf, pcx, bmp, entre outros;
  • Carrega, exibe, converte e guarda em vários formatos de arquivos;
  • Ferramentas de seleção incluem retângulo, elipse, free, fuzzy e bezier;
  • Plug-ins que permitem adicionar facilmente novos formatos de arquivos e novos formatos de filtro.

Novos recursos da versão 1.1.X

  • Hardware - agora o Gimp possui suporte para dispositivos especiais, como drawing tablets por padrão. Isso depende se o dispositivo é reconhecido pelo servidor X. Suporte para múltiplos dispositivos, sensibilidade a pressão e inclinação estão sendo adicionados a todas as ferramentas de pintura.

Novas ferramentas:

  • Ink tool - se você tiver um dispositivo especial como o descrito acima, esta ferramenta ganha vida, pois produz resultados bastante próximos de uma caneta real.
  • Smudge tool - permite empurrar pixels em torno da imagem, como se estivesse usando o dedo em uma pintura úmida.
  • Dodge e Burn tool - permite escurecer ou clarear a imagem seletivamente.
  • Quick Mask - para converter uma seleção em máscara rapidamente, para editar rapidamente com ferramentas de pintura ou plug-ins.
  • Novo diálogo para New File - agora pode-se usar unidades de medida da vida real, como polegadas e centímetros, junto com a resolução.
  • Hex display - adicionado ao color picker, exibe o código HEX correspondente à cor selecionada; útil para artistas Web.
  • Botão Pop-up - o retângulo do canto superior esquerdo agora permite acesso ao menu; útil para usar com o tablet ou mouse de dois botões.
  • Status bar - nova barra de estado.
  • Melhorias na interface com o usuário.
  • Gerenciamento de sessões - lembra da posição e tamanho das janelas.
  • Seleção - melhorias nas ferramentas de seleção.
  • Pincéis editáveis.
  • Melhorias na interface do script-fu.
  • GdkRGB para melhor apresentação das cores em monitores não truecolor.
  • Melhoria na conversão de imagens com cores indexadas para cores RGB.
  • Melhorias e correções de bugs em vários plug-ins e scripts.

Peculiaridades do Gimp

O funcionamento das janelas é diferente de outras aplicações, e cada diálogo apresenta sua própria janela. O menu principal só aparece ao se clicar com o botão direito do mouse sobre a imagem. Esse comportamento da interface pode confundir um pouco o usuário que utilizar o Gimp pela primeira vez, mas com um pouco de prática todos conseguem superar essas dificuldades.

Uma característica inovadora do Gimp é a facilidade em atribuir atalhos de teclado para comandos e diálogos: basta abrir o menu de comandos, mover o mouse até o comando desejado (deixe o comando selecionado, mas não clique no botão do mouse) e digite o atalho - o Gimp vai automaticamente atribuir a combinação digitada ao comando, sem a necessidade de reinicializar a aplicação.

A caixa de texto dos diálogos para abrir e salvar arquivos também apresenta um recurso conhecido e bastante utilizado: a tecla Tab funciona como no Bash, completando os nomes de diretórios e arquivos (cuidado para não sobrescrever algum arquivo importante!).

Não podemos deixar de citar que os desenvolvedores do Gimp também foram os autores da biblioteca GTK (que por acaso chama-se Gimp Tool Kit) . Essa biblioteca é responsável por elementos da interface com o usuário, como botões, caixas de diálogo, menus, barras de menus, indicadores de progresso, entre outros. O surgimento do GTK permitiu aos programadores criarem centenas de aplicações, pois não era mais necessário adquirir uma licença proprietária como a do Motif. O código do GTK está presente no Gnome e em diversas aplicações; o StarOffice está sendo portado para o GTK e a Sun vai adotar o Gnome como desktop padrão de seu sistema operacional. Isso tudo desmente os boatos que se propagam sobre a qualidade e confiabilidade do software livre e de código aberto.

O ponto negativo do Gimp é a ausência de separação de cores CMYK, o que restringe a sua utilização para trabalhos que precisam ser impressos em gráficas profissionais. O mesmo não ocorre para a mídia digital, sendo o Gimp a escolha de webmasters que administram sites movidos a Linux.

Tutorial

Este passo a passo foi preparado pelo designer Artur T. Hara especialmente para os leitores da Revista do Linux. Lembra-se dos livros com desenhos para colorir? Vamos fazer o mesmo, utilizando as ferramentas do Gimp para imitar efeitos de perspectiva, luz e sombra. A figura 1 mostra a caixa de ferramentas do Gimp, e a figura 2 o diálogo (janela) de camadas.

Importando a imagem

Neste tutorial, utilizaremos a figura de uma espaçonave (nave-galeria2b.ps - este e outros arquivos estão armazenados no diretório galeria do CD) desenhada com o sketch. Se preferir, pode utilizar outra figura em .ps, .tiff, .jpg ou qualquer outro formato gráfico que o Gimp reconheça. Se importar o arquivo nave-galeria2b.ps , não utilize anti-aliasing, selecione entre 70-100 dpi de resolução e colorido. É preferível trabalhar com baixa resolução para que os contornos fiquem com apenas uma cor, sem meios-tons que atrapalham durante a seleção de algumas áreas do desenho. Veja a figura 3.

Não se esqueça de salvar a sua imagem! Utilize o formato nativo do Gimp (.xcf.gz) que mantém as camadas e economiza espaço em disco pois utiliza o método de compressão gzip.

Criando camadas

Inicialmente, crie uma nova camada: clique sobre a janela da imagem com o botão direito, escolha a opção layers e depois layers, channels and paths - dentro da janela de camadas, clique no ícone de nova camada, veja a figura 4. Para renomear a camada, mantenha pressionada a tecla Ctrl e dê duplo clique sobre a camada.

Nesta camada vamos desenhar a textura da espaçonave. Utilize a sua imaginação para criar a textura de sua preferência. Se preferir pode usar algum arquivo de texturas pronto, como o camuflagem.jpg. Abra o arquivo de textura, copie (Crtl+C) e cole (Crtl+V) sobre a camada textura. A camada textura pode ficar meio transparente para que se possa ter a imagem como referência.

Simulação de profundidade

Para dar ilusão de profundidade, vamos utilizar a ferramenta perspectiva para distorcer parte da textura, de modo a acompanhar os contornos da espaçonave, veja a figura 5.

Selecione áreas quadradas (ícone com um quadrado pontilhado) para cada parte da espaçonave e distorça com a ferramenta de transformação (ícone de quadrinhos sobrepostos e uma flechinha, ao lado do bisturi) de modo a acompanhar o formato da espaçonave. Veja a figura 6.

Colorindo o desenho

Podemos recortar cada parte da textura e aplicar no desenho (o que seria bastante trabalhoso), ou simplificar a tarefa com o uso de máscaras. Para criar uma máscara sobre a imagem, clique com o botão direito do mouse na janela de camadas sobre a camada que estamos trabalhando, para acessar o menu e escolha add layer mask. Veja a figura 7. Deixe na primeira opção, branco para opacidade - veja a figura 8, assim o que for branco na máscara será opaco e o que for preto será transparente. Na janela de camadas você vai notar uma camada com dois ícones, o segundo ícone representa a máscara; clique nele se quiser acessar a máscara.

As ações de um filtro ou ferramenta são aplicadas apenas na área selecionada pela máscara. Este é o truque de nosso tutorial.

Use branco para cor de frente e preto para cor de fundo.

Vamos usar a camada background para fazer as seleções do corpo e asa da espaçonave, para isso, utilize a ferramenta varinha mágica (fuzzy select). Inverta a seleção (Ctrl+I), clique na camada textura e no ícone da camada máscara. Acesse o submenu e escolha editar ‘ preencher com cor de fundo (cor preta). O corpo da espaçonave será a parte que ficará visível nesta camada, o restante da imagem ficará invisível. A textura vai preencher a espaçonave de modo correto. Desative a seleção (Ctrl+Shift+A). Volte o foco para a imagem da camada, o primeiro ícone fica com borda branca. Com a máscara, pode-se alterar detalhes da textura sem a necessidade de retocar contornos, veja a figura 9.

Retoque as asas da espaçonave selecionando-as na camada background e depois mudando para a camada textura. Não se esqueça de colocar opacidade na asa, pintando a região da asa na máscara com a cor branca. Continue a preencher as partes que ficaram brancas. Crie uma camada e chame-a de metálico. Deixe-a meio transparente, para poder se referenciar com a imagem no fundo. Selecione áreas quadradas e aplique um gradiente personalizado (dê dois cliques no ícone de gradiente e escolha gradiente personalizado). Clique duas vezes no gradiente ativo (abaixo do indicador de pincel e textura atuais) e escolha um que tenha aspecto metalizado. Onde for necessário, use a ferramenta de transformação e ajuste a perspectiva.

Selecione a área circular em volta do domo na parte traseira da espaçonave, mude o gradiente para que fique de forma esférica. Selecione o domo, clique na máscara para ativar esta área. Clique na imagem, selecione o domo e aplique um gradiente comum, de azul para branco. Selecione as asas e complementos pela camada background, volte para a camada metálico, clique na máscara e preencha com branco para ativar essas áreas. Volte ao ícone da imagem e aplique um gradiente personalizado nessa área (figuras 10 e 11).

Até este ponto, a imagem está neutra. Para melhorar o efeito de profundidade, precisamos aplicar efeitos de luz e sombra. Novamente vamos utilizar máscaras para restringir onde os efeitos vão atuar.

Crie uma camada e chame-a de sombra. Com um pouco de intuição/imaginação vamos definir onde vai ficar sombreado. Selecione as áreas de atuação das sombras, veja a figura 12.

Pinte na camada sombra de modo grosseiro. Use a ferramenta de seleção irregular para melhorar os traços. Use Ctrl+K para apagar a área selecionada. Na janela de camadas existe um seletor de efeitos, escolha Overlay para que a sombra atue sobre o camada de baixo.

Crie uma camada e chame-a de luzes. Como você notou, conservar a imagem original na camada background como referência é uma grande ajuda. Utilize a ferramenta varinha mágica (fuzzy select) novamente para selecionar as áreas onde a luz vai atuar. Construa as máscaras conforme a figura 13.

Desenhe grosseiramente com o lápis sobre a camada luzes, e aprimore com o selecionador de formato irregular. Novamente escolha o efeito Overlay para esta camada. Proceda como descrito anteriormente para que o efeito de luz atue sobre a camada de baixo. Confira o resultado na figura 14.

Inserindo um fundo

  • verifique o tamanho em pixels da imagem atual;
  • abra uma imagem de fundo (pode ser qualquer uma que você desejar), verifique o tamanho, reescalone se necessário para um tamanho pouco maior que a imagem da espaçonave;
  • reescalone a área de tela da espaçonave para que fique com o mesmo tamanho do fundo;
  • clique na imagem do fundo, selecione a janela de camadas, clique na imagem do ícone e arraste para cima da espaçonave e pronto! O fundo se torna uma nova camada.

Empilhe a camada corretamente. Crie uma máscara para mostrar o fundo onde for necessário. Se tudo correr bem, vamos obter o belo resultado da figura 15.

A

ntes de exportar a imagem para outros formatos, não se esqueça de unificar as camadas, senão apenas a camada selecionada será exportada. Veja a figura 16.

Na próxima edição falaremos sobre o Blender, poderoso renderizador de imagens. Aguarde!

Para saber mais

$ man gimp
$ man gimprc
$ man gimptool

www.gimp.org/links.html - vários links interessantes sobre o Gimp
registry.gimp.org - plug-ins para Gimp

ficha técnica

Nome: Gimp
Versão analisada: 1.0.4
Última versão: 1.1.28
Requisitos: GTK ( Gimp toolkit), GNU Ghostscript (para edição e visualização de imagens no formato PS), Alladin Ghostscript (para habilitar edição e visualização do formato PDF), GNU Wget (para baixar arquivos diretamente no Gimp), Gzip (habilita compressão extra em qualquer formato de arquivo), Bzip (idem ao gzip), SANE (para capturar imagem diretamente com o Gimp), libtiff (para editar e visualizar imagens no formato tiff), libz (para habilitar a compressão no formato PNG), libpng (para editar e visualizar imagens no formato PNG), libjpeg (para editar e visualizar imagens no formato JPEG), libmpeg (para ler imagens de filmes MPEG).
Página: www.gimp.org
Distribuição: GPL

 

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