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Kylix para sempre
O desenvolvimento de aplicações para Linux nunca mais será o mesmo depois de 31 de janeiro último. Com o lançamento do Kylix, a Borland completa sua estratégia de ataque ao segmento de bancos de dados e proporciona ao Linux o passaporte para o mercado corporativo

O primeiro lance dessa estratégia, na verdade, começou a se delinear no ano passado, com a liberação do código do Interbase e a alteração de sua licença. Naquele momento, a estratégia da Borland começou a provocar fissuras na sólida base instalada dos servidores de bancos de dados mais tradicionais do mercado, trazendo o apelo de um servidor robusto, leve e royalty free, arregimentando muitos desenvolvedores. Como diz o jargão popular, a "pá de cal" foi o lançamento do Kylix com o Interbase como seu banco de dados padrão.

E para que não pairassem dúvidas sobre o poderio de sua artilharia, a Borland ainda preparou inúmeras novidades. A principal delas, a total compatibilidade do Kylix com os códigos gerados pelo Delphi, a partir da versão 6. Ou seja, uma aplicação escrita para Windows precisará apenas ser recompilada — sem nenhuma alteração nos fontes — para rodar na plataforma Linux, isso é uma revolução para os que entendem o alcance dessa mudança.

Outro ponto a destacar: o Delphi, por diversas vezes chamado de "Visual Basic com esteróides", apesar de sua performance superior, não conseguia se desvencilhar do incômodo das bibliotecas proprietárias. Um problema eliminado no Kylix, que já traz um módulo de conversão de códigos Visual Basic, a maior base de programação do mundo. Em outras palavras, esse recurso libertará diversas aplicações do jugo das bibliotecas proprietárias e irá levá-las para uma nova plataforma, bem mais robusta, estável e sem a limitação das licenças.

Além disso, as tradicionais abas de componentes desenvolvidas por inúmeras empresas para o Delphi certamente serão portadas para o Kylix. Simplesmente pelo fato de existir agora um ambiente de programação RAD (Rapid Application Development) ao alcance dos linuxers haverá um boom de programas oferecendo soluções novas ao mercado empresarial. Daqui para frente serão muito comuns publicidades de softwares para ambas as plataformas: Windows e Linux.

Como seu irmão gêmeo Delphi, o Kylix é um ambiente de desenvolvimento visual tipo RAD baseado em componentes. É voltado para aplicativos de Internet e servidores Web, de banco de dados e aplicações desktop.

A Borland espera impulsionar o Linux para o grande mercado com o novo produto. Afinal, o Delphi é um produto aclamado, que trouxe o poder de criação de aplicativos para um número bem maior de pessoas. De fato, um número significativo de usuários, com uma noção bem clara do problema que querem resolver, consegue tranqüilamente utilizar o Delphi para desenvolver seus aplicativos. Basta pesquisar um pouco na Internet para verificar que existem milhares de aplicativos para Windows feitos em Delphi, desde freewares a complexos e caríssimos sistemas especializados.

Segundo Bill Claybrook, diretor de pesquisa do Aberdeen Group, "os desenvolvedores de Linux necessitam de um ambiente simplificado e padronizado para criar suas aplicações de maneira rápida. O Kylix atende a essas necessidades como nenhum outro ambiente de desenvolvimento. Ele aproveita a experiência dos desenvolvedores Linux e mantém o mesmo paradigma com que os desenvolvedores Windows já estão acostumados. Com isso, o time-to-market dos produtos criados é extremamente abreviado".

A Borland afirma em seu press release que "o Kylix causará um impacto dramático no mercado Linux. Milhões de usuários que hoje desenvolvem com o Delphi e com o Visual Basic da Microsoft facilmente migrarão seu conhecimento, habilidades e aplicações para a plataforma Linux e, como resultado, catapultarão o Linux no mainstream corporativo". Dale Fuller, CEO da Borland, vai mais longe: "nosso objetivo é tornar o Kylix um padrão para o desenvolvimento em Linux".

O Kylix estará disponível em três versões: Server Developer, para desenvolvimento de aplicações corporativas, que terá um preço sugerido de US$ 1.999,00; Desktop Developer, para desenvolvimento de aplicações comerciais para o computador cliente (desktop), custando US$ 999,00, e a Open Edition, para desenvolvedores de software livre (GPL), que será gratuito para download e estará disponível em CD com documentação por US$ 99,00. As duas versões pagas foram prometidas para o primeiro trimestre de 2001, e provavelmente quando a RdL estiver nas bancas o Kylix estará nas prateleiras, também.

A versão Open Edition estará disponível, segundo a Borland, em julho.

A Borland anunciou que já certificou três das maiores distribuidoras de Linux do planeta. SuSE, RedHat e Mandrake já são, desde o lançamento, distribuições certificadas. No Brasil, a Conectiva está em processo de homologação com a Borland. Drew Spencer, CTO da Caldera Systems, garante: "os próximos lançamentos da nossa distribuição, seja servidor ou desktop, serão Kylix-ready e os estaremos certificando para Kylix assim que possível".

Primeiras impressões

Trouxemos da Linux World um exemplar do pre release 4 do Kylix. Testamos em nosso laboratório num AMD K6-II 450 MHz, com 64 Mbytes de RAM, e num Intel Pentium III 500 com 128 Mbytes. Em ambos os testes, o Kylix comportou-se bem. Pareceu-nos bem estável, não travando nenhuma vez, apesar de consumir muitos recursos da máquina. Antes de instalar, demos uma olhada na licença e constatamos coisas interessantes.

O item 9, por exemplo, proíbe a exportação do software ou mesmo de qualquer informação sobre ele para Cuba, Haiti, Iraque, Líbia, Iugoslávia, Coréia do Norte, Irã e Síria. Entendemos que essa é uma exigência do Governo dos Estados Unidos, mas é um problema que a Borland terá de resolver caso pretenda lançar uma versão GPL do Kylix. De qualquer forma, há notícias de que pessoas nesses países já usam ilegalmente o Delphi.

Depois de instalado, o Kylix comportou-se como esperado. Ele tinha um comportamento meio "Wine" (um "emulador" de Windows), mas alguns detalhes não se encaixavam. Chegamos à conclusão (confirmada pela entrevista com Simon Thornhill — vide box) de que o RAD do Kylix usava a Winelib. Observamos também que tanto o ambiente de desenvolvimento como os aplicativos gerados pelo Kylix dependem da biblioteca Qt 1, mesmo estando a Qt 2 instalada, informação confirmada pela Borland.

A versão do Kylix testada, uma Server Developer Edition, possui drivers para conexão com os bancos de dados Interbase, MySQL, Oracle e IBM DB2. Outros bancos devem ser suportados futuramente, e acreditamos que qualquer servidor de banco de dados compatível com o padrão ODBC deva trabalhar com o Kylix.

A biblioteca de componentes primária chama-se CLX. É um porte para Linux da biblioteca original do Delphi, a VCL. A Borland garantiu que as duas bibliotecas se aproximarão de tal forma que será possível escrever código com quase nenhuma alteração para ambas as plataformas. Nos testes que fizemos, aplicações de versões mais antigas do Delphi não rodaram no Kylix. Segundo a própria Borland, a biblioteca CLX não será compatível com a VCL do Delphi 5. Já que tanto o Kylix como o Delphi 6 usarão a biblioteca CLX, podemos esperar uma quebra de compatibilidade dentro da própria linha do Delphi.

Componentes são objetos gráficos, como botões, formulários e listas.

Esses objetos gráficos são compostos pela "casca" gráfica, que aparecerá para o usuário, e um código já pronto que o faz funcionar. Isso significa que não é preciso escrever nenhum código, basta selecionar o componente desejado com o mouse e arrastá-lo até a aplicação em desenvolvimento. É uma operação "drag and drop" parecida com a de um programa de desenho comum.

Se os componentes-padrão não forem suficientes, é possível conseguir milhares de outros na Internet (gratuitos ou não), e usuários avançados podem criar seus próprios componentes.

Falando em compatibilidade, nessa primeira versão do Kylix a Borland tem ainda alguns pontos a desenvolver. O dbExpress, por exemplo, substitui o BDE como interface com os bancos de dados. Se, por um lado, ganhamos conexões simplificadas e mais rápidas com os bancos de dados ODBC, por outro, não há suporte para o veterano banco de dados Paradox. Só isso já impossibilita o porte direto de aplicações Delphi mais antigas, pois seria necessário substituir as referências ao Paradox por referências a outros bancos de dados, que possivelmente terão sintaxe diferente.

A Borland promete compatibilidade com o Paradox em versões posteriores do Kylix, e é claro que o feedback necessário para isso virá dos desenvolvedores que estarão migrando para a plataforma Linux.

Dentre os componentes de programação do Kylix disponíveis, há inúmeros componentes Delphi portados para o Kylix, muitos de terceiros (não desenvolvidos pela Borland). Há ainda duas bibliotecas de componentes interessantes: a Internet Components, que fornece diversos componentes para integração com estruturas Internet/Intranet; e a Indy (Internet Direct), que disponibiliza componentes para acesso direto a protocolos específicos de Internet como HTTP, FTP, SMTP e POP3, entre outros. A biblioteca Internet Components inclui a NetCLX, biblioteca de integração entre o Kylix e o Apache. Podem-se criar com elas aplicações Web completas usando bancos de dados e não depender mais de linguagens de scripting como o PHP, que não possuem ambientes visuais de desenvolvimento.

Pré-instalação

Antes de proceder à instalação, alguns testes devem ser feitos para determinar se todas as bibliotecas necessárias estão instaladas e se há um bug de vazamento de memória no loader. Para tal, um programa verificador foi incluído no CD. Caso algum dos problemas seja encontrado, o próprio CD do Kylix disponibiliza patches e bibliotecas para substituir as originais do sistema. Os pacotes estão otimizados apenas para as distribuições certificadas.

No CD do Kylix, o diretório /borpretest contém os aplicativos de teste e suas bibliotecas. Os programas de teste verificam, basicamente: • As versões corretas do kernel (2.2 ou maior) e das bibliotecas glibc (2.1.2 ou maior) e libjpeg (6.2 ou maior). • Um bug presente em algumas versões do program loader, que retém as bibliotecas dinâmicas na memória mesmo que não estejam mais em uso.

No diretório encontramos o programa de testes borpretest, o script testsystem e as bibliotecas de teste lib-a.o, lib-b.o e lib-c.o. Essas bibliotecas são carregadas e depois descarregadas da memória pelo programa borpretest. Se elas deixarem algum rastro na memória ou se as bibliotecas e o kernel não estiverem com as versões corretas, o programa de teste indica quais atualizações devem ser feitas em seu sistema.

Para testar seu sistema, monte o CD no driver e copie os arquivos do diretório /borpretest em um diretório temporário e rode o script testsystem. Não esqueça de fazê-lo como root. Para o CD é montado em /mnt/cdrom:


# mount /mnt/cdrom 
# cd /
# cp -Rf /mnt/cdrom/borpretest .
# cd borpretest
# ./testsystem

Caso você esteja usando Debian ou Slackware, o ponto de montagem deve ser /cdrom. Lembre-se de que essas distribuições ainda não são oficialmente suportadas pelo Kylix.

O script testsystem produz um breve sumário dos testes, indicando se o sistema está apto para rodar o Kylix. Caso algo dê errado, o script indica qual biblioteca deve ser atualizada. O próprio CD do Kylix possui as versões atualizadas das bibliotecas em formato RPM e otimizadas para as distribuições RedHat 6.2 e 7.0, Mandrake 7.2 e SuSE 7.2. No Conectiva Linux 6.0 testado, precisamos atualizar a glibc. Usamos o pacote para o RedHat 6.2. Para a Tech Linux, optamos pelos pacotes da Mandrake. Após as devidas atualizações, ambos os sistemas passaram no teste.

Para testes mais elaborados, é possível utilizar o programa borpretest diretamente. Leia a documentação (em inglês) disponível no CD para saber como.

Instalação

Para instalar o Kylix, basta rodar o script de instalação setup.sh. O script deve ser rodado como root, embora, depois de instalado, o Kylix rode apenas como usuário comum. As versões da biblioteca Qt utilizadas pelo Kylix ficam instaladas no diretório-padrão do programa. Essas bibliotecas não afetam as já instaladas no sistema, portanto você pode rodar o Kylix em seu KDE2 sem problemas. A versão que avaliamos está em inglês, e o pessoal da Borland informou que não haverá uma versão em português do produto.

Logue-se como root, entre em seu ambiente gráfico favorito e abra um terminal. Digite os seguintes comandos:


# cd /mnt/cdrom
# sh setup.sh

O programa pode ser instalado em modo texto sem problemas, mas recomendamos que seja feito em modo gráfico. Será mostrada a licença Borland para o Kylix.

Após ler a licença, clique no botão I Agree. Será mostrada a primeira tela de instalação. Nela, é possível escolher quais componentes e drivers serão instalados. Especificamos um diretório para a instalação do produto (/usr/local/kylix) e indicamos em qual diretório os links simbólicos para execução dele serão criados (/usr /bin). Podem ser especificados quaisquer diretórios, mas é interessante colocar os links simbólicos em algum lugar dentro do path. Em caso de dúvida, use os diretórios sugeridos.

Clique no botão Begin Install. A próxima tela mostrará o progresso da instalação.

Depois de terminada a instalação, basta rodar o programa startkylix como usuário comum. O programa de instalação cria automaticamente ícones e opções de menu para o Kylix nos ambientes Gnome e KDE.

Usando o Kylix

Na primeira vez que rodamos o Kylix, temos a impressão de que estamos no Delphi. Além de tudo estar nos mesmos lugares, a biblioteca Winelib deixa tudo com cara de Windows 98. Bom para quem migra do Windows, preocupante para quem vem do gcc e é amante do Gtk... Mas acalme-se: os programas gerados com o Delphi não dependem da Winelib.

Na abertura, o Kylix abre um projeto default contendo uma unit e um form. Para os que não estão familiarizados com essa nomenclatura: um projeto é o conjunto de todas as partes que vão compor o sistema em desenvolvimento; uma unit é uma parte do código do projeto; um form é a parte visual de uma unit em especial, é a "tela" que aparece para o usuário quando ele rodar o sistema depois de pronto. Um projeto pode ter uma ou mais units e seus respectivos forms. Além desses elementos, o Kylix abre automaticamente o Object Inspector, um gerenciador das propriedades e eventos de cada um dos objetos do projeto.

Uma característica importante dos ambientes de desenvolvimento da Borland são as excelentes ferramentas de detecção de erros. Os debuggers já estavam presentes nas primeiras versões do Turbo Pascal para DOS, e até hoje mantêm as mesmas facilidades de breakpoints e watchlists.

A Borland tomou um cuidado especial em unificar os paradigmas dos ambientes Delphi e Kylix. Por exemplo, a palavra-chave library gera uma DLL no Delphi. Já no Kylix, a mesma palavra gera uma biblioteca compartilhada .so (shared object).

Uma possível reclamação dos futuros usuários do Kylix é a versão da biblioteca Qt. A Borland preferiu manter a Qt 1 nesta versão do produto, embora prometa a utilização da Qt 2 em versões futuras.

Pedra, flor e espinho

Agora, a pergunta crucial: e meus aplicativos do Delphi? Bem, a migração é possível, mas nem tudo são rosas. Como vimos, a própria Borland anunciou que os aplicativos Delphi 6 e Kylix serão compatíveis entre si.

Durante a conferência mundial da Borland que ocorreu em julho de 2000 nos Estados Unidos, entretanto, a equipe de desenvolvimento do Kylix deixou escapar em um chat que ele não será compatível com o Delphi 5 e versões anteriores.

Diante desse quadro, vemos que será complicado portar aplicativos Delphi existentes para o Kylix. Para comprovar esse cenário, baixamos da Internet alguns projetinhos freeware desenvolvidos em Delphi e tentamos rodá-los no Kylix.

A partir da "Meca" polonesa dos delpheiros (delphi.icm.edu.pl) baixamos ao acaso cinco bibliotecas de componentes com funções diversas e três aplicativos simples, um programa de busca de arquivos, um bloco de notas e uma calculadora financeira. Todos eles desenvolvidos para o Delphi 5.

Começando pelos programas, algumas funções e objetos do Delphi 5 provocaram mensagens de erro logo na abertura dos arquivos. O verificador de sintaxe do Kylix constatou que existiam funções e objetos não suportados e sugeriu substitutos, quando aplicável. Entretanto, todos os três dependiam de componentes específicos do Delphi 5 e do Windows, não sendo possível compilá-los.

Quanto aos componentes, eles nem sequer foram aceitos pelo Kylix. Uma mensagem de "formato de pacote inválido" pipoca na tela sempre que se tenta instalar um pacote do Delphi. Não conseguimos instalar nenhum dos componentes obtidos.

Conclusão: devemos pôr a mão na massa e começar a escrever nossos próprios componentes. Ou esperar que alguém o faça...

Aguarde para breve um cursinho de Kylix nas páginas da nossa Revista do Linux. Até lá!

Sem competidores para o Kylix
Trecho da entrevista cedida por Simon Thornhill, um dos diretores da Borland, na Linux World Expo

Revista do Linux — No ambiente Windows o Delphi tem competidores diretos como o Visual Basic, por exemplo. O Kylix parece não ter um competidor direto ou mesmo distante. Quem são seus competidores nesse mercado?

Simon Thornhill — Não gosto de dizer que não temos competidores, mas na realidade nós não os temos mesmo! Nosso mercado e nosso público-alvo são extremamente específicos, e não há ninguém além de nós nesse nicho. Veja, não estamos oferecendo uma ferramenta para criar device drivers ou para mexer no kernel. Mas se você quer desenvolver uma aplicação para desktop, para banco de dados ou para a Web, não há competidores para o Kylix. E conseguimos isso sem que houvesse uma queda acentuada no desempenho das aplicações em relação às desenvolvidas pelos meios tradicionais.

RdL — E a compatibilidade de código? Posso simplesmente copiar o código de um programa Delphi e compilá-lo no Kylix?

ST — O que nós estamos dizendo é que será muito muito fácil portar aplicações do Delphi 5 para o Kylix. Ou seja, tudo o que não contiver chamadas específicas do Windows ou funcionalidades específicas deve poder ser portado cem por cento. Claro, as chamadas específicas do Windows terão de ser adaptadas às chamadas da biblioteca CLX. Já no caso do Delphi 6, não há o que portar: o código é rigorosamente o mesmo! O mesmo projeto que é aberto e compilado no Delphi 6 será aberto e compilado no Kylix.

RdL — Mais uma pergunta meio "hacker", agora...

ST — (interrompendo): Argh, você gosta de perguntas "hacker", não?

RdL — Sobre a GUI. O Kylix usa a Winelib para apresentar o RAD na tela? Não estou falando dos aplicativos gerados no Kylix, mas dele próprio.

ST — Sim. Gostaria de frisar que os aplicativos gerados NÃO USAM a Winelib. Mas para o desenvolvedor, não interessa muito quais bibliotecas o RAD está usando, então decidimos usar a Winelib. Note que usamos a Winelib e não o Wine. Há uma diferença enorme aí — o Wine é um emulador, e a Winelib é uma biblioteca de widgets usada pelo Wine.

Leia a íntegra da entrevista em www.RevistaDoLinux.com.br



Principais características do Kylix

  • Compilador nativo, com otimização de código e alta performance (DD, SD)
  • Fácil criação de bibliotecas compartilhadas reutilizáveis (.so) e executáveis stand-alone (DD, SD)
  • Suporte a assembler inline com total suporte à arquitetura Intel x86, incluindo otimizações para MMX, SIMD e AMD 3DNow! (DD, SD)
  • IDE completa, com editor de código integrado, debugger, tracing, mensagens de erro de fácil compreensão e syntax highlighting (DD, SD)
  • Múltiplos profiles de configuração da IDE, para controle total do ambiente de desenvolvimento (DD, SD)
  • Code Explorer, com um mapa de todo seu código fonte, englobando todo o projeto (DD, SD)
  • Lista de afazeres, para ajudar a manter o desenvolvimento em dia (DD, SD)
  • Debugger completo, com syntax highlighting (DD, SD)
  • Depuração de bibliotecas dinâmicas (.so) para controle completo de seu processo de desenvolvimento (DD, SD)
  • Vários processos de depuração rodando simultaneamente (DD, SD)
  • Visualização de módulos e variáveis locais (DD, SD)
  • Visualização da CPU para depuração em baixo nível (DD, SD)
  • Breakpoints, para controle aperfeiçoado sobre o processo de depuração (DD, SD)
  • Breakpoints podem ser agrupados para melhor controle (DD, SD)
  • Conjunto de componentes Nevrona’s Indy para protocolos da Internet, incluindo HTTP, FTP, SMTP, POP3, ICMP, UDP, MIME, Telnet, NNTP e mais (DD, SD)
  • Componentes-padrão para desenvolvimento rápido de aplicativos (130+ DD, 165+ SD)
  • Componentes para GUI VisualCLX — Form, label, grid, image, bevel, listbox e mais (DD, SD)
  • Componentes de entrada VisualCLX — Menus, botões, checkboxes, radioButtons e mais (DD, SD)
  • Componentes de controle de GUI
  • VisualCLX — Toolbars, scrollbars, controlBars, splitters e mais (DD, SD)
  • Caixas de diálogo-padrão — Abrir, salvar, seleção de fonte, escolha de cores, busca e substituição (DD, SD)
  • Código-fonte dos componentes CLX, para referência quanto ao seu funcionamento interno (DD, SD)
  • Driver de base de dados dbExpress de alta performance, para acesso a qualquer sistema de base de dados (DD, SD)
  • Base de dados pessoal MyBase, baseada em XML (DD, SD)
  • Drivers dbExpress nativos e de alta performance para MySQL e Interbase (DD, SD)
  • Drivers SQL dbExpress nativos e de alta performance para Oracle e DB2 (SD)
  • Componente SQL Monitor para testar, depurar e ajustar aplicativos SQL para máxima performance (DD, SD)
  • Framework de desenvolvimento
  • NetCLX para aplicativos Web de alta velocidade e tráfego de dados (SD)
  • WebModules para o Apache, para publicação centralizada de informações (SD)
  • Web Application Wizard para o Apache, para rápida criação de aplicativos Web (SD)

DD: Desktop Developer
SD: Server Developer

Open-source, um compromisso

Durante a última Linux World nos Estados Unidos todos ficaram bastante impressionados com a força da IBM no evento, principalmente porque a Big Blue vai investir a fabulosa quantia de um bilhão de dólares em Linux apenas em 2001. Mas quem roubou definitivamente a atenção da mídia especializada foi o muito aguardado lançamento do Kylix pela Borland. Os desenvolvedores e executivos da empresa atenderam a uma demanda gigantesca de jornalistas e mantiveram uma agenda lotadíssima para conseguir receber a todos. Aqui no Brasil a expectativa pela Kylix Tour, que se inicia em 13 de março em Curitiba (veja programação), é enorme também e, antecipando a curiosidade daqueles que acreditam que esse produto desencadeará uma migração em massa para a plataforma Linux, a RdL conversou com José Eugênio Braga, diretor de marketing da Borland Latin América, sobre o lançamento do Kylix no Brasil e suas expectativas em relação ao mercado nacional.

Revista do Linux — Como foi a receptividade da mídia ao lançamento do Kylix durante a Linux World? Já está disponível para o mercado brasileiro?

José Eugênio Braga — Já esperávamos uma grande receptividade, mas vimos que subestimamos um pouco a demanda, que foi fantástica. Agendamos encontros de nossos diretores e desenvolvedores com representantes de diversas publicações, e era um entra e sai contínuo de jornalistas. Ficamos contentes e também extenuados com aquela massa de gente, pois foi bastante difícil atender a todos. Muitos saíram do nosso estande com a versão do Kylix que não é a definitiva. Porém nada deve mudar, apenas ela é uma versão NDA, porque ainda não "empacotamos" o Kylix. Ele está em fase de produção, entrando em gráfica, estamos acertando o marketing das caixinhas, essas coisas. Deverá estar nas prateleiras em torno de 15 de março nos Estados Unidos e deverei receber um primeiro lote em quinze ou vinte dias, no mais tardar no início de abril. Estamos acertando muitos detalhes de distribuição.

RdL — E vocês aqui no Brasil estão fazendo a tradução da documentação?

JEB — Não, nunca fazemos traduções da documentação de nossos produtos, mesmo porque nossos clientes têm preferência pelo pacote original, oficial. Mas as editoras nacionais estão em fase de lançamento de alguns livros sobre o Kylix, como a Makron, a Érica e a Excell, todos baseados na documentação oficial do Kylix.

RdL — O pessoal da Borland do Brasil participou do desenvolvimento? Existe uma equipe Delphi e outra Kylix?

JEB — Existe uma equipe Kylix, só que muitos desenvolvedores participam dos dois times, não é uma divisão tão rígida. Nosso pessoal participou apenas na fase de testes reportando bugs e sugerindo correções.

RdL — Nós já antecipávamos há um ano que o Kylix seria o produto "matador", aquele que faria a balança pender para o lado do Linux. Quais são suas expectativas para o Kylix no Brasil?

JEB — Deus te ouça!... Mas o fato de se poder desenvolver para Windows e depois recompilar em ambiente Linux, ou vice-versa, acredito que desencadeará uma revolução. Muitas aplicações de Delphi em Windows poderão ser recompiladas sem alteração, e daqui para frente a compatibilidade será 100%. Estamos bastante confiantes no desempenho dele no mercado e já esperamos um verdadeiro boom de vendas. Nos eventos Delphi que produzimos no ano passado sempre que falávamos do Kylix todos se mostravam muito interessados, e vamos poder ver agora a receptividade dos desenvolvedores, que acredito será enorme. Na Linux Expo o estande mais lotado era sem dúvida o da Borland e acho que não será diferente aqui no Brasil. Confesso que fiquei bastante impressionado com a quantidade de empresas interessadas no Kylix durante a Linux Expo, eu não esperava tanto...

RdL — Você falou em vendas e aproveito para perguntar sobre as diferenças das versões.

JEB — Serão três versões: uma Kylix Server, que custará US$ 1.999,00; outra Desktop, para a qual se pode optar por gerar códigos abertos ou fechados, de US$ 999,00; e uma terceira, "free", que gera apenas códigos abertos e que poderá ser baixada diretamente do nosso site ou adquirida por US$ 99,00, mas que só estará disponível em julho.

RdL — Até agora todos vêm especulando se o Kylix será open-source, qual a política que a Borland adotará, etc. Fale-nos um pouco sobre isso.

JEB — O Kylix já foi lançado com a filosofia de produzir e difundir software livre, mas ele não é código aberto. No entanto, será criada uma versão open-source do produto dirigida à comunidade de código aberto, que poderá ser obtida tanto por download como pela compra da caixinha com o manual por US$ 99,00. Com essa versão, o desenvolvedor só poderá criar aplicações que serão distribuídas com o código aberto. Nas demais versões do Kylix, fica a critério do desenvolvedor gerar seu código aberto ou não. A Borland está comprometida com a comunidade open-source e vislumbra um potencial muito grande na prestação de serviços para desenvolvedores que desejem fazer o download da versão gratuita.



Kylix Tour: inscrição gratuita em www.borland.com.br

DataCidadeHotel
13 de marçoCuritiba (PR)Bourbon
15 de marçoFlorianópolis (SC)Diplomata
20 de marçoBelo Horizonte (MG)Luminis
20 de marçoSalvador (BA)Fiesta Bahia
20 de marçoBlumenau (SC)Viena Park
21 de marçoPorto Alegre (RS)San Rafael
22 de marçoBrasília (DF)Naum
22 de marçoRecife (PE)Recife Palace Lucsin
27 de marçoFortaleza (CE)Caesar Park
29 de marçoBelém (PA)Sagres
3 de abrilRio de Janeiro (RJ)Rio Sofitel
4 de abrilSão Paulo (SP)Inter-Continental


 

Para saber mais

Site oficial do Kylix
www.borland.com/kylix

Site de comunidade Borland
community.borland.com

Delphi Super Page
Página polonesa mantida por Robert M. Czerwinski, que reúne um número muito grande de recursos para Delphi.
delphi.icm.edu.pl

Revista Clube Delphi
A mais importante publicação sobre Delphi no Brasil.
www.clubedelphi.com.br

Os requisitos mínimos de sistema são Pentium 200 MHz (400 MHz recomendado), 64 Mbytes de RAM (128 Mbytes recomendado), drive de CD-ROM, mouse e adaptador de vídeo VGA. A instalação total ocupa perto de 180 Mbytes. Não é muito, considerando a tarefa para a qual o programa foi desenvolvido.


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