Revista Do Linux
 
EDIÇÃO DO MÊS
 CD do Mês

 Capa
 Entrevista
 Corporativo
 Programação
 Segurança
 Ferramenta
 Produto
 Hardware
 

O fim da monogamia

Unix e Linux, lado a lado, formando uma parceria imbatível para produzir a melhor performance pelo menor custo

A DEC já tinha laços com Linus Torvalds desde 1994 quando lhe doou um servidor Alpha para que ele fizesse um porte de Linux para essa arquitetura, e logo em seguida passou a oferecer suporte para a nova plataforma. Em 1998, quando a DEC foi comprada pela Compaq, ela trazia não só um patrimônio muito especial, o Unix, mas também toda a sua equipe de desenvolvimento, um time precioso de técnicos de ponta.

Hoje a Compaq disputa agressivamente o segmento de middleware, levando uma planta industrial que mescla o poder dos servidores Alpha com máquinas menores movidas a Linux em processamento paralelo. Esses são os requisitos de ambientes com cálculo intensivo e muita carga de I/Os, encontrados em empresas de geoprocessamento, bioquímica, petroquímica, modelagem gráfica e gestão financeira corporativa.

A questão do alto desempenho nas duas pontas, servidores e estações, levando o paralelismo às últimas conseqüências e explorando as características de maior performance de um sistema e de outro, Unix e Linux, consegue potencializar ao máximo a produtividade desses ambientes. Essa é uma das soluções mistas de que a Compaq dispõe em sua linha de produtos atualmente.

Nesse exemplo de aplicação, pode-se observar com clareza com que olhos o Linux é visto dentro da Compaq e, longe da esperada monogamia Unix, o que se percebe é uma parceria para atingir o maior patamar de produtividade de uma aplicação. Nessa hora nota-se como a adoção do Linux nas linhas de grandes empresas está se tornando obrigatória, pois, mais que o custo baixíssimo por estação, o custo do processamento em missões críticas pode levar o Linux a ser o diferencial fundamental de uma solução. Bem mais que uma opção, torna-se o complemento necessário em muitos casos.

Basta uma visita ao site opensource.compaq.com para ver a enorme quantidade de projetos que a Compaq está desenvolvendo internamente ou os projetos de software livre que ela está patrocinando. Além disso, dezenas de white papers sobre a estratégia dos Beowulfs Linux, dicas sobre otimização de códigos C nos servidores Alpha, sobre drivers para vídeo, controladoras, barramentos, hot plug PCI, protocolos de rede, processos de advocacia, infra-estrutura de clusters e muitos outros temas, mostram o burburinho intenso das atividades Linux na empresa.

Desde as estações desktop mais básicas e os handhelds até os servidores mais parrudos da linha Alpha, muitos já têm a opção Linux de fábrica, o que é uma mudança que influencia todo o mercado, pois vem do maior fabricante de PCs do mercado mundial.

E no Brasil? Como a Compaq está atuando no mercado com suas soluções Linux? Para saber sobre isso, a Revista do Linux entrevistou Carlos Arouche, gerente de negócios da Compaq Brasil.

Veio para ficar

Revista do Linux — Como anda a aceitação de Linux no mercado brasileiro?

Carlos Arouche — Até o ano passado falávamos que o Linux era uma tendência de mercado, mas hoje dizemos que ele já é um produto aceito. O seu progresso foi enorme no último ano, e notamos que as empresas já estão suficientemente esclarecidas sobre a questão Linux, pois quando compram uma solução baseada nele sabem exatamente o nível de qualidade que estão esperando. Nós da Compaq dizemos que o Linux não é um sistema, e sim uma solução, um produto. Verificamos que houve uma mudança de mentalidade nos nossos clientes. Hoje eles nos procuram para ter uma solução completa, não querem mais escolher o hardware, depois um sistema, depois uma instalação, depois uma aplicação e todo aquele processo interminável. Estão fartos desse processo e, queimando as etapas, já aparecem prontos para comprar, por exemplo, Internet para 15 usuários, um cache server, um firewall ou um servidor de aplicações, e nem querem saber o que há dentro da "caixa preta". Querem preço, desempenho e a garantia de que a solução é a melhor. Se dizemos que a melhor opção é uma "black box", eles dizem: Ótimo, assunto encerrado!

RdL — Mas o que foi necessário para essa mudança de perfil? Marketing?

CA — Não. Aplicamos muito pouco marketing, acho que o processo foi natural, as pessoas foram criando essa corrente de comentários de que o Linux tinha sido uma ótima experiência aqui e ali, ele foi ganhando cada vez mais espaço nas publicações e dentro das empresas, sempre sucedido de elogios, e a coisa terminou avançando, não digo mais do que esperávamos, mas numa velocidade imprevisível. De repente, ele já tinha sido aceito no mundo todo. Não há como ignorá-lo, ele veio para ficar.

RdL — Seus clientes não hesitam quanto ao suporte oferecido ao Linux?

CA — Qualquer produto que oferecemos em nossas linhas tem a garantia de suporte. Temos toda a condição de suprir a demanda por suporte em Linux, mesmo que ele venha a ter uma explosão no mercado. Estamos investindo pesado nisso e existem milhares de programas, aqui e nos Estados Unidos, para treinar suporte com qualidade dentro e fora da Compaq. Logo mais estaremos lançando um programa abrangente de treinamento para toda a nossa rede de distribuição. Isso não nos preocupa, pois estamos acompanhando atentamente o crescimento do mercado Linux.

RdL — Não é difícil acompanhar esse crescimento?

CA — Falamos em Linux na Compaq da mesma maneira que em commodities. O que mudou? Até pouco havia apenas software e hardware, mas um novo elemento — serviços — alterou essa correlação. Dela podemos extrair um ganho efetivo de 20% a 25% do custo total da solução quando usamos Linux. Fora isso ele oferece uma padronização de arquiteturas, alta disponibilidade e um custo de redundância muito menor. É a redundância mais barata do mercado e vai conquistar muitos segmentos. Medimos esse avanço pelo crescimento da demanda de serviços. Aí está o ponto, não se mede Linux pela quantidade de caixinhas colocadas no mercado, e sim pela demanda de serviços.


A Revista do Linux é editada pela Conectiva S/A
Todos os Direitos Reservados.

Política de Privacidade
Anuncie na Revista do Linux