Revista Do Linux
 


 
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OPINIÃO

Quinze ciclos de CPU de fama

A Internet está se estabelecendo, mas a televisão e, em menor escala, o rádio ainda são os meios predominantes para a difusão da informação.

Tudo bem, você pode até preferir ler a Revista do Linux (você está lendo, não está?) ou então ficar pendurado na Internet lendo notícias e fazendo downloads, mas acredite, você faz parte da "esmagadora minoria" da população; a maioria absoluta ainda recebe informação através da televisão e do rádio.

E será que o software livre não deveria também se utilizar das mídias mais populares para se mostrar? Dada a filosofia brilhante através da qual o software livre é construído e distribuído e a riqueza de personalidades interessantes em nosso meio, eu esperava uma presença mais constante em talk shows e programas especializados.

Confesso que eu esperava até ver uma propaganda de uma empresa baseada em software livre na TV há um bom tempo. Claro que há alguns anos vivíamos a "febre" dos investimentos inesgotáveis no setor de tecnologia de informação. Não houvesse a torneira dos investimentos se fechado tão rápido, provavelmente já teríamos visto propagandas de alguma das encarnações de nosso sistema preferido.

É importante para o sucesso de nosso movimento que as pessoas tenham noção do que tratamos, que saibam reconhecer nossos símbolos. Outro dia, um rapaz que empilhava laranjas no supermercado me abordou porque eu usava uma camiseta de uma distribuição de Linux. Ele me perguntou o que eu achava e disse que estava pensando em instalar no computador dele. Eu achei incrível, mas ele também fazia parte da minoria, pois também usava a Internet, o nosso meio de divulgação mais importante até hoje.

O software livre tem alguns símbolos tão simpáticos, como o pingüim do kernel Linux, ou a raposinha do Gimp. Deveríamos explorar melhor estes símbolos simpáticos e atrair a atenção dos futuros usuários leigos para o sistema. Desta forma, em sua primeira experiência eles não teriam a sensação de estar frente a algo completamente desconhecido.

Algumas pessoas acreditam que o grande charme de se trabalhar com Unix e software livre é justamente o sentimento do "underground" e que a massificação do sistema operacional iria de alguma forma tirar-lhes o ar de "superioridade".

É como chegar na sua roda de amigos e se gabar de ser mecânico especializado em fuscas. Provavelmente, seu assunto seria bem mais atraente se você fosse especializado em carros de corrida, certo? Mas será que se todos pudessem ter carros de corrida, só por isso eles passariam a ser Fuscas?

Quando você examina os atuais sistemas proprietários "para a massa" disponíveis, você nota que o sistema é amputado de funcionalidade desde seu núcleo até sua interface, principalmente quando comparado com sua versão "profissional". O caminho que o Linux toma para a massificação é criar uma casca adequada a um usuário comum sobre o mesmo poderoso kernel.

Quando o usuário abrir o capô ele vai encontrar todos os cavalos de força da Ferrari dentro do seu aparente Fusca. A diferença ainda existirá, entre aqueles que conhecem o que tem realmente dentro do capô e aqueles que apenas acham que dirigem um fusquinha.

Devemos sim usar a televisão e todos os recursos de comunicação em massa que estiverem ao nosso alcance para preparar o terreno da popularização do sistema Linux. E, muito importante: devemos estar preparados para receber (bem) este novo perfil de usuários, se quisermos ser um sucesso também no desktop.

Além do mais, seria muito legal ver uma propaganda nossa na TV, só que em nossa propaganda não deveriam aparecer pessoas voando, afinal nós temos os pés no chão, se é que vocês me entendem.

Eduardo Maçan - macan@debian.org


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