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Com o Basilisk II é possível emular um Mac e executar o Mac OS e seus aplicativos dentro do Linux

O Basilisk II é um emulador, escrito pelo talentoso programador alemão Christian Bauer, mesmo autor da versão Linux do jogo Aleph One, que emula um Mac 68K em seu PC e permite que você rode o Mac OS (até a versão 8.1) e os programas escritos para ele dentro do Linux. Desenvolvido em C e distribuído sob a GPL, disponível também em versões para Windows, Amiga e Be OS.

Os Mac's da série 68K são máquinas mais antigas, que utilizavam processadores Motorola entre o 68020 e o 68040 (daí a denominação 68K). Essa arquitetura foi abandonada pela Apple em 1994, dando lugar aos processadores PowerPC, desenvolvidos em conjunto pela IBM e pela Motorola. A mudança de arquitetura trouxe mais velocidade e novos recursos aos Mac's, e os desenvolvedores foram gradualmente deixando a antiga arquitetura de lado. Embora os aplicativos “pesos pesados” do mundo Mac (como o Adobe Photoshop e o Quark Xpress) sejam atualmente exclusivos para PowerPC, muitos programas ainda possuem versões 68K que podem ser usadas com o Basilisk.

Para emular um Mac no Linux são necessários três itens: O Basilisk II, o sistema operacional e uma cópia da ROM de um Mac. Veja onde conseguir cada item:

  • Basilisk II - Seu código fonte e binários pré-compilados podem ser baixados em www.uni-mainz.de/~bauec002/B2Main.html. Para compilá-lo no Linux, você precisa da biblioteca SDL (versão 1.1.15 ou superior) e do GTK, ambos encontrados em praticamente todas as distribuições Linux.
  • Mac OS - Versões do Mac OS (na época chamado System) até a 7.5.5 podem ser baixadas gratuitamente do site da própria Apple, bastando fazer uma busca em www.asu.info.apple.com por “System 7.5.3” e “System 7.5.5”. Versões mais novas, como o 8.1, podem ser adquiridas em revendas especializadas em produtos da Apple. Esqueça o Mac OS 8.5 (ou versões mais novas); ele não roda no Basilisk II, pois é específico para máquinas PowerPC. Mac OS X então, nem pensar!
  • ROM de sistema - É aqui que as coisas se complicam. Para rodar o Basilisk II, você precisa de uma cópia da ROM de sistema de um Mac (simplificando, é mais ou menos como a BIOS do PC). A única forma de adquiri-la legalmente é usando um utilitário fornecido junto com o Basilisk II para fazer uma cópia da ROM de um Mac compatível. É possível encontrar cópias dessa ROM na Internet, mas lembre-se de que é ilegal usar a ROM de uma máquina que você não possui legalmente (baixada da internet, copiada da máquina de um amigo, etc.)!

Você também precisará de espaço livre em disco para abrigar um arquivo que servirá como “HD” para o Mac OS. Falaremos mais adiante sobre isso.

Instalando

Instalar o Basilisk II é fácil. Considerando que você já tenha a biblioteca SDL instalada, basta descompactar o código fonte em um diretório (usarei o /usr/src/ neste artigo) e compilar. Siga a seqüência abaixo:


# cd /usr/src/
# tar -zxvf /mnt/cdrom/software/BasiliskII/BasiliskII-0.9.tar.gz
# cd /usr/src/BasiliskII-0.9/src/Unix/
# ./configure
# make
# make install

Pronto! O Basilisk II está instalado. Se você quiser utilizar o compartilhamento de rede, precisará compilar o módulo do kernel específico para isso:

# cd /usr/src/BasiliskII-0.9/src/Unix/Linux/NetDriver
# make
# make dev

Lembre-se de que você precisa estar logado como root. Insira o módulo no kernel com o comando:

# insmod /usr/src/BasiliskII-0.9/src/Unix/Linux/NetDriver/sheep_net.o

Você precisará carregar este módulo a cada vez que quiser utilizar a rede dentro do Mac OS.

Configurando

Nosso próximo passo será configurar o emulador. Para executá-lo, use o comando:

$ BasiliskII

Uma tela de configuração aparecerá, subdividida em várias “abas”, cada uma responsável por uma parte do emulador. Na primeira aba, chamada Volumes, você pode configurar qual “disco” irá usar como HD do Mac, a partição Linux a ser compartilhada, a ordem de boot (primeiro o CD, ou a partir da primeira partição “bootável” que ele encontrar) e se você quer ou não habilitar o suporte a CD-ROM no Mac OS. É aqui que criamos o arquivo que servirá como um “HD virtual”. Clique em Create, escolha um diretório onde colocar o arquivo, um nome e defina seu tamanho, em MB. Para começar, 200 MB são suficientes. Se você tiver um HD de Mac, desde que formatado em HFS (o sistema de arquivos padrão no Mac antes do Mac OS 8.1), você pode colocá-lo na sua máquina e utilizá-lo com o Basilisk II, bastando para isso montar o disco no Linux, indicando ao emulador o ponto de montagem.

Na próxima aba, SCSI, você irá configurar os dispositivos SCSI (se houver algum) que poderão ser acessados no Mac OS. Em Graphics/Sound você escolhe se o Basilisk II deve rodar em tela cheia ou em uma janela (e o tamanho dessa janela), além de ter a opção de desabilitar o suporte a som. Em Input é possível definir se o BasiliskII vai tratar diretamente os eventos de teclado (opção Use Raw Keycodes) e o comportamento da “rodinha” do mouse. Em Serial/Network são definidos quais os dispositivos do modem, impressora e rede (eles podem ser acessados pelo Mac OS, sendo que a rede apenas por ser acessada pelo usuário root) e, na última aba, Memory/Misc, é definida a quantidade de RAM disponível para o Mac (recomendo 16 MB no mínimo para o System 7.x e 32 MB para o Mac OS 8), o modelo de Mac e do processador a serem emulados (Mac IIci ou Quadra 900, processadores 68020, 68020 com FPU, 68030, 68030 com FPU ou 68040, sendo o último necessário para o Mac OS 8) e qual o arquivo que contém a cópia da ROM de um Mac. Sem a ROM o emulador não inicia.

Rodando

Após a configuração, é necessário instalar o Mac OS no HD virtual especificado no emulador. Não entraremos em detalhes sobre a instalação do Mac OS (que é bem simples) neste artigo, sendo que existem excelentes tutoriais sobre o assunto na Internet (dê uma olhada na seção de “Links” da página oficial do Basilisk II). Com tudo configurado e o Mac OS instalado, é só se ajeitar na cadeira, clicar em Start na janela de configuração e assistir. O Basilisk II abre uma janela e começa o boot do Mac virtual, completo com o clássico “gongo”, a tela de “Welcome to Macintosh” e a carga das extensões do Mac OS. Se você estiver rodando o emulador em tela cheia (fullscreen) ele será virtualmente indistinguível de um Mac real, e a velocidade, em um K6-2 450 MHZ, é aceitável. Após configurar a rede no Mac OS, utilizei-o durante alguns dias como meu sistema padrão, navegando com o Internet Explorer 4.01, lendo meus e-mails com o Eudora e conversando via ICQ utilizando o Gerry's ICQ. Com a popular extensão Aaron, dei o toque final, modificando a aparência do System 7.5.5 para que se pareça mais com o Mac OS 8. Testamos vários aplicativos, e todos se comportaram adequadamente, com a exceção de algumas “travadas” do browser iCab (que era uma versão beta), rapidamente resolvidas com um Command+Option+Esc, seguido de um reboot no Mac OS (pois é, às vezes isso acontece...). Nosso único problema aconteceu com o teclado. A tecla Alt é mapeada corretamente como Command e a tecla Win, como Option. Mas não importa o que se tente, a tecla “~” não funciona no Netscape 4.03, nem mesmo com um “cut & paste” a partir do KeyCaps.

Seja você um macmaníaco, que precisa usar um PC e quer “matar a saudade”, ou alguém procurando saber mais sobre o Mac, o Basilisk II é uma boa alternativa. Com um pouco de paciência e os aplicativos certos, é até mesmo possível utilizá-lo no dia-a-dia. Espere aumentos significativos de velocidade e compatibilidade (incluindo emulação de FPU para os processadores da série 68040) para um futuro próximo, aumentando ainda mais o leque de recursos deste incrível software.

Para saber mais:

Site oficial do Basilisk II. Últimas versões, manuais técnicos e FAQ's estão disponíveis nesta página: www.uni-mainz.de/~bauec002/B2Main.html

Tutorial de uso do Basilisk II no Linux. Cobre também a instalação do Mac OS 7.5.3 - www.kearney.net/~mhoffman/basiliskII/system753_tutorial/linux/index.html


Rafael Rigues - rigues@RevistaDoLinux.com.br


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