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Mandrake 8.2

A atenção aos detalhes é o destaque da distribuição francesa

A distribuição Mandrake tem, desde o seu surgimento em 1998, a reputação de ser uma das mais fáceis de instalar e manter. De fato, o website da empresa dá grande ênfase a este aspecto, afirmando que o objetivo de sua criação foi tornar o Linux mais fácil de usar, principalmente através da integração dos melhores ambientes gráficos disponíveis a um conjunto de novas ferramentas de configuração, que hoje são a principal característica deste sistema.

O Mandrake 8.2 pode ser adquirido em uma variedade de formas, todas construídas sobre uma mesma base de software (os CDs 1 e 2) e com a adição de uma série de extras: manuais impressos, opções de suporte técnico, CDs de aplicativos comerciais, CDs de aplicativos livres adicionais, CDs de código fonte, etc. Existe também a chamada "download edition", 3 CDs sem suporte nem manual impresso, que podem ser comprados, ou simplesmente copiados diretamente da Internet.

Como a MandrakeSoft inclui uma grande quantidade de softwares desenvolvidos internamente, seus custos de produção são elevados. Assim, sugere-se que os usuários entusiastas, ainda que prefiram simplesmente fazer o download diretamente da Internet e não dêem grande importância a manuais impressos e suporte técnico, ajudem a financiar o processo de desenvolvimento da distribuição filiando-se ao Mandrake Club, através do pagamento de uma taxa mensal ou anual. É um processo voluntário, mas se você é entusiasta desta distribuição, que tal levar em conta a possibilidade?

A instalação

O programa de instalação não traz nenhuma grande revolução sobre as versões anteriores, mas continua fácil de usar e intuitivo. A instalação segue uma seqüência lógica de passos: seleção doidioma, tipo de teclado, partição, seleção dos pacotes de software a instalar, etc. Entretanto, se a facilidade e intuitividade da instalação já foram pontos fortes e diferenciais do Mandrake, hoje em dia nota-se que as demais distribuições já o alcançaram ou até mesmo ultrapassaram - o processo de instalação do SuSE 8.0 (analisado na edição anterior da RdL) pode ser muito mais simples e claro do que o do Mandrake 8.2.

Minha instalação de teste foi feita em um notebook Toshiba, e transcorreu sem nenhum problema de detecção de hardware, como se fosse um computador de mesa comum - hoje em dia, instalar Linux em notebooks está muito longe de ser a tarefa complicada que era há poucos anos atrás, antes de a própria Mandrake ajudar a revolucionar a detecção e configuração automática de periféricos.

Pode-se selecionar uma opção de instalação em português brasileiro, mas infelizmente a tradução do programa de instalação é apenas parcial,como ocorria na versão 8.1. Um exemplo típico é o texto do diálogo de seleção do tipo de instalação: Please choose one of the following classes of installation: (x) Recomendado () Expert, seguido por três botões: Instalar, Upgrade e Upgrade packages only. Muitas das mensagens da ajuda de instalação (exibida sempre na base da tela) estão em inglês também.

No que diz respeito à seleção de tipo de teclado, todos ficarão satisfeitos: pode-se escolher os modelos Americano Internacional, Brasileiro ABNT2, Latino-Americano e Português.

A seleção de partições é bastante simples e completa, e, por padrão, utiliza o sistema de arquivos ext3, que facilita a recuperação após desligamentos inesperados do computador. Após particionar e formatar, pode-se escolher quais os softwares que deverão ser instalados. Os pacotes estão divididos em grandes grupos (exemplos: Desenvolvimento, Multimídia, Servidor Web...), mas pode-se optar pela sua seleção individual.

Após a instalação dos pacotes, é necessário informar qual será a senha do root, e criar pelo menos um usuário para o sistema. Um toque interessante é a possibilidade de escolher qual o ícone que irá representar este usuário na tela de login gráfico - principalmente para máquinas com um pequeno conjunto de usuários, permitindo a rápida identificação e seleção. Além disso, para máquinas de um usuário só, onde não houver nenhuma preocupação com a segurança, pode-se selecionar um usuário para login automático, sem a necessidade de senhas - na minha opinião, um grande retrocesso, mas aparentemente é algo que usuários habituados a outros sistemas operacionais valorizam.

Quanto ao reconhecimento de hardware, a placa de rede, a placa de som e a placa de vídeo, todas onboard, foram corretamente reconhecidas e habilitadas. O modem onboard (winmodem) foi reconhecido, mas não habilitado - o sistema me re- comendou uma visita ao site linmodems.org. O monitor não foi reconhecido, e o modelo sugerido pelo programa de instalação não funcionou. Felizmente, bastou selecionar a opção Generic laptop 1024x768 que tudo passou a funcionar.

O toque final da instalação foi excelente, e faz falta em outras distribuições: o sistema detectou que eu estava conectado em rede e se ofereceu para procurar por atualizações no site da Mandrake, e instalá-las automaticamente para mim. Isto pode fazer muita diferença do ponto de vista da segurança e torna evidente o esmero dos desenvolvedores, preocupados em manter o sistema o mais atualizado possível desde o primeiro boot.

O sistema instalado

O primeiro boot do sistema mostra muito sobre ele. No caso do Mandrake 8.2, nota-se que o gerenciador de boot padrão é o LILO, que exibe um menu gráfico permitindo iniciar o Linux ou outro sistema operacional previamente instalado na máquina.

Após selecionar o Linux, começa o boot normal, mas não-interativo - ao invés das mensagens usuais dos scripts de inicialização, informando cada passo do que vai sendo feito, temos apenas uma barra de progresso indicando quanto já foi feito e quanto ainda falta. Naturalmente, pode-se optar por visualizar as mensagens normalmente, para quando houver necessidade de encontrar problemas ou falhas.

Após o término do boot, somos levados ao gerenciador de login gráfico KDM, onde devemos informar login, senha e o ambiente gráfico que queremos utilizar (o padrão é o KDE 2.2.2, mas pode-se escolher o GNOME 1.4, bem como outros ambientes mais leves).

No primeiro login, o sistema pergunta uma série de informações pessoais e sobre servidores e clientes de e-mail e news, utilizando-os para configurar o ambiente de acordo com as suas preferências, poupando trabalho depois.

O ambiente inicial do KDE é relativamente limpo, sem a profusão de ícones de aplicativo sencontrada em outras distribuições. Há ícones para acesso ao site da distribuição, ao disquete, CD-ROM, impressora e ao Centro de Controle, ferramenta de configuração do Mandrake. O menu do KDE é parcialmente em português bra-sileiro (dica: os pacotes de internacionalização estão no CD número 3) e a barra de tarefas vem pré-configurada para meia altura, economizando assim valiosoespaço útil na sua tela.

O menu do KDE inclui uma inovação interessante: uma opção What to do? (O que fazer?), que agrupa diversas atividades comuns, como editar um documento, ouvir um CD, navegar na web e muitas outras, para pessoas que sabem o que precisam fazer, mas não conhecem nomes de aplicativos como KOffice, XMMS e Mozilla Não há necessidade de iniciar o ambiente gráfico como root para rodar as ferramentas de configuração - de fato, nem há um ícone do root no gerenciador de login, para desestimular esse mau hábito. Sempre que um usuário tenta executar alguma tarefa que exija poderes especiais (exemplo: utilizar o Control Center), a senha de root é solicitada, e vale apenas para aquela atividade específica.

O Control Center em si é uma das características mais fortes da distribuição, e permite configurar com facilidade todos os itens do seu sistema: boot, rede, serviços, periféricos e muito mais. A atenção ao detalhe fica evidente em opções como Get Windows Fonts, que automaticamente importa as fontes True Type de uma partição Windows de seu computador.

O Mandrake Linux atende ao objetivo que se propõe: torna o Linux simples e acessível, com um ambiente desktop bem configurado e ferramentas de gerenciamento completas e fáceis de usar. A tradução para o português é incompleta, mas mostra que existe a preocupação com a internacionalização. O suporte a hardware é de boa qualidade, não exigindo nenhum tipo de procedimento especial para instalação em um notebook repleto de hardware onboard, e a documentação online é completa e acessível.

O Mandrake 8.2 mostrou-se bastante adequado para instalação como estação de trabalho, e conta também com os diversos pacotes de software necessários a um servidor de rede - mas tenho dúvidas sobre a vantagem competitiva do Mandrake como servidor, uma vez que nem sempre é conveniente rodar interface gráfica nesta classe de equipamento, e é justamente nesta área que esta distribuição tem seu maior brilho. Naturalmente, isso não quer dizer que não se possa configurar excelentes servidores com o Mandrake, mas apenas que não parece ser este o ponto forte da distribuição.

Se você procura atenção aos detalhes, facilidade de instalação e configuração, não deixe de experimentar o Mandrake 8.2.

Para saber mais

Site oficial: www.mandrake.com


Augusto Campos - brain@matrix.com.br


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