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Jogos

Tire a poeira de sua BFG 9000 e prepare-se. Doom Legacy traz os demônios de volta!

Em dezembro de 1994, a id Software lançou algo que mudou a história dos jogos para PC, sendo responsável por, entre outras coisas, milhares de horas de sono e produtividade perdidas: Doom. O jogo foi um sucesso imediato, mas após algum tempo, os jogadores começaram a querer mais: mais fases, novos gráficos, novos inimigos, novos desafios. Infelizmente, a id Software tomou a decisão de não libe- rar as especificações dos formatos de arquivo utilizados pelo jogo, o que frustrou muita gente. De nada adiantou. Em pouco tempo um grupo de jogadores conseguiu, através de engenharia reversa, informações suficientes para começar a modificar o jogo. Estas informações foram agrupadas em um FAQ, chamado The Unnoficial Doom Specs. Com a imensa quantidade de níveis, armas, gráficos e sons extras criados pelos jogadores, o Doom se tornou ainda mais popular.

Em 1997, o sonho de muitos fãs foi realizado. A id Software decidiu liberar o código fonte do jogo, a princípio sob uma licença restrita, e mais tarde sob a GPL. Com isso, os criadores de mods (como ficaram conhecidos os extras criados pelos fãs) ganharam liberdade total: era possível modificar o código fonte do jogo, adicionando novos recursos, antes impossíveis, devido a limitações do engine original.

O Doom Legacy é uma das muitas versões surgidas a partir deste código fonte original (chamadas sourceports). Licenciado sob a GPL e disponível em versões para Linux, DOS, Windows, OS/2 e Mac OS X, o Legacy, que suporta Doom, Doom II, Final Doom e Heretic, além das milhares de fases extras para estes jogos disponíveis na Internet, engloba várias melhorias em relação ao jogo original, desde os gráficos até a "jogabilidade", e é considerado por muitos como um dos melhores sourceports de Doom da atualidade.

O inferno nunca foi tão bonito

A primeira mudança que se nota ao rodar Legacy são os gráficos. O Doom originalmente rodava em uma resolução de 320x200 pixels em 256 cores, mas com o Legacy você pode escolher entre 640x480, 800x600 ou até mesmo 1024x768. Os efeitos de luz foram melhorados, e as bolas de fogo inimigas e rajadas de energia agora são translúcidas. Mas a maior mudança só é visível para quem tem uma aceleradora 3D. Ao iniciar o Legacy, adicione o parâmetro de linha de comando-opengl e prepare-se: as fases serão geradas com gráficos poligonais (como no Quake) e novos elementos irão surgir. Bolas de fogo inimigas iluminam os arredores, assim como tochas e barris quando explodem. Um sistema de filtros entra em ação, "suavizando" a aparências das texturas das paredes, que não ficam mais pixelizadas quando você se aproxima demais delas, de inimigos e itens, que continuam em 2D.

Para os que querem o maior campo de visão possível, o Legacy permite eliminar completamente a barra de status (pressione a tecla + até que ela desapareça), que mostra informações variadas sobre o seu personagem, ou utilizar uma barra similar à encontrada em Quake II, mostrando apenas os indicadores de energia, munição e armadura.

Pequenos detalhes que faltavam no jogo original também foram incluídos. É possível deixar buracos de bala nas paredes (como em Quake III) e, ao matar um inimigo muito próximo de uma delas, esta ficará manchada de sangue. Interessante notar que as marcas de bala estavam presentes em versões alfa do primeiro Doom, mas foram removidas quando a versão final foi lançada.

Jogabilidade

Os criadores de Legacy também incluíram algumas características encontradas em jogos posteriores ao Doom. Agora é possível pular, o que facilita muito o acesso a algumas áreas das fases, evitando voltas por corredores cheios de monstros. Também é possível utilizar um novo sistema de mira. No Doom a mira só funcionava no eixo horizontal. Não importava se o monstro estivesse acima ou abaixo de você, bastava apontar em sua direção e disparar, e o jogo fazia o resto. O novo sistema é similar ao encontrado no Quake, em que uma cruz (sua mira) aparece no centro da tela e você usa o mouse para mirar, podendo olhar para cima e para baixo, algo muito útil ao descer escadarias escuras ou tentar acertar aquele IMP que está em cima de um muro, atirando bolas de fogo em você.

Há também inovações nas partidas multiplayer. Uma delas é o multiplayer com dois jogadores na mesma máquina. A tela se divide horizontalmente em duas partes, uma para cada jogador, que podem jogar em modo cooperativo ou deathmatch, com ou sem monstros, com um sistema de pontuação similar ao encontrado no Quake, que conta o número de mortes e o número de vezes em que você foi morto. O mesmo vale para partidas via Internet, que podem ter até 32 jogadores. Para variar um pouco, agora os jogadores não precisam ser todos marines. É possível usar "skins" para mudar a aparência do seu jogador, e ter uma partida com Batman, Lara Croft e um boneco de neve contra você.

Sem dúvida, uma das inovações mais "estranhas" para os veteranos é a chasecam. Pense no Doom na terceira pessoa, como no Tomb Raider, em que você vê seu personagem por trás. Contudo, o engine do jogo não foi feito para isso, e problemas de câmera são comuns, como quando você se aproxima muito de uma parede, de costas, e a câmera fica "batendo" contra a parede, dificultando sua visão. Também é difícil mirar corretamente nos inimigos, já que a mira no estilo Quake não aparece na tela neste modo, o que acarreta muito desperdício de munição. No geral, esta opção serve apenas como curiosidade.

Outra opção que migrou do Quake para o Legacy é o console. Ao pressionar a tecla "~", um terminal semitransparente surge na metade superior da tela, onde vários parâmetros do jogo podem ser modificados "on the fly", como ativar ou desativar monstros, invocar itens, pular de fase, tirar um screenshot, ver quanto de memória o jogo está ocupando, e por aí vai. Por exemplo, para ativar a chasecam, chame o console e digite o comando chasecam 1. A maioria dos comandos conta com uma ajuda, que pode ser chamada com help nome_do_comando.

Se você é um fã de jogos de tiro em primeira pessoa, e principalmente de Doom, não há motivos para não jogar Doom Legacy. Agora, se você faz questão de quantidades gigantescas de polígonos, iluminação dinâmica e avançada inteligência artificial, é melhor procurar outro jogo. Quem sabe o tão esperado Doom III?

Requisitos mínimos de sistema Pentium 100

8 MB de RAM
20 MB de espaço em disco
Placa de vídeo compatível com VESA
Placa de som de 16 Bits (SB 16 ou superior)
Versão Shareware ou registrada de um dos
seguintes jogos: Doom, Doom II, Final Doom, Heretic.
Opcionais: Mouse, Joystick, Modem, Placa de Rede,
Aceleradora 3D.

Para saber mais

Doom Legacy : legacy.newdoom.com
Doom III: www.doom3.com

Prepare-se para Doom III

Em desenvolvimento desde que Quake 3 foi completado, Doom III promete ser o próximo grande sucesso da id Software. O jogo vem chamando atenção desde o início de seu desenvolvimento, quando um "motim" interno colocou boa parte da equipe da id Software contra Adrian Carmack, co-fundador da empresa, que não queria mais uma versão do clássico. Depois de muita discussão (e algumas demissões, em retaliação ao motim) o sinal verde foi dado, e atualmente toda a empresa se dedica à conclusão do jogo. Durante a Electronic Entertainment Expo (E3) deste ano, realizada em maio em Los Angeles, uma versão beta do jogo foi mostrada a uma platéia estupefata. Em meio a um cenário inspirado nos antigos jogos da série, um telão mostrava belíssimas imagens de um demo não jogável de Doom III. Alguns reclamaram que a id Software estava exibindo apenas cenas pré-renderizadas, sem mostrar o jogo em si, para só depois descobrir que o que estava sendo mostrado era o jogo propriamente dito, e que as tais cenas eram renderizadas em tempo real, com efeitos de luz e modelos 3D impressionantes, que dão ao jogo uma atmosfera muito mais sombria e aterrorizante do que em suas versões anteriores. Tão impressionantes quanto os gráficos do novo jogo são os requisitos de hardware. A demo mostrada na E3 estava rodando em um Intel Pentium 4 de 2.4 GHZ, com uma placa de vídeo (ainda protótipo) de próxima geração da ATI. Em entrevista ao site GameSpy.com, John Carmack, desenvolvedor chefe do jogo e um dos fundadores da id Software, menciona que, entre as placas de vídeo atualmente no mercado, a melhor alternativa para quem quer rodar Doom III seria uma nVidia GeForce 4 Ti, que ainda custa cerca de 200 dólares. Você pode estar se perguntando: "E o que tudo isso tem a ver com Linux? Não é um jogo para Windows?". A id tem uma longa tradição de suporte ao Linux (John Carmack é inclusive colaborador do projeto XFree86), e todos os seus jogos, desde Doom ao novíssimo Return do Castle Wolfenstein tiveram, cedo ou tarde, uma versão para Linux. Todos esperamos que esta tradição seja mantida.

Saiba mais

Entrevista com John Carmack: gamespy.com/e32002/pc/carmack/


Rafael Rigues - rigues@RevistaDoLinux.com.br


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