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Linux na França

Veja como o Linux se enquadra nos conceitos de igualdade, liberdade e fraternidade da Revolução Francesa

A França é um país reconhecido por sua beleza e pela sofisticação de algumas de suas especialidades mais famosas como os perfumes, os vinhos e a culinária. Muitos acabam se esquecendo de que a França é o país em que nasceram ideais que mudaram o mundo e regem a nossa sociedade até hoje. Foram os iluministas franceses que lançaram as bases para eventos históricos de conseqüências eternas, como a própria Revolução Francesa. Então, você se pergunta: ~SEste artigo é sobre o Linux na França ou alguma coisa sobre a história desse país?~T. A questão é que o Linux de certa forma também é fruto dos ideais da revolução francesa, que eram de liberdade, igualdade e fraternidade. A liberdade e igualdade estão na natureza do software ~Slivre~T, já que todos podem utilizá-lo e alterá-lo como quiserem. A fraternidade está na forma como o sistema nasceu e cresceu, ou seja, pelo compartilhamento de idéias e pela ajuda mútua de pessoas das mais diversas origens, mas com um mesmo interesse, o desenvolvimento de algo novo, como queriam os revolucionários franceses de dois séculos atrás.

Mas nem só de história e formas de pensamento vivem os franceses. Eles trabalham bastante para o crescimento do Pingüim. Um dos exemplos mais marcantes é o desenvolvimento do sistema de arquivos ext2, que posteriormente daria origem ao ext3, que hoje constituem padrões consolidados em Linux e são utilizados pelas mais importantes distribuições em todo o mundo. O responsável por seu desenvolvimento é o francês Rémy Card. Rémy, que trabalha no Informatique-Bureautique Profissionelles, é também autor de livros como ~SThe Linux Kernel Book~T, lançado em 1998.

Outra aplicação interessante desenvolvida por estudantes franceses da École Centrale Paris é o VideoLAN. Essa aplicação foi criada com o intuito de prover uma solução completa para streaming video em uma rede local. Hoje, a aplicação já pode ser utilizada para visualização de vídeos de alta qualidade (MPEG 1 e 2) provenientes de uma rede local (LAN) ou até mesmo de uma WAN (Wide Area Network) graças à tecnologia multicast.

Uma organização fundamental para o desenvolvimento de aplicações, não só para Linux, mas também para Unix, é o INRIA, Instituto Nacional para Pesquisa e Controle em Ciência da Computação. Criado em 1967, ele cresceu e hoje tem seis sedes em toda a França. Atualmente, ele possui 90 equipes de pesquisa que somam um total de 1900 cientistas trabalhando para o desenvolvimento de novos programas, muitos dos quais de livre distribuição e código aberto. Entre os programas desenvolvidos para Linux, estão softwares para cálculos de bases de Gröbner e resolução de polinômios, além de implementação de melhorias no protocolo IPV6.

Não se pode esquecer a importância do setor público para o crescimento do Linux na França. Atualmente, o Pingüim é utilizado nos ministérios da educação, da cultura e da defesa. As razões básicas para tal fato são conhecidas há muito tempo pelos usuários Linux: maior segurança, menor custo e independência em relação aos fornecedores de software proprietário. Quem já está ganhando bastante com isso é a Mandrake. Recentemente, ela venceu mais uma concorrência para implementar seus produtos e serviços em agências do governo, prefeituras, escolas, entre outras instituições. Segundo o CEO da empresa, Jacques Le Marois, as razões para o sucesso da empresa junto ao governo francês seriam a presença da empresa em mercados externos, o conhecimento de seus técnicos, a evolução comercial de seus produtos e o fato de ser uma companhia geograficamente próxima ao cliente.

A participação dos grupos de usuários e organizações ligadas ao software livre é fundamental para o desenvolvimento do Linux na França. Muito dos avanços que o Linux conquistou junto ao governo francês ocorreram pela ação desses grupos. Assim como em outros países, eles organizam palestras e eventos para instalação do sistema operacional em escolas e hospitais, enfim, atividades para difusão do Pingüim. Os grupos de usuários também servem como incentivo à profissionalização do Linux. Gael Duval, co-fundador da Mandrake foi membro de um grupo de usuários localizado na cidade de Lyon.

Podemos ver que a França é um país onde o Linux tem encontrado grande espaço para crescer, com base principalmente em aspectos políticos e ideológicos. Essa situação pode ser associada aos ideais de liberdade da época da Revolução Francesa, afinal o Linux é livre e revolucionário. Nesse mesmo país, o Linux encontra um campo fértil para seu crescimento como opção econômica e tecnicamente viável para empresas, para o Estado e outras organizações. Como a França sempre foi um país que lançou tendências, esperamos que essa se torne cada dia mais verdadeira.

Para saber mais:
INRIA - Institut National de Recherche en Informatique et en Automatique: www.inria.org
VideoLAN: www.videolan.org


Guilherme Lemos - guilherme.lemos@aiesec.net


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