Revista Do Linux
 
  
  
 

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Aqui, Ali, e em Qualquer Lugar

Semana passada, lembrei da famosa canção dos Beatles "Here, There and Everywhere", lançada em 1966. Estávamos indo visitar um cliente em Alphaville e paramos para almoçar em um restaurante local. Na mesa ao lado, um executivo apresentava uma proposta comercial para três pessoas. Num dado momento, ouvi a palavra mágica ~SLinux~T sendo pronunciada pelo vendedor. Ele complementava, falando ~SSim, estes servidores serão Linux...~T

No mesmo dia, embarco no aeroporto com destino a Brasília. Duas pessoas na fileira da frente brincam com o fato de que o compartimento de bagagem do avião deveria estar com, no mínimo, uns sessenta notebooks; sinal dos tempos. Retomam a conversa e, novamente, a palavra mágica surge: "Linux".

Algumas semanas atrás, preparei um jantar na minha casa. Durante a refeição, a avó do amiguinho do meu filho perguntou com o que eu trabalhava. Esta pergunta sempre teve uma resposta complicada durante os anos. Responder "Linux" trazia aquela cara de interrogação da pessoa, e eu levava alguns minutos para explicar do que aquilo se tratava. Com o passar do tempo, passei a responder que ~Strabalhava com informática~T. Adotei a resposta padrão e achei que continuaríamos a falar de generalidades durante o jantar. Ela não se sentiu satisfeita e voltou com a pergunta. ~SSim, mas o que você faz na informática?~T Sem muita saída, comecei a tentar explicar. Ao falar a palavra mágica, ela me olhou e disse: ~SAh, Linux... Por que você não me falou antes?~T

Passando por situação semelhante, o Arnaldo Carvalho (acme) desembarcou em Nova Iorque, para participar de uma reunião importante sobre o kernel. O taxista puxou aquela conversa tradicional: "de onde você é; o que você faz; o que está fazendo aqui?" Quando o Arnaldo tentou explicar o que fazia, o taxista retirou de baixo do banco um manual de uma distribuição Linux bem conhecida e começou a fazer perguntas sobre o sistema. O Arnaldo acabou dando uma consultoria e nem recebeu desconto para os caros táxis de Nova Iorque...

Tudo isso me lembra de uma situação que chamarei aqui de "Síndrome do Novato". Este fato acontece sempre que alguém começa a fazer algo novo e se surpreende de que já existam muitas pessoas envolvidas naquela situação. A mais recente ~SSíndrome do Novato~T que estou passando é em relação ao meu bebê, que acabou de nascer. Eu nunca havia notado quanta propaganda de produtos infantis a televisão mostra, bem como o número de grávidas que vejo na rua. De uma maneira ou de outra, todas as pessoas acabam passando por este tipo de situação diversas vezes durante suas vidas. Novas oportunidades surgem, os interesses mudam, e vemos que fatos novos para alguns são corriqueiros para outros. Na verdade estávamos somente ignorando uma situação que passava escrita em neon, com letras piscantes, todos os dias, na nossa frente. Estamos vivendo esta síndrome ao contrário. Antes era necessário explicar o que era Linux para os novatos; agora eles já vêm doutrinados.

O que alguns anos atrás era uma palavra estranha e difícil de entender, hoje está associada à inovação e à tecnologia de ponta. Linux agora está na moda. Não precisamos mais vendê-lo; ele se vende sozinho.

Realmente, os Beatles continuam atuais, mesmo nos dias de hoje.

Boa leitura,
Rodrigo Stulzer