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Recuperação e cidadania

Porto Alegre inaugura o primeiro telecentro com computadores que estavam destinados à sucata e que rodarão softwares livres

O Rio Grande do Sul continua organizando ações em favor do Software Livre. A Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa) está recuperando computadores desativados para colocá-los à disposição dos moradores da Vila Cruzeiro, no Bairro Santa Teresa, na cidade de Porto Alegre. Os equipamentos farão parte do primeiro Telecentro com máquinas antigas a ser implantado na capital gaúcha.

Os computadores, com oito a 16 MB de memória, serão ligados em rede a um servidor que funcionará como banco de programas e aplicativos, permitindo o acesso à Internet e o uso de editor de textos, de planilha e de correio eletrônico. “Essa aplicação usará Software Livre, possibilitando o reaproveitamento dos equipamentos com um desempenho adequado ao acesso à Internet”, explica o diretor-presidente da Procempa, Rogério Santanna.

O material estava em um depósito no Centro Infanto-Juvenil da Zona Sul, onde será instalado o Telecentro até o final de setembro. A recuperação dos equipamentos vai gerar uma economia de R$ 12 mil a R$ 20 mil por Telecentro implantado. “Essa primeira experiência será analisada e poderá ser ampliada para outras entidades que tenham equipamentos sucateados”, afirma Santanna.

Geração de renda

O ambiente informatizado, com acesso livre à Internet, poderá ser utilizado gratuitamente pelos quase cinco mil moradores da Vila Cruzeiro, inclusive para geração de renda e realização de tarefas escolares. A Procempa está instalando no local seis computadores, bancada e cadeiras. Quatro monitores irão estarão orientando os usuários e realizando cursos de informática básica.

Este é o segundo ambiente informatizado a ser implantado na Vila Cruzeiro. O primeiro foi inaugurado há três meses na Associação de Moradores. Em Porto Alegre, já foram instalados cinco Telecentros, que recebem quase seis mil pessoas por mês, com faixa de renda de um a quatro salários mínimos. O projeto faz parte do Programa de Inclusão Social da Prefeitura de Porto Alegre. “Pessoas que muitas vezes moram em ruas sem nome e casas sem número ganham um endereço eletrônico”, observa Ilton Freitas, assessor comunitário da Procempa.

Software Livre nas escolas

Outra iniciativa de cunho social no Rio Grande do Sul que utiliza softwares livres é o projeto “Informática na Educação: uma rede para a inclusão digital”, implantado na rede municipal de ensino da prefeitura de Porto Alegre e que adota o Software Livre. Os ambientes informatizados das escolas já atendem 91,3% dos alunos através de um sistema que interliga 51 redes locais de escolas de variadas regiões da cidade. A rede dispõe de sistema operacional Linux, com StarOffice, correio eletrônico e acesso à Internet.

Todas as escolas têm acesso livre à Internet, utilizando-se de tecnologias variadas, como as linhas privativas de comunicação de dados de 64 kbps, a Infovia Procempa, wireless e ADSL.

Implantados como parte da política pedagógica, os ambientes informatizados são usados pelas diversas disciplinas para desenvolver seus conteúdos.

O projeto, premiado nacionalmente, busca romper a lógica de exclusão social, criando meios para apropriação de tecnologia da informação desde a escola. A Procempa obteve a segunda colocação na Categoria Universalização dos Serviços e Redes Públicas de comunicação e informação, do Prêmio Excelência em Informática Pública, no CONIP 2001 (Congresso Nacional de Informática Pública), com o trabalho “Informática na Educação: Uma Rede para Inclusão Digital”.

O que são os Telecentros

De acordo com a Procempa, os Telecentros serão espaços públicos, constituídos através de parcerias entre o governo municipal e as comunidades locais, organizações não governamentais e a iniciativa privada. São locais onde estarão disponíveis tecnologias de informação e comunicação para pessoas que têm pouca ou nenhuma oportunidade de usar ou aprender a usar as tecnologias. A missão dos Telecentros é de superar os limites de um espaço equipado com máquinas e acessórios, para ser um espaço de integração das comunidades e de democratização da informação. Seu potencial deverá ser trabalhado no sentido do estímulo à solidariedade, oportunizando meios para as comunidades melhorarem suas condições de vida e trabalho.


Rodrigo Asturian - asturian@RevistaDoLinux.com.br

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