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Asas de um pingüim

A migração de sistemas proprietários para o Linux faz o Instituto de Proteção ao Vôo, do Comando da Aeronáutica, economizar mais de R$ 200 mil

O alto custo para aquisição e atualização de softwares proprietários atrapalha muitas organizações privadas e públicas, que encontram no Linux a solução para estes e outros problemas. Com o Instituto de Proteção ao Vôo (IPV), organização do Comando da Aeronáuti- ca, não foi diferente. Com a migração para sistemas OpenSource efetivada recentemente, o Instituto deixou de adquirir novas licenças de software e de efetuar "upgrades" nos produtos já instalados. Essa mudança de rota na gestão dos recursos de informática fez o IPV economizar até o final do ano passado mais de R$ 200 mil em sistemas operacionais e aplicativos de escritório e, para os próximos dois anos, espera-se uma redução de gastos na ordem de R$ 100 mil. "Com o Linux, houve uma redução substancial dos nossos custos e aumentou a confiabilidade do ambiente computacional do Instituto, englobando as máquinas servidoras e as estações de trabalho", ressalta o Major-Aviador Ricardo Rangel, chefe da subdivisão de Informática do Instituto e doutorando em Computação Aplicada pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

O IPV, criado em 1960 (quando se chamava Curso de Comunicações e Proteção ao Vôo), tem como missão a formação de profissionais, por meio de reciclagens técnico-operacionais que se especializam nas áreas de controle de tráfego aéreo, meteorologia, eletrônica e informática, entre outras, voltadas exclusivamente para a proteção ao vôo. O Instituto já formou aproximadamente 18.400 alunos, sendo 17.000 brasileiros e 1.400 estudantes estrangeiros de nações amigas e está localizado no Centro Técnico Aeroespacial (campus de 12 mil metros quadrados), a 3,5km do centro de São José dos Campos.

De acordo com Rangel, os problemas que o Instituto enfrentava não eram poucos. Além do alto custo para aquisição e "upgrades" de sistemas operacionais para os servidores e estações, produtos para os serviços de rede, licenças para as conexões das estações em rede e também de aplicativos de escritório, o IPV tinha outros obstáculos. "Havia a falta de robustez dos servidores de rede, que necessitavam de manutenção e, freqüentemente, de reinstalação de todos os serviços da máquina", diz.

Para Rangel, a fragilidade dos sistemas operacionais Windows NT instalados nas máquinas servidoras, além de não proteger a máquina contra acessos indevidos, deixava extremamente vulneráveis o site do IPV, os serviços de rede e os acessos às bases de dados. "A excessiva taxa de manutenção das estações de trabalho e a proteção inadequada de nossas máquinas contra vírus atra- palhavam nossa missão e nas máquinas dedicadas à simulação, apenas sistemas mais estáveis como o Unix e Linux eram capazes de garantir o "time-sharing" correto para o processamento das tarefas", considera.

O primeiro passo foi migrar o sistema operacional das máquinas servidoras para o Linux, de modo a garantir a continuidade de todos os serviços de rede existentes anteriormente. Naquelas máquinas, foram empregados, além do Conectiva Linux 6.0/7.0 (com o KDE), as ferramentas sendmail; named (serviço de resolução de nomes), dhcpd (serviço de endereçamento dinâmico); httpd, php e java (home-page do IPV); MySql; Samba (login de máquinas Windows e serviços de compartilhamento de arquivos e impressoras); ipchains e iptables (firewall), entre outros.

Após um período de testes que durou um ano, o IPV decidiu dar um passo adiante e migrar também as estações de trabalho para o Linux com a interface KDE, utilizando ferramentas bastante conhecidas dos linuxers, como o Gimp; StarOffice 5.2; LinNeighborhood (acesso a pastas compartilhadas em outras máquinas); Samba e lpd (compartilhamento de arquivos e impressoras); formulá- rios em html e php (tramitação de dados), entre outros.

Ao explicar as considerações técnicas envolvidas no processo de migração, Rangel enfatiza que a idéia básica era criar um sistema de trabalho onde o usuário tivesse possibilidade de efetuar as mesmas tarefas que realizava com o Windows, com algumas características diferentes, no entanto, devido às particularidades do Linux. "Além de manter as qualidades do sistema anterior, também existia a necessidade de reduzir as falhas encontradas nas estações de trabalho e servidores, de forma a aumentar a estabilidade e a confiabilidade dos sistemas no Instituto", frisa.

"A migração para o Linux, realizada nos servidores, foi um sucesso total", afirma Rangel. Ele explica que, por se tratar de um sistema mais estável, as máquinas servidoras não necessitam mais de manutenção constante, o que possibilita a continuidade dos serviços oferecidos em rede. Além disso, explica Rangel, o tratamento de privilégios do Linux para pastas e arquivos e o emprego de iptables aumentaram o nível de segurança das máquinas que disponibilizam os serviços de rede e principais bancos de dados da empresa. "Os danos causados por vírus nos servidores se reduziram a zero", aponta. Nas estações de trabalho, os resultados com o Linux foram relevantes. De acordo com Rangel, a taxa e o tempo de manutenção foram reduzidos consideravelmente, a intrusão e o acesso não-autorizado às estações se restringiram às pastas públicas disponibilizadas via Samba e os danos causados por vírus não atingem mais as estações.

Missão cumprida

Com o Linux nos servidores e nas estações de trabalho, o Instituto de Proteção ao Vôo, do Comando da Aeronáutica, obteve inúmeras vantagens, principalmente na redução de custos operacionais, aumento da segurança das informações e robustez dos sistemas instalados.

  • Garantia de uma maior segurança dos dados e projetos do Instituto

  • Redução da destruição causada por vírus

  • Redução da instalação de softwares não autorizados

  • Controle e monitorização remota de todas as estações de trabalho, em todos os níveis

  • Redução do custo com a aquisição e atualização de softwares

    Usuário sugere ajustes

    Um dos usuários do Linux no IPV, o Major-Aviador Jessé Moreira da Costa, Adjunto da Assessoria para Implantação de Ensino à Distância, enumera as vantagens obtidas com a migração. "Redução de travamentos, praticidade no uso de arquivos compactados, maior segurança de dados e melhor proteção contra vírus foram as maiores vantagens". No entanto, para Moreira da Costa, o Linux precisa de alguns ajustes. "Falta compatibilidade com softwares para Web, para os quais já temos licença, como Authorware, Flash, Toolbook, Dreamweaver, Director e outros. Isso nos obrigou a manter alguns projetos de desenvolvimento no sistema substituído", ressalva.

    Treinamento

    No total, 71 pessoas do IPV foram envolvidas no processo de capacitação inicial ao Linux. A princípio, a equipe técnica local, composta de seis funcionários, adquiriu conhecimentos por meio de pesquisas na Internet, reuniões de grupo, consultas junto a empresas e revistas especializadas. A Netway Treinamentos e Informática fez o treinamento do Linux e ferramentas livres para um grupo de 16 funcionários (entre técnicos e usuários mais experientes) e a Conectiva realizou consultoria técnica ao IPV. Por meio de palestras e microcursos, a equipe de Informática do IPV procurou familiarizar aproximadamente 50 usuários com o novo sistema, visando minimizar qualquer rejeição às mudanças. O custo de todo o treinamento foi de R$ 15 mil, com 120 horas distribuídas entre os técnicos e usuários mais e menos experientes.


    Rodrigo Asturian - asturian@RevistaDoLinux.com.br


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