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Um grande projeto

Veja como a equipe de informática das Lojas Colombo conseguiu migrar uma aplicação Clipper/MS-DOS/Novell para o Linux em 296 lojas espalhadas pelo Brasil

O leitor da Revista do Linux está prestes a conhecer um dos projetos mais ambiciosos e bem sucedidos na área de software livre e automação comercial já realizado em todo o mundo. O estudo de caso apresentado é nada mais, nada menos, com as Lojas Colombo, a maior rede de varejo do Sul do Brasil - e a terceira rede de lojas de eletrodomésticos e móveis do país - que atua no comércio varejista no ramo de eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e bazar, possuindo também uma administradora de consórcios. A relação da Colombo com o Linux é uma das mais representativas, pois envolve 296 lojas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e interior de São Paulo. São 5.000 pessoas que trabalham na rede de lojas, sendo 35 na área de informática. A empresa investiu somente neste ano R$ 12 milhões em tecnologia (1,5% de todo o seu faturamento).

Antes da migração para o Linux a Colombo usava servidores Novell com estações de boot remoto. O sistema rodava em Clipper. Atualmente, a rede de lojas roda o mesmo sistema. ~SReaproveitamos todo o legado de desenvolvimento do sistema de automação comercial, rodando agora em FlagShip com Linux e com quase nenhum upgrade de equipamento. Na verdade, melhoramos muitos servidores das lojas, porém, não como requisito, mas para agilização de processos e ganho de confiabilidade, ou seja, conseguimos dar um grande salto tecnológico agregando alguns benefícios como segurança e performance aproveitando parte do legado~T, diz Pedro Thomasini, atual gerente de Informática da Colombo.

A principal razão para a migração foi a evolução tecnológica que se fazia necessária na aplicação Clipper/MS-DOS/Novell que rodava nas lojas. Algumas alternativas foram estudadas. Desenvolver um sistema novo em ambiente MS-Windows foi descartado, pois o investimento no desenvolvimento, em softwares proprietários e no upgrade quase total do parque de hardware seria muito alto, além de demandar um grande tempo de projeto. As possibilidades de ter o mesmo sistema rodando em emulador MS-DOS (DOSEMU) e emulador de rede Novell (Mars NWE) ou, ainda, no SAMBA, também foram descartadas, pois não representariam nenhum benefício para a empresa.

~STínhamos uma tecnologia antiga e fora do mercado e precisávamos agregar novas funcionalidades, mas não podíamos estar trocando todo o parque de máquinas~T, explica Alexandre Blauth, diretor de Tecnologia da Colombo. Outra alternativa foi a busca de algo pronto. ~SCaíamos na mesma questão. E o pior: Estaríamos com um sistema sem as nossas personalizações~T, diz.

A conclusão era a de que o sistema existente era bom e atendia às necessidades da empresa, porém, estava rodando em uma tecnologia totalmente defasada. ~SPor serem ferramentas muito antigas e em processo de extinção, o futuro da aplicação estava comprometido~T, acrescenta Blauth. Com a alternativa Linux, a Colombo conseguiu deixar o novo sistema - em nível de funcionalidade ao usuário - totalmente idêntico ao anterior, mas com um avanço tecnológico extremamente significativo. ~SReaproveitamos todo o legado dos fontes do aplicativo, com 10 anos de desenvolvimento, e mantivemos o parque de máquinas, composto por micros 486 e Pentium~T, diz.

Algumas considerações técnicas estavam envolvidas em todo o processo de migração para o Linux. A primeira delas é que o sistema deveria rodar 100% em Linux, com a completa integração de todos os periféricos envolvidos em uma automação comercial (impressoras fiscais, Pen Pad, leitores de códigos de barras e impressoras térmicas). As máquinas teriam que ser reaproveitadas, e a implantação nas lojas e o treinamento ao usuário final deveriam ser rápidos e simples. ~SComo o número de lojas é muito grande, passar em cada uma delas, implantar e treinar se torna um processo lento e de alto custo, se não for bem planejado~T, afirma Blauth. A solução também deveria funcionar por um determinado período com os dois ambientes, pois a implantação não seria feita da noite para o dia.

O pingüim começou a dar a sua cara nas Lojas Colombo quando a equipe de informática fez um piloto numa das filiais da rede. Após constatar uma grande melhoria - performance e estabilidade muito maiores, baixíssimo investimento e grande avanço tecnológico - a conversão aconteceu em ritmo acelerado, com cinco a 10 novas lojas por semana. As aplicações que rodam em Linux são: Automação de Centrais de Cobrança (Centrais de Cobrança), Automação Comercial (Lojas) e Sistema de Consórcio (Sistema Corporativo).

~SHoje, a solução está funcionando muito bem e há uma grande satisfação técnica e do usuário final, sendo que o sistema ficou muito mais rápido e extremamente estável~T, afirma Blauth.

A solução Linux está em todas as lojas da rede. O acesso remoto para manutenção ficou mais simples e rápido e a Colombo se livrou do fantasma que tinha com o ambiente MS-DOS. Além disso, a solução permitiu que a Colombo evoluísse para outras ferramentas (CGI com Apache, PostgreSQL, PHP, ftp, telnet, entre outras) por meio de uma compatibilidade que não existia na solução anterior. E o melhor de tudo é que, com o Linux, os dados ficaram muito mais seguros. ~STecnologia por si só não é diferencial tecnológico para uma empresa. O diferencial que você obtém é pelo uso da tecnologia certa na hora certa. Com certeza, você pode obter vantagens sobre seus competidores se tiver as melhores tecnologias, mas é necessário saber usá-las~T, frisa.

A migração foi feita com a mesma equipe de desenvolvimento. Ela continuou em todos os momentos atendendo as necessidades diárias normais do sistema. ~SCom o mesmo número de pessoas, atendemos o sistema antigo em Clipper e o novo, em FlagShip e Linux, e isto representou um grande ganho de produtividade e qualidade no suporte e nas manutenções remotas ao sistema~T. A solução levou 4 anos para ser implantada, desde as primeiras experiências até a loja final, e todas as resistências foram derrubadas com resultados. ~SConseguimos ir mostrando resultados e agregando cada vez mais apoiadores. Pessoas que disseram que jamais usariam por vontade, hoje estão abraçados com pingüins~T, afirma Blauth. Segundo ele, algumas pessoas não tiveram como sustentar a resistência e a onda os levou. ~SHoje, eles estão engajados, mas é claro que você precisa mostrar credibilidade no projeto para ter o apoio da gerência e diretoria, que são aqueles que patrocina o projeto~T, salienta. Para Blauth, o que fez a implementação ser bem sucedida foram as pessoas da equipe. ~SJair, Ivair, Adriano, Djalma, Carlos, Simone, Daniel e Sandro entre outros, que compram o desafio de inovar e avançam nas resistências. Isto na Colombo nos orgulha muito em todos os projetos~T, afirma.

Na outra ponta, do usuário final, o apoio à nova solução baseada em Linux foi total. Não foi necessário reaprender praticamente nada (apenas os comandos de ligar e desligar o servidor). ~STivemos um grande avanço tecnológico reproveitando tudo, seja hardware ou software, e nossa aplicação ficou mais rápida e estável, o que é de fundamental importância em se tratando de comércio~T, diz Alexandre Blauth. Além disso, a Colombo abriu a possibilidade de evolução para o aplicativo da empresa. ~STalvez dê para dizer que, apesar dessa evolução toda que conseguimos com a troca de ambiente, apenas abrimos a estrada e agora vamos começar a usá-la~T, declara Blauth, confiante no Linux.

As vantagens do software livre, segundo a Colombo

  1. O suporte é mais atencioso (fóruns e listas de discussão da comunidade Linux) e gratuito

  2. Evoluções rápidas e grandes perspectivas tecnológicas

  3. Você não fica ~Spreso~T, tendo que periodicamente pagar pela atualização de versões para rodar novos produtos. Novas versões aparecem para atender a novas necessidades e, caso estas não sejam atendidas, você mesmo pode desenvolver uma solução adequada.

  4. Possibilidade de personalização do sistema de acordo com suas necessidades

Tecnologia da solução Linux

Plataforma usada: Servidor Conectiva Linux e terminais em boot remoto e Windows.

Servidor de banco de dados: DBF (herança do Clipper), porém sem comparações em nível de integridade e performance. Tamanho do banco de dados: tabelas de 100 a 2.500.000 linhas (dependendo da filial), maior base: 3.3 Gb, menor base: 100 Mb.

Rede: Linux

Número de usuários concorrentes: De 3 a 100

Treinamento: Quantidade de pessoas envolvidas no processo de treinamento: zero para o usuário final e 12 para desenvolvedores e suporte. Centros de serviços/suporte envolvidos no treinamento: Inso Informática e NetCom Informática

Desenvolvimento: Quatro desenvolvedores, a fase inicial (primeiro piloto) levou 30 dias e o restante, 60 dias (Obs.: Não está computado o tempo de aculturamento ao ambiente Linux. Os trabalhos sempre foram paralelos ao desenvolvimento e manutenções normais em um sistema de informação.).

Fonte: gerência de informática - Lojas Colombo.

História

A Colombo existe há 40 anos, surgida em Farroupilha, no interior do Rio Grande do Sul. A Maggioni e Colombo, como era chamada inicialmente, foi fundada por Dionysio Maggioni e Adelino Colombo. Após um ano de funcionamento, consertando rádios e vendendo produtos variados, a televisão é implantada no Rio Grande do Sul, alavancando os negócios da Colombo. Em 1964, é lançada a grande novidade: o consórcio de televisores. Em 1997, a Colombo torna-se a maior rede de varejo do Sul do Brasil, sempre trabalhando com recursos próprios.

Parque de informática das Lojas Colombo

Parque das lojas
300 servidores
2.800 terminais
700 impressoras fiscais
500 impressoras Epson LX-300
300 impressoras laser
Conexão via Vsat, LP's e Frame Relay
Acesso à Internet via link da Embratel (via Administração Central)
Protocolo de comunicação: TCP/IP

Software: Linux, Windows, Aplicativo de Automação Comercial (desenvolvimento próprio)

Centro Administrativo
2 servidores Unix clusterizados
2 servidores Unix (site backup)
1 subsistema de armazenamento (Symetrics)
35 servidores Intel
250 terminais
30 impressoras de pequeno e médio porte
Banco Oracle 8 em Unix
Acesso à Internet via Embratel
Software: pacote de gestão com vários outros módulos com desenvolvimento próprio, Windows, Windows NT, Unix (servidores principais), Linux (dois servidores de desenvolvimento e um servidor para o Sistema de Consórcio), Servidor de correio Microsoft Exchange, Intranet corporativa com desenvolvimento

Fonte: Gerência de Informática - Lojas Colombo

Com a alternativa Linux, a Colombo conseguiu deixar o sistema igual ao anterior, mas com avanços tecnológicos significativos


Rodrigo Asturian - asturian@RevistaDoLinux.com.br

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