Manz: só tranqüilidade
A implantação do Linux proporcionou estabilidade a baixo custo
Elvis Pfützenreuter
epx@netville.com.br
Desde o início de 1998, a Malharia Manz estudava soluções para desenvolvimento de sistemas em arquitetura
cliente/servidor, bem como ferramentas para acesso e serviços Internet. O projeto de longo prazo do departamento de informática
consistia em usar a Internet como principal meio de comunicação de dados até meados de 1999, e migrar seus sistemas corporativos
para cliente/servidor até o início de 2001.
O caminho natural parecia ser a migração progressiva da plataforma Netware para Windows NT. Mesmo assim,
a área de informática resolveu fazer alguns testes com o Linux, motivada pelo recente lançamento do Interbase 4 para Linux.
Também tornou-se o Linux responsável pelo compartilhamento de um link discado à Internet.
Devido ao grande sucesso dessas experiências, ainda em 1998 usou-se o Linux para converter um sistema de
informações gerenciais para a arquitetura cliente/servidor, trabalho concluído em setembro do mesmo ano. O ganho de performance,
de até trinta vezes em algumas consultas, bem como a confiabilidade, que evoluiu de falhas semanais na versão anterior, para
nenhuma falha em catorze meses de operação da nova versão, coroaram definitivamente o Linux como plataforma de escolha para
quaisquer projetos futuros. Não obstante, o uso do Linux continuou restrito a um servidor até meados de 1999. Nesse meio
tempo, o link discado à Internet foi substituído por um link permanente síncrono.
Desde o final de 1998, já se sabia que os diversos servidores Netware 3.12 utilizados pela Manz eram
sensíveis ao "bug do milênio". Eles teriam de ser atualizados para Netware 4, ou substituídos por outra plataforma. A
atualização dos servidores custaria bastante caro, e seria um contra-senso investir em Netware se a intenção era migrar para
Linux em no máximo dois anos. Por outro lado, seria impossível migrar todos os sistemas para cliente/servidor até a virada
do milênio, tampouco substituir o grande número de estações DOS com boot remoto.
Começou-se então a fazer testes com o Mars-NWE, o emulador de Netware para Linux. Uma vez determinado
que o Mars funcionava bem com os softwares e máquinas em uso na Manz, os servidores foram, um a um, convertidos para Linux,
num lapso de quatro meses. A migração gradual visava o acompanhamento da confiabilidade do Mars nos ambientes de produção.
Os dois últimos servidores Netware foram desativados em agosto de 1999.
Assim, foi possível resolver o problema do bug do milênio com um custo mínimo, manter a compatibilidade
com softwares e equipamentos de legado, e de quebra, preparar antecipadamente os servidores para a inexorável adoção da
arquitetura cliente/servidor. Para Cesar Rodrigo Tomporoski, gerente de sistemas da Manz, a substituição do servidor Novell
para Linux foi uma grata surpresa. "Nós não achávamos que a migração poderia ser tão tranqüila, a ponto de ter passado quase
despercebida pelos usuários da Manz", diz ele, acrescentando que fora isso, a estabilidade do Linux realmente impressionou.
"Sem traumas e com ganhos efetivos, passamos então a planejar a completa conversão de toda a nossa plataforma. Para portar
alguns sistemas, desenvolvidos por nós, estamos testando o WinLinux e, com a experiência adquirida em instalação e configuração
Linux, julgamos ser esta a melhor solução para a estabilidade, custo e facilidade de implantação", completa.
Hoje, a Manz usa Linux em todos os servidores, exceto por uma máquina Netware da área industrial, cujo
sistema de gestão ainda depende do Btrieve for Netware, embora o fornecedor do sistema já estude o Linux como plataforma
alternativa de servidor. Também há grande interesse em se adotar o Linux nas estações de trabalho.