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Público e Livre

Prefeitura de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, economizará R$ 422 mil este ano, que serão investidos em programas sociais de capacitação e inclusão digital

A prefeitura de Rio das Ostras, localizada no litoral norte do Rio de Janeiro, a 177 quilômetros da capital, está adotando soluções baseadas em Software Livre. O processo teve início em 2001, quando foi criada a Assessoria de Informática, que se encarregou de realizar estudos para instalação de programas livres nos servidores e estações de trabalho da prefeitura. Após a realização de diversos testes com diferentes distribuições e suítes office, decidiu-se usar o Conectiva Linux 7.0 e o StarOffice 5.2.

“Observamos algumas vantagens do software livre que foram decisivas para que houvesse o processo de migração dos sistemas proprietários para os livres”, afirma Marcos Vinicius Marini, assessor de Informática da prefeitura de Rio das Ostras. Melhor performance e segurança, códigos-fontes abertos e livres para adequação, maior integração de dados e redução de custos em aquisição de licenças de uso de software proprietário, foram algumas das razões enumeradas por Vinicius para justificar a migração.

“Havia grande perda de tempo com manutenção dos sistemas, atualização dos anti-vírus e versões, e, além disso, era muito baixa a utilização dos recursos das suítes office proprietárias instaladas anteriormente”, salienta Vinicius. Para ele, o importante do projeto em Rio das Ostras é que os funcionários da prefeitura, inclusive os da própria Assessoria de Informática, foram capacitados para a utilização de Software Livre. Em 2001, foram treinadas 360 pessoas e, para este ano, a expectativa é que sejam capacitadas mais 500 pessoas do total de cerca de 1800 servidores públicos.

A economia proporcionada pelo processo de migração foi significativa. Em 2001, foram economizados R$ 208 mil, e, em 2002, a economia será de R$ 422,4 mil. “Essa estimativa de valor foi baseada na proposta de se migrar todos os softwares para Windows XP e Office XP, para os quais seriam compradas licenças conforme as necessidades, considerando que possuímos atualmente 304 equipamentos e não podemos participar do pacote Select da Microsoft”, explica Vinicius. Essa economia foi possível com a locação de equipamentos sem a suíte MS-Office, nos quais foi instalada a suíte StarOffice, que está totalmente integrada à rede da prefeitura, o que automatizou e agilizou todos os processos que demandam a utilização da informática. Para isso foi desenvolvida uma interface gráfica baseada no QVWM, personalizada, observando as necessidades e funcionalidades que devem ser utilizadas pelos usuários, melhorando a adaptação para a nova filosofia.

“Todos os servidores foram migrados, várias estações são somente GNU/Linux, nosso provedor é todo Livre e temos pelo menos um computador em cada secretaria com este tipo de plataforma. Vale lembrar, que toda a secretaria de Guarda e Trânsito está trabalhando em Software Livre, desde o servidor até as estações de trabalho”, explica Vinicius.

Outro fator importante no processo de migração da prefeitura de Rio das Ostras para o Linux foi o reaproveitamento de máquinas condenadas à obsolescência. Com a adoção do software livre, foi possível fazer um reaproveitamento, de, aproximadamente, 10 computadores antigos para um dos projetos da Secretaria de Bem-Estar Social, chamado “Um Bem Maior”, que capacita menores entre 14 e 17 anos oferecendo conhecimento profissional. Neste local também são ministrados cursos para a comunidade, promovendo a inclusão digital.

Como novos projetos, a prefeitura tem: OpenOffice em alguns equipamentos para uso interno, a fim de sanar todas as dúvidas antes de passarmos para os usuários; melhoria da interface personalizada, inclusive com gerenciador de arquivos em Web; e alguns aplicativos sendo desenvolvidos em PHP + PostGreSQL e também em StarOffice + PostGreSQL.

“Utilizamos o Sistema Operacional Linux nos servidores de arquivos, web, banco de dados, além de 20% das nossas estações de trabalho espalhadas pelas Secretarias Municipais e 40% do total de equipamentos com StarOffice nas estações de trabalho”, diz Vinicius, que também afirma que foi possível implementar uma solução de servidor proxy com Linux, na qual diversas secretarias utilizam um computador Linux e uma linha telefônica.

Economia gera benefícios à população

A utilização dos recursos

Muitas prefeituras podem apenas enxergar os benefícios econômicos proporcionados pelo Software Livre, no entanto, em Rio das Ostras, a equipe de informática da Prefeitura percebeu que tão importante quanto a vantagem financeira eram os recursos que conseguiria implementar sem a necessidade de adquirir mais softwares. “Ao deixarmos de adquirir novas licenças em 2001 e 2002 obtivemos uma economia em torno de R$600 mil, além da vantagem de buscar novas soluções livres como o Qcad, o PostgreSQL e o PGAccess, permitindo um planejamento com mais liberdade”, afirma Vinicius. Com a economia, o município poderá viabilizar a montagem de dois laboratórios, um para atender aos funcionários da Prefeitura na capacitação e inclusão digital, utilizando software livre, e o segundo para oferecer cursos de informática para menores carentes e para a comunidade, também com a mesma plataforma. “Vale lembrar que estamos em processo de compra de 5 totens para acesso a Internet. Está sendo estudada a possibilidade de aquisição de uma unidade móvel com computadores, e para o orçamento do próximo ano, a construção de um imóvel para acesso à Internet e utilização das tecnologias, objetivando ampliar o nosso processo de inclusão digital”, destaca. Nos anos de 2001 e 2002, os investimentos foram mais voltados às áreas de Obras, Saúde e Educação, secretarias estas que receberam cerca de 136 computadores. Para Vinicius, a maior vantagem para as equipes de informática das prefeituras é a liberdade que o Software Livre proporciona de poder estudar, criar, desenvolver e apresentar soluções que antes só eram possíveis com ferramentas estáticas e proprietárias. “É muito bom resolver os problemas, integrar e modificar os programas, adequando-os perfeitamente às necessidades dos usuários”, salienta. Ele acredita que os gestores deveriam questionar os seus contribuintes como e em que os recursos públicos deveriam ser investidos. “Para um munícipe é melhor que seja investido R$ 1.600 em livros ou remédios do que em um software. Afinal, os gestores públicos devem aplicar naquilo que é mais econômico e eficiente”, finaliza.

A equipe de informática da prefeitura de Rio das Ostras desenvolveu uma interface gráfica baseada no QVWM.


Rodrigo Asturian - asturian@RevistaDoLinux.com.br

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