Revista Do Linux
 
OUTRAS SEÇÕES
  Cartas
  Variedades
  Rádio Linux
  CD do Mês
  Coluna do Augusto
  Leitura
  Dicas e truques
  Opinião
 

Guerra de giz

A nova mania da informática está na ponta de um giz e em tubos de batatas

Diariamente estranhos símbolos estão sendo feitos nas paredes de prédios e calçadas das mais diversas cidades. Mas não se preocupe, estes símbolos não são uma espécie de marcação de territórios de gangues ou outra ameaça parecida.

Quando a comunicação sem fio começou a ganhar espaço na área de transmissões de dados, o IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) resolveu apostar nas pesquisas para a criação de padrões abertos que poderiam tornar a comunicação sem fio uma realidade e, em 1990, o Padrão IEEE 802.11 foi criado. O projeto ficou sem aplicação durante aproximadamente sete anos, pois determinados fatores, como a baixa taxa de transferência de dados, em torno de alguns Kbps na época, não permitiam a implantação prática da tecnologia. Com o passar dos anos, a taxa de transferência aumentou, atingindo vários Mbps, e o padrão IEEE 802.11b, mais conhecido como Wi-Fi, ou simplesmente “rede wireless” (rede sem fio), começou a se popularizar.

O warchalking foi criado em junho do ano passado pelo web designer Matt Jones que, enquanto almoçava com dois amigos, viu alguns estudantes utilizando conexões wireless para trabalhar a partir de uma praça pública, como se fosse um escritório. Um dos amigos de Matt lembrou-se de uma “linguagem” de sinais utilizada por mendigos e viajantes com o objetivo de informar onde poderiam achar comida grátis, uma cama confortável ou até mesmo encrenca, e surgiu a idéia de demarcar a presença de redes wireless com sinais parecidos.

Quando Matt divulgou pela primeira vez o warchalking em seu weblog, as duzentas visitas diárias que seu site recebia aumentaram para cerca de dez mil. Um dos motivos para o aumento no número de visitas foi o fato do weblog de Matt ter sido divulgado no famoso site de notícias Slashdot (http://www.slashdot.org), permitindo que milhares de geeks ao redor do mundo ficassem sabendo da novidade.

Com a popularização do padrão 802.11b, alguns geeks descobriram uma nova “diversão”: o Wardriving. Munidos de um laptop ou PDA com placa de rede wireless e uma antena, eles saem dirigindo (ou pedalando suas bicicletas, o que é conhecido como Warpedaling) pelas ruas das cidades à procura de pontos de acesso. Depois de encontrar estes pontos, eles colocam as idéias do warchalking em ação, riscando com giz os símbolos definidos por Matt.

Apesar de serem produzidas por várias empresas, alguns warchalkers preferem fazer as próprias antenas, ou melhor, cantennas: uma antena direcional feita com latas. Este tipo de antena, geralmente confeccionada com as embalagens das famosas batatas Pringles, serve para intensificar o sinal proveniente de redes wireless e aumentar a probabilidade de “escutar” uma rede sem fio. Fazendo uso do melhor espírito DIY (Do It Yourself), você pode acessar o endereço www.oreillynet.com/cs/weblog/view/wlg/448 e descobrir informações sobre como proceder para criar a sua cantenna por menos de US$ 10 dólares.

Uma das perguntas mais freqüentes em relação ao warchalking é: Por que não usar tinta em vez de giz para desenhar as marcas? Se você pensava que a tinta seria mais apropriada por resistir melhor ao tempo e ao clima, os warchalkers têm um bom argumento para você descartar essa idéia: segundo eles, as marcas de giz podem ser facilmente apagadas, o que obriga quem fez a marcação a voltar ao local e rever as condições daquela rede, mantendo assim a marca sempre atualizada.

Com o rápido crescimento, o warchalking começou a incomodar grandes companhias, como é o caso da Nokia, que recentemente classificou os warchalkers como ladrões. Acusações à parte, a prática também começa a ganhar espaço no Brasil com o aparecimento de grupos e websites sobre o assunto, como é o caso do warchalkingbr.com e wcb.elevador.org.

Até mesmo distros Linux estão se adaptando à realidade e especializando-se em aplicações para redes wireless, como a WarLinux. A distro é feita especialmente para administradores de redes wireless que queiram testar e verificar as condições de suas redes, mas também pode servir para ajudar no trabalho dos warchalkers. O download dos arquivos fontes ou da imagem ISO pode ser feito no endereço sourceforge.net/projects/warlinux/.

Giz verde e amarelo

A Revista do Linux conversou com Pluto, um dos ativistas do Warchalking no Brasil, e integrante do grupo Warchalking-BR (www.warchalkingbr.com). Veja o que ele tem a dizer:

RdL: Por quê fazer warchalking?

Pluto: Existem diversos motivos para se fazer o warchalking, dentre os quais posso citar alguns: diversão, compartilhamento de pontos de internet livre, curiosidade, aprendizado, etc. Agora, o objetivo do nosso grupo é analisar como está se desenvolvendo a tecnologia wireless no Brasil, tanto no aspecto qualitativo como quantitativo.

RdL: Quais são as dicas para quem está começando a “chalkar”?

Pluto: Não existe muito segredo, há muita informação sobre isso na Internet. O mais difícil mesmo é adquirir o equipamento, mas depois que você o tiver, será um dos nossos! Os melhores lugares para “chalkar” são os locais onde podemos encontrar uma grande quantidade de empresas como a Av. Paulista ou a região da Berrini aqui em São Paulo. Outros pontos interessantes são os aeroportos, hotéis, restaurantes, hospitais, etc. Mas também podemos encontrar redes wireless domésticas, apesar de ser bem mais difícil.

RdL: Como anda a popularidade e o nível de segurança das redes wireless no Brasil?

Pluto: A tecnologia wireless está cada vez mais popular, pois o assunto está em pauta e isso tem atraído cada vez mais pessoas interessadas. Com isso, cresce a quantidade de redes wireless. Parece, porém, que as pessoas ainda não ligam muito para a segurança desse tipo de rede, devido a “falsa” sensação de segurança dada pela forma “etérea” de transmissão e por acharem que a rede está invisível. Mas agora, com o surgimento do warchalking, isso tende a melhorar. As empresas vão começar a perceber que a segurança de uma rede wireless tem de seguir os mesmos moldes de uma rede tradicional. Cerca de 80% das redes que encontramos, não tinham segurança. Elas estavam abertas para qualquer um que quisesse entrar e estavam funcionando como uma emissora de rádio, onde a programação eram os dados das empresas, sendo transmitidos pelo ar.

Aprenda o significado dos símbolos utilizados

Estes são os símbolos definidos por Matt Jones e usados pelos Warchalkers:

Símbolo que representa um nodo aberto, com acesso livre. Acima do símbolo deve-se indicar o SSID (Service Set Identification), isto é, o nome da rede compartilhada pelos computadores, e, abaixo, indica-se a largura de banda (bandwidth).

Indica que existe um nodo fechado, sem acesso. Deve-se indicar o SSID da rede acima do símbolo.

Indica a existência de um nodo que utiliza a criptografia WEP para acesso. Além do SSID e da largura de banda, você deve também indicar o access contact.

Além dos símbolos tradicionais definidos por Matt, novos sinais estão sendo propostos. Confira :

Nodo aberto

Nodo utilizando criptografia WEP

Nodo invisível (Rede fechada)

Nodo com controle de acesso via MAC Address

Nodo de rede wireless paga

Nodo Fechado

para saber mais: Weblog de Matt Jones - www.blackbeltjones.com/ Wireless in Linux - www.tldp.org/HOWTO/Wireless-HOWTO.html Warchalking - www.warchalking.org/ 802.11b Networking News - 80211b.weblogger.com/ Redes 802.11 - sites.uol.com.br/helyr/drangel1.html Nokia contra os Warchalkers: news.bbc.co.uk/technology/2268224.stm


Felipe Arruda - felipe@RevistaDoLinux.com.br

A Revista do Linux é editada pela Conectiva S/A
Todos os Direitos Reservados.

Política de Privacidade
Anuncie na Revista do Linux