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CORPORATIVO

Cyber-Agressividade
A Web brasileira foi sacudida pelo LIGBR que oferece acesso a Internet em qualquer lugar do Brasil, pagando apenas a ligação telefônica

Quando os mineiros da BRFree lançam uma novidade, invariavelmente deflagram uma hecatombe no mercado brasileiro; logo em seguida, todos saem correndo atrás do prejuízo. Assim foi quando lançaram o primeiro provedor gratuito de Internet no Brasil e desestabilizaram todo o mercado, levando os grandes bancos nacionais a enfrentarem provedores poderosos como UOL, Terra e muitos outros, gerando toneladas de liminares, ofensas descabidas, súplicas ao Comitê Gestor, fazendo lobbies poderosos interferir junto aos políticos na tentativa frustrada de retroceder ao panorama onde todos sentiam-se confortáveis e o negócio Web envolvia pouco risco. Eles inauguravam então a chamada fase profissional da Internet brazuca e todos, daquele momento em diante, passaram a duvidar da própria competência e a sentir na pele a volatilidade do universo virtual.

Não houve quem escapasse ileso nessa transformação e dois anos depois, quando muitos sucumbiram e outros lutaram à exaustão para manter suas posições, justamente quando todos preparavam-se para um merecido repouso, lá vem eles de novo, com um terremoto de maior proporção que o primeiro: acesso gratuito para qualquer cidade brasileira, tarifa única, webmail, providos por um mainframe que é o maior servidor de aplicações Linux do mundo!

Cinco dias após o início das operações da LIGBR (www.ligbr.com.br), com o chamariz da tarifa de R$ 0,07 por minuto para qualquer localidade no Brasil, com pouca publicidade, e mesmo sob o impacto da megatragédia dos atentados nos Estados Unidos, os mineiros arrebataram 50.000 usuários e é muito provável que em tempo recor-de sejam o maior provedor deste país. O gigantesco atraso da infraestrutura de telefonia, principalmente após a privatização do setor, na qual as promessas de agilidade nas transformações não passaram de conversa de vendedor", mostram um panorama em que apenas os grandes centros conseguem suprir a demanda dos internautas, mesmo assim de modo precário. Quantas cidades não possuem sequer provedores? Quantos pequenos provedores oferecem estrutura e conexões decentes? E mesmo entre os grandes provedores, quais os que real-mente fornecem o que vendem?

Colocando o dedo na ferida, a BRFree preparou um novo cenário para desbravar um universo de 26 milhões de usuários, com metas bem plausíveis, quer pela desassistência de nossa rede de serviços, pela disparidade com o parque tecnológico dos países desenvolvidos ou até pela atitude acanhada ou desinteressada de nossos grandes provedores e empresas de telefonia. Após intensas negociações com a Intelig para uma tarifa única de acesso e iniciar suas operações, a BRFree conversou com a RdL, através de um de seus donos, Leonardo Leonel, sobre as enormes transformações que ocorrerão a partir de agora na Web brasileira.

RdL - Qual o foco desse novo negócio? Acesso gratuito?

LL - De modo algum, isso é apenas um meio. Queremos oferecer serviços como hospedagem, aplicações (ISP), storage, webmail e vários outros para um público muito grande, para qualquer localidade do Brasil, com qualidade de conexão e tarifa de telefonia muito atraente. O acesso gratuito é apenas a forma de viabilizar o negócio, de oferecer nossos serviços e aplicações, e eles serão muitos, principalmente para empresas. Os usuários domésticos também poderão dispor, além do acesso, do serviço de webmail com um espaço de 10 Mb de caixa de correio em um número enorme de cidades que sequer têm provedor e que são obrigados a fazer ligações interurbanas para centros maiores.

RdL - Provavelmente a grande maioria de usuários da LIGBR serão os domésticos, e, assim sendo, como esperam ganhar dinheiro com esse público? Com participação na tarifa? A Intelig é uma das sócias do investimento?

LL - Publicidade é uma delas, mas entendemos que a demanda por aplicações é a nova exigência da Internet hoje, e nossas expectativas são grandes nessa área. Entendemos que, além do segmento doméstico, há uma enorme carência na área corporativa e preparamos uma estrutura baseada em mainframe IBM, justamente para atender a escalabilidade de uma estrutura de milhões de usuários. A Intelig foi o fornecedor que conseguiu atender nossas exigências mas não é sócia no negócio. Não posso revelar nossos investidores e o montante envolvido nesta operação, mas sabemos exatamente o que estamos fazendo. Por exemplo, o valor da tarifa é a mais atraente do país para usuários que usam até 15 horas/mês ou que querem acesso basicamente pelo serviço de e-mail. Estudos da ABRA-NET revelam que o perfil mais comum de usuário residencial é o do que navega 8 horas/mês, e, nesse sentido, somos os mais aptos para conquistar esse público.

RdL - E no segmento corporativo, quais as expectativas?

LL - Para as empresas pequenas e médias a carência é muito maior que a dos usuários domésticos, e, sabendo disso, logo estaremos lançando um portal que irá oferecer uma linha de servidores corporativos, e daí, nossa opção por uma estrutura baseada em sistema Linux, hospedando domínios com plena estrutura para intranet, extranet, servidores de aplicações, storage, administração e comércio eletrônico, para qualquer porte, em qualquer parte e pelo menor custo. Não se trata de marketing, nosso "business plan" é bastante focado em necessidades reais do mercado empresarial e contempla múltiplas receitas.

RdL - Segundo seu plano de negócios, qual o número de usuários que vocês pretendem conquistar?

LL - Estamos com os pés no chão e temos uma meta inicial de 1 milhão de usuários, achamos algo bem factível. Considerando que em apenas 5 dias conseguimos 50.000 usuários, apesar do Bin Laden e do fantasma da recessão mundial... Tire suas próprias conclusões.

Pioneirismo

A LIGBR é o primeiro caso de ISP com um mainframe IBM S/390 na América Latina, sendo um ISP com capacidade de expansão, praticidade de alocação de novos recursos e de economia de espaço físico ímpares. A solução é toda baseada em ferramentas de software livre e código aberto e está disponível em todo o Brasil. Na primeira semana de funcionamento, o sistema tem batido recordes de acesso aos bancos de dados MySQL.

Hardware

  • Mainframe geração 5 com 10 processadores 32 bits e 2 Gb de memória RAM
  • Um Ramac storage externo com compressão automática, e em processo temporário. Ele deve ser substituído em curto prazo por um Shark IBM (storage externo top line da IBM).
  • Uma unidade backup para carre-gamento da imagem da SuSE na VM
  • Um console OS/2 para gerenciamento dos dispositivos do S/390
  • 3 Notebooks para gerência externa e criação das configurações remotas de Linux
  • Um console 3270 para configuração local do S/390 Software
  • SuSE versão 7.0, kernel 2.2
  • Qmail
  • Apache com suporte a PHP4
  • Servidor de Webmail Sqwebmail
  • Software de Publicação de conteúdo Web desenvolvido totalmente em PHP4 pela Pcplace Informática
  • Banco de dados MySQL

    Observações: O software de publicação de conteúdo da Web foi desenvolvido inteiramente em PHP4. Para a virtualização do sistema, foi utilizada a ZVM e sobre ela foram colocadas 30 máquinas virtuais. Foram virtualizados todos os discos, subsistemas de memória e todo o subsistema de rede, chamado de Machine TCP.


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