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Humor Geek

Conhecido como J.D. Frazer na vida real, Illiad é o autor das hilariantes tiras diárias User Friendly (www.userfriendly.org). Nascido em Hong Kong e criado como cidadão britânico, viajou ainda criança por diversos países, como Austrália, Coréia, Japão e Tailândia. Aos 11 anos mudou-se para o Canadá, onde vive até hoje e de onde exporta seu humor para as mais diversas regiões do planeta. Seu trabalho como administrador de sistemas em um provedor Internet foi a fonte de inspiração para a criação da Columbia Internet e suas personagens. Illiad acredita que a forma de humor mais bem-sucedida é aquela que inclui um certo toque de realidade e, por isso, desenha a partir da experiência pessoal. A popularidade conquistada por suas tiras comprova essa teoria. Milhares de geeks acessam o seu site diariamente para rir do cotidiano engraçado e irônico de Dusty Puppy, Erwin, Miranda, Pitr, Greg, Mike, Steff, A.J., Sid e outros. Nesta entrevista exclusiva concedida a Revista do Linux, Illiad fala sobre a criação dessas personagens, sobre seu envolvimento com o Linux e o software livre, sobre o futuro da indústria de software e sobre a possibilidade de suas personagens, lideradas por Dusty Puppy, chegarem à televisão. Confira.

Revista do Linux — Em suas tiras, você mostra a rotina diária de trabalho de uma pequena empresa de Internet rodando Linux. De onde você tirou a idéia? Você chegou a trabalhar para uma empresa semelhante antes?

Illiad — Eu costumava trabalhar como diretor de criação fazendo trabalho de Web para um pequeno provedor de Internet que usa Linux em suas operações. O nome da empresa é Paralynx Internet.

RdL — Quem são seus cartunistas favoritos? Eles de alguma forma exerceram influência sobre seu trabalho?

Illiad — Berke Breathed, do Bloom County; Garry Trudeau, do Doonesbury; e Bill Watterson, do Calvin and Hobbes. Os três são como deuses para mim e influenciaram tremendamente o meu trabalho. Na verdade, foram eles que me ensinaram a desenvolver minhas habilidades.

RdL — O Dusty Puppy é uma personagem famoso e muito apreciado entre os geeks. De onde você tirou a idéia de criá-lo? Ele é inspirado em alguém?

Illiad — A idéia do Dust Puppy surgiu quando eu tinha somente 12 anos. Eu estava apenas rabiscando e ele saltou do meu lápis! Eu olhei para ele e achei um tanto legal, então decidi mantê-lo por perto, de uma forma ou outra, ao longo dos anos. A personalidade do Dust Puppy evoluiu no User Friendly em razão da minha procura por um modelo que representasse a virtude geek. Ele representa inocência e intensa curiosidade, virtudes estas que geralmente os geeks possuem.

RdL — Você usa o computador para desenhar? Sua máquina funciona sob Linux? Que tipo de software você geralmente usa em seu trabalho? Você prefere Emacs ou vi? :)

Illiad — Eu uso o computador para renderizar todos os cartuns. Em casa eu tenho uma máquina com Windows e Linux. Assim, embora utilize o Photoshop e o Illustrator para os cartuns, também estou dando atenção ao GIMP. Uma vez que esse alcance o nível do Photoshop eu faço a mudança. Não vou responder sobre Emacs/vi porque, se o fizer, independente da resposta, haverá um grande número de pessoas zangadas comigo.

RdL — Muitos de seus desenhos retratam a Microsoft e outras grandes empresas de tecnologia como a Apple e a IBM. Mas especialmente em relação à Microsoft suas criações parecem mostrar um certo grau de sarcasmo. Você acha que o Linux vai pôr um fim ao monopólio da Microsoft no mercado de sistemas operacionais para computadores domésticos?

Illiad — No momento duvido muito que o Linux consiga afetar o domínio da Microsoft nesse mercado. O Linux ainda tem muito chão a percorrer antes de, efetivamente, competir nesse segmento do mercado. A Microsoft teve décadas para estabelecer seu sistema operacional e aplicações padrão para o desktop. E quebrar esse domínio não é algo que possa acontecer da noite para o dia.

RdL — Como você vê os movimentos do open source e do software de livre distribuição? Você apóia algum desses movimentos?

Illiad — Eu apóio ambos, cada um em determinado grau. Ambos têm seu lugar no quadro geral e muitas coisas boas resultaram deles. No entanto, eu não acho que tudo deva ser open source ou software livre. Algumas vezes nós temos de aceitar a natureza humana como ela é, ou precisamos entender que um determinado tipo de negócios exige uma solução com software proprietário. Eu não sou um extremista. Acredito que, em tudo, a moderação é o melhor caminho para o sucesso.

RdL — Ultimamente as seções de tecnologia dos principais jornais norte-americanos têm falado sobre o fim da era do PC. Você acha que o computador pessoal está com seus dias contados?

Illiad — Dificilmente. Eu comparo o PC a uma ferramenta ou eletrodoméstico que está se tornando mais fácil de usar com o passar do tempo. Lembra-se de quando todos esperavam que os telefones com vídeo fossem revolucionar as comunicações e que por isso reuniões ao vivo iam desaparecer?

RdL — Podemos esperar em futuro próximo outro grande sucesso na área tecnológica como o que ocorreu com o PC nos anos 80 e com a Internet em meados dos anos 90?

Illiad — Duvido; nesta década creio que o destaque será uma silenciosa mas visível evolução da tecnologia em lugar de uma revolução tecnológica. E isso não será mais excitante, apenas menos caótico.

RdL — Se os e-books tornarem-se mais populares, a indústria de publicações técnicas estará sujeita às mesmas ameaças — como violação de direitos autorais — que a indústria de música e cinematográfica sofreram no último ano?

Illiad — Primeiro, eu não acho que os e-books se tornarão populares — existe algo muito íntimo quanto ao tato de um livro de verdade em suas mãos e, para ser franco, se eu não puder trazer um livro para a banheira, isso será um desalento quanto ao propósito da leitura. Quanto ao outro lado da questão, eu diria que as violações de direitos autorais vão correr desenfreadas se os e-books se tornarem populares e se os editores não mudarem seu modelo atual de negócios. Esse sempre foi o desafio com esse tipo de mídia, ou seja, encontrar um modelo comercial que seja adequado a uma linha tradicional de negócios.

RdL — Será que é benéfico para a indústria de publicações técnicas a associação dos gigantes de software e hardware com as grandes editoras para obter vantagem e talvez monopolizar o mercado de publicações de e-books em geral?

Illiad — Definitivamente não. Acredito que os donos de grandes negócios terão seu poder fortemente corroído se e quando o criador/escritor/desenhista independente entrar em cena. Veja o exemplo do User Friendly: eu venho ganhando a vida a partir da minha criação sem a intermediação de um sindicato de cartunistas. Sem dúvida, tem sido uma batalha muito difícil, mas de muitas maneiras o User Friendly tem aberto uma trilha em um novo território, e abrir caminho é sempre mais difícil do que somente caminhar por uma estrada que alguém abriu para você.

RdL — Acho que seria uma grande idéia ter um desenho animado semanal do Dust Puppy e de todas as outras personagens levado ao ar em uma grande cadeia de TV. Você tem planos para esse tipo de produção? Ou simplesmente é muito problemático?

Illiad — Nós temos alguns planos e, com o apoio de um destacado estúdio, poderíamos, muito rapidamente, executar o que você sugeriu. Por acaso você conhece alguém de um estúdio para nos pôr em contato?

 

Tradução: Ariel Bressan da Silva


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