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Coluna do Augusto

KDE x GNOME x IceWM x ...

Escrevo esta coluna poucos dias após o lançamento do KDE 3.0, enquanto aguardo o (prometido para breve) lançamento do GNOME 2.0. Como no caso dos editores de texto (já usei este espaço anteriormente para comentar sobre a antiga guerra dos fãs do vi contra os seguidores do emacs), os dois principais ambientes gráficos do mundo do software livre são o motivo de uma “guerra santa” entre seus adeptos, onde cada lado acredita que o seu ambiente preferido é o ideal e tem a resposta e abordagem correta para todos os problemas de usabilidade, funcionalidade e filosofia que possam surgir.

Como no caso dos editores de texto, tenho um posicionamento muito firme sobre a questão: acho tudo uma grande bobagem. Quanto aos editores, quando as circunstâncias obrigam, uso o vi ou o emacs sem grandes traumas, mas prefiro editores mais simples, como o joe ou o nano. E no caso dos ambientes gráficos? Bem, utilizo habitualmente três computadores diferentes, e um deles roda o KDE, outro roda o GNOME e o terceiro roda o IceWM.

Na verdade, considero os três excelentes, e não saberia que critérios utilizar se tivesse que escolher apenas um deles. Já usei também durante muito tempo o WindowMaker, o AfterStep, o BlackBox e vários outros gerenciadores de janelas, sempre com conclusões parecidas: todos atendem às minhas necessidades e, em geral, as superam em muito. Quando se trata dos pesos-pesados KDE e GNOME, eu chego a dedicar algum tempo a esconder o excesso de opções dos menus e emprego horas testando a gigantesca série de aplicativos que os compõem.

Claro que a configuração original raramente me agrada, seja qual for o ambiente, mas basta mexer um pouco nas definições das teclas de atalho, nos ícones da barra de tarefas (seja lá o nome que o ambiente gráfico dê a ela: dock, laucher, kicker...), e me sinto em casa. Como em geral instalo tanto o KDE quanto o GNOME nas máquinas, posso misturar aplicativos dos dois - no micro em que o IceWM é meu ambiente default, o CD Player configurado no menu é o gtcd (do GNOME) e a calculadora é a kcalc (do KDE). Isso não exige nenhum malabarismo, basta ter o espaço em disco.

Qual a moral da história? Sim, todos os principais ambientes gráficos são bons e atingem o objetivo de gerenciar nossas janelas e oferecer as aplicações. Sim, todos têm pontos fortes e fracos. O KDE, por exemplo, inclui um excelente ambiente de desenvolvimento, um pacote de aplicações Office e um navegador web bastante completo. O IceWM carrega ultra-rapidamente e ocupa pouquíssimo disco e memória. E assim por diante.

Assim, não importa de qual ambiente você seja partidário, aproveite os lançamentos das novas versões para conhecer os pontos fortes do “adversário” - nem que seja para acrescentar na lista de itens que você pretende ajudar a implementar no seu favorito. Fazemos parte de uma comunidade livre, e ter a mente aberta ajuda todos (sejam usuários ou desenvolvedores) a progredir.

O lado bom: Você pode selecionar as melhores características de cada sistema e ajustar seu ambiente da maneira que melhor lhe atenda.

O lado ruim: Haja espaço em disco...

Os clubes

Todos sabemos que free software não significa software grátis, mas sim software livre, certo? Mesmo assim, achei melhor reforçar, desculpem se fui repetitivo.

De qualquer forma, as empresas que atuam no mercado do software livre precisam manter suas portas abertas e, para isso, precisam de dinheiro. Mas esse mercado tem características únicas: embora seja perfeitamente correto e normal, sob um ponto de vista puramente econômico, parece até paradoxal que usuários fanáticos pelo Mandrake Linux, por exemplo, instalem-no sempre a partir de imagens ISO obtidas (legalmente e sem infringir nenhum direito) na Internet, ou até mesmo que a própria empresa responsável por este software os disponibilize para download, certo? Claro que isso é o usual, é justo e é exatamente o espírito do software livre. Mas certamente não é a melhor maneira de uma empresa fazer caixa para pagar seus custos, despesas e investimentos.

Para tentar desatar este nó, sem deixar de oferecer seu produto para download gratuito, alguns desenvolvedores de software, como a própria Mandrake ou o PHP-Nuke, vêm adotando a idéia de clubes, onde os usuários entusiastas pagam uma certa taxa periodicamente e ganham o direito a algumas vantagens extras, não disponíveis aos usuários não pagantes.

As vantagens imediatas dos usuários que optam por se tornar membros dos assim chamados clubes não são muito grandes - acesso antecipado a novas versões, possibilidade de download de alguns itens extras, entre outros. Entretanto, muitos optam por se tornar membros dos clubes justamente por saber que dessa forma auxiliam a manutenção dos fornecedores de seus produtos.

Vamos aguardar para ver se essa novidade vai ou não virar uma tendência, mas certamente parece bastante justo (ainda mais por ser opcional), e é positivo ver que a comunidade usuária está disposta a colaborar com as pessoas e empresas que empacotam o software livre, sem que elas precisem para isso tentar restringir o acesso aos produtos.

O lado bom: O software continua livre e grátis, e os usuários têm uma maneira simples de contribuir financeiramente.

O lado ruim: Se virar moda, haja bolso...


Augusto Campos - brain@matrix.com.br


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