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O analista de sistemas Daniel Amato, 44 anos, diretor da Caldera na América Latina, tem experiência de sobra no mercado de informática. Ele trabalhou na SCO e foi transferido para a Caldera em 2000, quando esta foi comprada pela Caldera. Amato tem como hobby cozinhar, principalmente em casa para os amigos. ~SInclusive tenho feito cursos de culinária em Buenos Aires~T complementa. No entanto, quando o assunto é trabalho, todas as atenções se voltam para a parceria da Caldera (uma das maiores empresas de Software Livre do mundo, sediada na Califórnia) com a Conectiva. O espírito colaborativo que marca o desenvolvimento do Linux agora se traduz no mundo dos negócios, com alianças estratégicas. Os detalhes dessa parceria são apresentados em entrevista exclusiva concedida por Daniel Amato para a Revista do Linux . De acordo com o executivo, a idéia é aproveitar a estrutura consolidada de serviços da Conectiva no Brasil, para ofertar os produtos da Caldera. A Conectiva será o rosto da Caldera no mercado brasileiro, diz Amato. Ele acredita que os usuários brasileiros serão os maiores beneficiados com a aliança, e que o momento é de unir esforços. Caldera e Conectiva farão melhor juntas do que separadas, afirma.
Revista Do Linux - Como deve funcionar a parceria da Caldera com a Conectiva, a partir de julho?
DA - Na verdade, nós começamos a trabalhar juntos no início de maio, mas você está certo, até julho a parceria estará funcionando a 100%. Estamos trabalhando nesta idéia (da parceria) desde dezembro último; pensamos que as duas empresas podem se complementar muito bem. Como primeiro passo, estamos considerando a parceria para o Brasil, mas como segundo passo, a nossa intenção é estendê-la a outros países da América Latina. A idéia principal é combinar os produtos da Caldera com os serviços da Conectiva. A Caldera tem produtos que podem ser adicionados ao portfólio da Conectiva e então, oferecer os serviços da Conectiva para completar a oferta. A Caldera está focalizada principalmente em produtos, além dos sistemas operacionais Linux e todas as famílias de produtos Unix. Portanto, não há, basicamente, conflito algum. O único ponto de sobreposição potencial é o SO Linux (Vender qual? O Conectiva Linux ou o Caldera OpenLinux?) Estamos dando os passos para evitar este conflito e oferecer ao cliente a melhor solução.
Rdl - Por que a Caldera decidiu realizar a parceria com a Conectiva?
DA - Na verdade, são várias razões. Como falei há pouco, as empresas podem se complementar, mas é mais importante para o mercado brasileiro o que podemos fazer juntos do que separados. Para nós, esta parceria é como um ganha-ganha-ganha. Ou seja, um ganho para a Conectiva, um ganho para a Caldera e um ganho para o mercado. A Conectiva terá outros produtos para vender; produtos Linux e Unix; terá acesso a alianças estratégicas mundiais que a Caldera já tem com OEMs, ISVs e outros participantes do mercado global; terá a possibilidade de oferecer serviços à atual base instalada da Caldera (a Caldera está atuando no Brasil desde 1985). A Caldera terá cobertura no mercado brasileiro devido à atual infra-estrutura da Conectiva; terá a vantagem do reconhecimento da marca Conectiva. No Brasil, Linux=Conectiva, não há dúvidas quanto a isto. O mercado ganhará; o usuário final terá uma oferta de produtos e serviços através das principais empresas brasileiras de Linux. A base de revendedores terá uma oferta consolidada, que tornará a sua vida mais fácil. Conectiva e Caldera farão melhor juntas do que separadas.
Rdl - Como o senhor avalia o mercado de informática no Brasil e no mundo para as distribuições Linux?
DA - Não há dúvida de que é um potencial enorme. Podemos pensar essa questão sob diferentes aspectos. Do lado tecnológico, o modelo Linux é fora de série. Sua flexibilidade e rapidez de desenvolvimento fazem dele o melhor do mundo. Sob o ponto de vista econômico, o Linux é visto como o mais barato e, portanto, gera uma porção de oportunidades, principalmente quando as empresas precisam gastar com mais inteligência. Esta é uma idéia geral que se aplica no mundo inteiro; diversos países estão em situações diversas, mas todos indo para o mesmo lugar. O Brasil não é exceção e, devido ao desenvolvimento do mercado pela Conectiva, há muitos anos, o país está hoje numa das melhores posições na região.
Rdl - Quais novidades os usuários podem esperar da Caldera este ano? Que novos produtos estarão no mercado em breve?
DA - A Caldera estará lançando vários produtos ao longo deste ano. Basicamente produtos, além de sistemas operacionais. Há alguns produtos já lançados, que a Conectiva estará vendendo, como primeiro passo da parceria, como o Caldera Volution Manager, uma ferramenta para gerenciamento remoto de sistemas múltiplos Linux ou Unix através de um web browser; Caldera Volution Messaging Server, um robusto servidor de colaboração que fornece serviços de mensagem, utilizando tecnologias de padrão aberto que permitem uma fácil interoperabilidade com o Microsoft Outlook, Outlook Express e outros clientes de correio; Volution Online, uma ferramenta que utiliza o Volution Manager como tecnologia central que fornece a capacidade de oferecer diversos tipos de serviços através da Internet; e por último precisamos considerar a oferta de produtos da família Unix. Vamos continuar aperfeiçoando o Caldera OpenServer, o Caldera Unixware 7 e o Caldera Open Unix 8, além de outros produtos, como as tecnologias Reliant HA Clustering.
Rdl - Quais as perspectivas de negócios para o Brasil? Qual o potencial que o Brasil possui que interessa aos negocios da Caldera e do Linux?
DA - O Brasil é bastante estratégico para qualquer empresa. Ele é a sétima economia do mundo e a primeira da América Latina. Pretendemos fazer o empreendimento da Caldera crescer gradualmente ao longo dos próximos trimestres através da parceria com a Conectiva. Nossa meta é duplicar o nosso faturamento e chegar a US$ 1 milhão de dólares no próximo ano fiscal.
Rdl - Qual é a estrutura funcional do escritório da Caldera no Brasil? Que tipo de serviços vocês estão colocando à disposição dos usuários?
DA - Depois de fecharmos o acordo com a Conectiva, ela será o “rosto da Caldera” no mercado brasileiro. Usaremos a infra-estrutura da Conectiva; será mais fácil para o mercado entender e perceber a força dessa parceria. Quanto aos serviços, os clientes poderão obter suporte, treinamento e serviços profissionais através da Conectiva e parceiros do canal.
Rdl - Qual a estratégia da Caldera quanto ao processo de Certificação em Linux?
DA - Você deve estar falando de treinamento. A Caldera promove a Certificação da LPI e a Certificação da CompTIA Linux+. A Caldera investiu muito dinheiro no desenvolvimento de novos materiais de treinamento, que ajudarão os usuários a obter a certificação da LPI ou da Linux+. Esse material estará disponível através da Conectiva e os parceiros do canal.
Rdl - A Caldera tem alguma parceria com a Certificação da LPI?
DA - Sim nós promovemos a LPI, e o setor de treinamento da Caldera já está preparado para certificar LPI.
Rdl - O que o senhor aponta como as principais vantagens para uma empresa usar Linux? E no que o Linux precisa melhorar para ampliar sua participação no mercado, tanto de servidores como de desktops?
DA - Há vantagens tecnológicas, bem como vantagens econômicas, no uso do Linux. A TCO é fora de série em comparação com outras soluções.
Rdl - Do que o Linux precisa para aumentar a participação no mercado?
DA - Apenas de tempo e do nosso trabalho. Ao observar as tendências do mercado através de fontes independentes, você vê que o Linux é o sistema operacional cuja participação no mercado aumenta mais do que qualquer outro SO. É também importante o investimento que outras empresas estão fazendo pelo Linux. Isto demonstra que a participação do Linux no mercado deverá crescer significativamente.
Rdl - Quais os motivos que levaram a Caldera a adotar o modelo de licença de um sistema operacional por máquina no Caldera Open Linux 3.1? Esse esquema de comercialização deu certo? A empresa não recebeu muitas reclamações?
DA - O Caldera OpenLinux é um produto, e não uma simples distribuição de pacotes de softwares. Há muito trabalho investido nele, e nós consideramos que a Caldera adicionou algum valor ao produto, que precisa ser pago, do contrário, o modelo comercial não é exeqüível. O preço de uma licença pode afetar o usuário pessoal ou usuário doméstico, não é este o nosso alvo. Nosso alvo é o “Linux for Business” [Linux para Negócios], e as empresas estão dispostas a pagar um preço razoável por um produto se ele tiver algum valor, e o Caldera OpenLinux tem.
O Brasil é estratégico para qualquer empresa
Rodrigo Asturian - asturian@RevistaDoLinux.com.br