Internet grátis, uai !
A BRFree, pioneira no lançamento da Internet grátis no
Brasil, prepara outra atividade que vai dar o que falar: o primeiro portal Linux.
Alguns empresários de Belo Horizonte, entre eles três ex-donos da
rede Mineirão comprada pelo grupo Carrefour, resolveram mudar completamente o panorama da
Internet brasileira e iniciaram um plano. Por certo achavam que estava faltando um pouco de aventura,
ou de agitação, ou mesmo seriedade, e resolveram deflagrar um terremoto e afugentar a
mesmice do mercado de provedores. Como dizem alguns, mineiro não nasce, ele estréia.
Quando aparece,já chega arrasando.
O nome do plano era BRFree, e mostrou sua cara em 7 de janeiro de 2000 com a
seguinte notícia: Internet grátis. Não deu tempo nem para chamar o médico,
e a UTI ficou lotada de provedores nacionais. Alguns indignados tentaram o golpe clássico do
"meu advogado vai dar um jeito nisso", outros caíram em franco desespero. Disseram
que era ilegal, que feria as regras, que isso era dumping, que não é possível
sobreviver sem o acesso pago e outras. Apelaram para o ministro, para o bispo, para a mãe do
bispo, mas enquanto a confusão reinava os números confirmavam em pouco mais de trinta
dias a previsão inicial: 105 mil usuários reais cadastrados, e o contador não
pára de girar. Uma verdadeira explosão que chegou para comprovar que estava faltando
gente séria nesse mercado. "Se você não tiver conteúdo para segurar
sua página e usuários, não há marketing que o faça.
É a Internet fase 2, o fim do amadorismo, em que o page viewing passa a ser
coisa de profissionais e de investimento cuidadosamente elaborado", segundo Leonardo Malta Leonel,
um dos diretores da BRFree. Depois vieram os imitadores, mas quando os bancos começaram a dar o
acesso gratuito aos clientes é que o estrago foi total. Já não era possível
reverter o processo. Hoje os grandes provedores sabem que terão que garantir um conteúdo
muito, mas muito superior aos atuais, para tentar segurar seus usuários. Além de pagar
caro, os usuários constantemente reclamam que os grandes provedores têm por política
jogá-los em uma linha com mais cinqüenta conexões, o que para uma banda tão
restrita como a nossa torna a navegação uma corrida de tartarugas. Provedores menores
oferecem melhor acesso e um respeito maior, mas de conteúdo igualmente pobre.
Segundo Leonel, eles idealizaram todo o projeto desse provedor baseados em
elaboradas pesquisas de mercado, que apontavam o alto custo, a baixa qualidade das conexões e
os conteúdos pobres de páginas iniciais, como as principais queixas dos usuários.
Analisando esses dados, concluíram que seria necessário fornecer solução
para esses três itens e partiram para a operacionalização. Inicialmente contrataram
a PCPlace Informática, uma parceira IBM de Belo Horizonte, e depois de algumas reuniões
concluíram que, se iriam dar acesso gratuito e já prevendo um crescimento
geométrico absurdo , teriam que adotar uma solução que aguentasse a
escalabilidade da tarefa e que tivesse um alto grau de segurança. E aí o Linux entrou na
história, além do que era uma feliz coincidência entre o desejo de se oferecer
acesso gratuito e a possibilidade de se usar uma solução gratuita.
Célio Márcio, diretor da PCPlace, seu sócio Fernando Augusto,
e mais a equipe técnica da BRFree, por aproximadamente quinze dias implantaram os servidores
Linux e dimensionaram os serviços que iriam ser disponibilizados, como mail, hospedagem, acesso,
chat, BBS (tucows,linuxberg,etc...), Radius, DNS, firewall, ftp. Todos os servidores são
equipamentos da linha Netfinity IBM com uma configuração que em linhas gerais são
máquinas Pentium III XEON SMP (quatro processadores), 2 GB RAM, todos com redundância
total (fonte, raid 5, slot hotplug, discos hot-swapables). Todos eles movidos a Linux.
A autenticação de usuários ficou a cargo do Radius em consulta
em cadastro MySQL, que em testes provou ser um banco limitado mas muito rápido. Para o sistema
de correio a solução foi o qmail, que desempenha a tarefa hercúlea de suportar o
gerenciamento de um número cada dia maior de novas contas. Como Webserver foi adotado o Apache
que, avaliado em benchmark, foi capaz de suportar 2400 hits por segundo. O Firewall suportou rotear
mais de 50 mil pacotes por segundo utilizando "ipchains" e gerando log de entrada e
saída de pacotes, e só não roteou mais porque as placas eram de 100 megabits.
A solução obtida ficou com performance próxima de Risc, absolutamente
estável e rápida.
Para integrar os softwares Apache, Radius, Qmail e wuftp com o MySQL foram
necessárias alterações em seus códigos fontes, o que mostrou que o Linux
mais uma vez era a solução ideal. Depois dessa primeira etapa a BRFree e a PCPlace
partiram para a construção de um portal Linux, com funcionalidades inéditas para
linuxers, tais como rodar aplicativos remotamente, páginas personalizadas com o conteúdo
desejado e um real desktop de trabalho. Entre esses aplicativos estarão disponíveis
soluções como contas a pagar e receber, controle de estoque, cadastros diversos, etc.
O objetivo será congregar usuários em um universo produtivo com soluções
personalizadas. Confira em www.linuxplace.com.br o crescimento da comunidade Linux.