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Falta um tijolo
Preocupado com questões como a da garantia de informação a todos, defensor dos sistemas abertos, Imre Simon é um pensador que transcende o ofício dos bits e bytes

Imre Simon é professor de Ciência da Computação há 34 anos, e vem se destacando como um dos grandes incentivadores do Linux na Universidade de São Paulo. Visite sua página em www.ime.usp.br/~is/ para conhecer algumas de suas idéias. Lá você encontrará, por exemplo, um artigo muito interessante intitulado "Impacto da Tecnologia de Informação na Sociedade do Futuro", que descreve um panorama mundial em que aparece a idéia, de Jeffrey Sachs, de um mundo dividido não mais por ideologias e sim por tecnologias, o que poderá levar à exclusão de grandes parcelas menos aptas, criando verdadeiros abismos sociais.

"A polêmica em torno do Napster, que descobriu o filão de uma imensa comunidade de interessados em trocas despreocupadas de grandes quantidades de arquivos de música, é um fenômeno que merece nossa reflexão. Descobriu-se uma maneira eficiente de fazer essa troca, o que alarmou a indústria da música e culminou com um dramático impasse. Mas faltam ainda muitos capítulos até chegarmos a uma solução aceitável para todas as partes envolvidas. A Internet libera uma série de energias que ou não existiam ou estavam dormentes e com isto força a reavaliação de velhos modelos, abrindo amplas possibilidades para todos os envolvidos.

A indústria não pode negar que esse filão é imenso e que poderia expandir muito o seu mercado, mas teme perder o controle do mercado e causar danos à propriedade intelectual. Também para os usuários é importante que se inicie uma redefinição das relações de troca, mas tratar de forma simplificada essa questão não fará convergir os interesses contraditórios", analisa Imre.

Para ele o Linux é único. "Com o mesmo kernel abranger uma dúzia de arquiteturas diferentes e ser estável, diga-me, qual outro sistema operacional tem essa característica?", pergunta Imre. "O Linux possibilitou o ingresso, no mercado de sistemas operacionais, de inúmeros profissionais que estavam à margem dele. Esse grupo gerou, de forma aparentemente anárquica, uma qualidade de software que é uma surpresa. A cooperação é baseada na abundância de informação, pública e transparente, e esse modelo já modificou profundamente os métodos antigos, com o potencial de alastrar-se rapidamente. Podem até mesmo surgir outros movimentos, os quais poderão gerar em pouco tempo produtos valiosos em outras áreas, como a da educação, por exemplo", ele preconiza.

Imre diz que a GPL é uma peça jurídica fundamental, pois fornece ao programador a garantia legal da permanente disponibilidade da sua produção. Ele avalia os trabalhos de Stallman e Torvalds como verdadeiros acidentes históricos, muito bem-sucedidos. Assim os qualifica porque eles descobriram mecanismos extraordinariamente poderosos que se disseminaram de uma forma surpreendente, criando bens de informação de enorme valor econômico, social e cultural.

E o Linux, poderá ele tomar conta do mercado? "Bem, isto veremos no futuro. De qualquer forma, faltam muitas etapas para tanto, ainda mais no Brasil. Uma delas seria a disponibilidade de um ‘tijolo Linux’, uma máquina barata com o sistema pré-instalado de fábrica, já com ambientes como o KDE ou o Gnome. Outra etapa obrigatória a ser vencida, principalmente entre nós, é uma disseminação muito maior da cultura Linux, mas há muitas dificuldades neste caminho. Mas estou confiante de que elas poderão ser vencidas!", garante.

 

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