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CD do Mês - Linux Mandrake 8.0

Desenvolvido pela MandrakeSoft, empresa francesa fundada por Jacques Le Marois (entrevistado na RdL 11) e Gaël Duval, o Mandrake Linux é conhecido na comunidade por sua facilidade de instalação e utilização, sendo altamente recomendado para os iniciantes, mas nem por isso menos atrativo aos usuários mais experientes. Lançada recentemente, a versão 8.0 segue essa tradição. E para que os leitores possam comprovar com os próprios olhos que os franceses, além de produzirem bons queijos e vinhos, também fazem excelente software, o Mandrake Linux 8.0 é o prato de sustentação do CD deste mês.

A Máquina

O equipamento usado nos testes foi um AMD K6-2 de 450 MHz com 128 Mb de RAM, placa de vídeo SiS 530 e placa de rede RealTek RTL8139. A instalação do Mandrake 8.0 foi feita usando-se apenas o primeiro CD da distribuição (o mesmo que estamos distribuindo neste mês). Existe um segundo CD, opcional, que contém pacotes extras, mas não é necessário para instalação do sistema. Os interessados podem fazer download da imagem ISO do segundo disco a partir de um dos muitos mirrors listados em www.linux-mandrake.com/en/ftp.php3

Instalando

Existem várias maneiras de instalar o Mandrake Linux: via rede (NFS), usando o CD, lançando o instalador a partir do Windows (o CD possui suporte ao recurso AutoRun) ou, para os tradicionalistas, usando o instalador em modo texto. Para que ninguém fique perdido, existem instruções de instalação em vários idiomas no diretório /doc do CD. As instruções em português estão em /doc/install/pt_BR.

Sempre fácil de usar, o instalador do Mandrake não mudou muito desde a versão anterior. Há suporte para vários idiomas, português incluso, claro, nas "versões" Brasil e Portugal. Durante a configuração de usuários é possível criar um usuário "comum", além do root, e configurar o sistema para executar um autologin como um usuário pré-definido por quem instala, evitando-se assim o processo de login cada vez que a máquina é ligada. Embora possa ser visto como uma falha de segurança por alguns, já que qualquer pessoa que ligue a máquina pode usá-la sem precisar se logar, essa pode ser uma boa opção para equipamentos domésticos, que têm geralmente apenas um usuário. Esse recurso também pode ser habilitado/desabilitado mais tarde, e não é válido para o root (por razões óbvias de segurança).

Durante o processo de detecção de hardware o Mandrake 8.0 se saiu muito bem, reconhecendo corretamente a placa de rede e a placa de vídeo SiS (muito popular no Brasil, e que apresenta problemas em algumas distribuições, principalmente quando se usa o XFree 4). A lista de monitores e placas de vídeo suportadas é bastante extensa, e é possível testar a configuração antes de se prosseguir na tarefa.

Há novidades na seleção do perfil de instalação, em que as antigas opções de instalação mínima, recomendada e expert deram lugar a grupos de pacotes para uso em máquinas domésticas, de escritório, multimídia, Internet, configuração do sistema, ferramentas para console, desenvolvimento etc. Também é possível escolher qual window manager (gerenciador de janelas) se vai utilizar, tendo como opções o Gnome, o KDE e "Outros", sendo que a última engloba uma coleção de nove window managers, entre eles o WindowMaker, AfterStep, BlackBox e IceWM. Uma instalação típica, selecionando os grupos Office Workstation, Multimedia Workstation, Internet, Configuration Tools, Development Packages, KDE e Gnome ocupa cerca de 731 Mb. Dependendo do conjunto de pacotes selecionado, durante sua instalação pode ser pedido o CD 2. Esse CD contém pacotes "extras", que não são essenciais à distribuição e que se podem ignorar pressionando "Cancel". Mas não se preocupe, tudo o que você precisa no sistema está no CD 1.

Usando o sistema

Utilizando o kernel 2.4.3 com glibc 2.2.2 e XFree 4.0.3 com suporte à aceleração 3D, o Mandrake 8.0 possui um conjunto de pacotes extremamente atualizado, com tudo o que um usuário pode precisar. Quem gosta do Gnome pode usar o Gnome 1.4 com Nautilus 1.0.1.1 e Evolution 0.9 como cliente de e-mail. Quem prefere o KDE pode usar o KDE 2.1.1 com suporte a "anti-aliasing" de fontes, que também está disponível, assim como a suíte de aplicativos office KOffice e, claro, o navegador Konqueror. E quem não gosta do Konqueror pode optar pelo novo Netscape 4.77.

A configuração do sistema, considerada por alguns como uma das tarefas mais chatas do mundo Linux, nunca foi tão fácil. A partir do Mandrake Control Center (DrakConf) é possível configurar praticamente todos os aspectos do sistema, desde resolução de vídeo, mapa de teclado, impressora e tipo de mouse até configuração de rede, compartilhamento de conexão (para que duas máquinas possam dividir a mesma conexão à Internet, por exemplo) e até mesmo um Firewall simples. Há também opções para criação de discos de boot, configuração dos serviços iniciados no boot, boot gráfico (através do sistema Aurora), edição dos menus do KDE/Gnome, seleção de fontes e configuração do relógio da máquina, entre várias outras. Embora a maioria dos itens no Control Center possua uma opção de configuração avançada, os "power users" certamente irão preferir continuar editando os arquivos de configuração "na mão" ou usar configuradores específicos para cada recurso. Para o usuário comum, ou mesmo para quem quer realizar apenas um ajuste rápido, o Mandrake Control Center é excelente.

Outro recurso muito prático está presente: montagem automática de mídia removível. CDs são montados automaticamente quando colocados no drive (e desmontados quando se manda ejetá-los) e disquetes são montados quando o usuário tenta acessar o diretório onde eles são montados (/mnt/floppy), e desmontados quando o acesso aos mesmos termina. Mais uma vantagem para os iniciantes, que não precisam se preocupar com o conceito, à primeira vista complexo, de montagem e desmontagem de dispositivos. E por falar em iniciantes, há uma lista de e-mail específica para eles. Para se inscrever, basta enviar uma mensagem para sympa@linux-mandrake.com com o texto "subscribe newbie" no corpo da mensagem.

Problemas?

Durante os testes praticamente não foi encontrada nenhuma falha ou bug mais sério no Mandrake Linux 8.0. É estranho apenas o fato de o Netscape vir "pelado", sem praticamente nenhum plug-in, e de não existir um plug-in para o aRts no XMMS. Sem esse plug-in, o XMMS não funciona dentro do KDE, pois o aRts, sistema de som do KDE 2, ocupa o dispositivo de som, bloqueando o acesso do XMMS, que "congela". Felizmente, o plug-in pode ser baixado, já pré-compilado, no site oficial do XMMS (www.xmms.org). No Mandrake Control Center, a configuração do Aurora (boot gráfico) não funciona "de primeira". É necessário editar o arquivo /etc/lilo.conf e modificar o parâmetro vga=normal para vga=0x314, executando o lilo em seguida para que o Aurora possa funcionar. Tais "probleminhas" não tiram de forma alguma o brilho do Mandrake Linux 8.0, e a falta de problemas maiores só demonstra o cuidado na produção dessa distribuição.

Finalizando

Com um instalador extremamente fácil de usar, pacotes atualizados, configuração facilitada, quase nenhum bug aparente e listas de discussão para ajuda disponíveis na Internet, o Mandrake Linux 8.0 é uma excelente escolha para uso em casa ou no escritório. E com a chegada, prevista para breve, de uma distribuidora oficial, será muito mais fácil encontrar as caixinhas no Brasil. A nota dissonante desse ótimo release fica por conta da tradução para o português, que é horrorosa.


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