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A voz da SuSE

Nascido em 1966, Roland Dyroff lidera a SuSE Linux AG como CEO (Chief Executive Officer) desde a criação da corporação em 1998. Ele é responsável por Vendas, Marketing, Recursos Humanos e pelas divisões de Desenvolvimento da empresa. Quando estudava Matemática em Erlangen, Dyroff trabalhou como desenvolvedor de software para empresas como a Basys mbH, em Augsburg, e a ASTRUM Informatik mbH, em Erlangen. Durante o curso dessas atividades, o sistema operacional recém-desenvolvido, Linux, chamou sua atenção. Dyroff rapidamente percebeu o potencial do Linux e decidiu tornar esse sistema operacional de código aberto disponível para um público maior. A partir de 1992, então, Dyroff tornou-se um dos fundadores da Gesellschaft für Software und System-Entwicklung mbH, de Nuremberg — a predecessora da atual SuSE Linux AG. Como diretor, Dyroff é responsável por todos os aspectos administrativos na empresa desde o início. Hoje, como presidente do quadro executivo da SuSE Linux AG, seu objetivo é promover o avanço da empresa em escala internacional.

Revista do Linux — Sobre os negócios da SuSE, poderíamos conversar sobre produtos como serviços, vendas de software corporativo, vendas de suporte, treinamento e consultoria, bem como de sua relevância nos negócios da SuSE. Qual será a porcentagem de cada um para a SuSE em 2001?

Roland Dyroff — Fornecemos aos nossos clientes tanto soluções integradas à empresa ajustadas às necessidades de seus negócios como soluções de produtos prontas para serem utilizadas com várias opções diferentes de uso. Nosso foco é a execução da estratégia que já perseguimos, com base em dois aspectos. Primeiramente, na extensão do negócio do serviço. A SuSE oferece uma larga faixa de serviços Linux assegurando a implantação bem-sucedida do Linux em ambientes complexos de TI. Em segundo lugar, na extensão de soluções de negócios, nossa linha de produtos é ajustada especialmente para as necessidades empresariais. A maior parte de nossas vendas é baseada em nossos produtos de software. Entretanto, a demanda para os serviços continua a crescer fortemente. Além disso, provavelmente em aproximadamente três anos, serviços como consultoria, treinamento e suporte irão dominar nossas vendas.

RdL — Dividindo o mercado em quatro nichos distintos: corporativo, público, educacional e SOHO (Small Office/Home Office. Qual deles será prioridade para a SuSE em 2001? Existe algum produto âncora para cada um deles? Quais seriam?

RD — Estamos interessados em fornecer produtos aos nossos clientes de acordo com seus grupos-alvo individuais. Por este motivo nós oferecemos o SuSE Linux como uma Edição Profissional adequada às necessidades empresariais, uma Edição Pessoal para usuários domésticos, e agora uma Edição Servidor, um sistema operacional otimizado para utilização em servidores. Desde dezembro de 2000 temos uma nova linha de produtos empresariais, como o SuSE eMail Server II, SuSE Linux Groupware Server (com o Lotus Domino), SuSE Linux Enterprise Server. Durante 2002 nós estaremos lançando uma Solução para Firewall, um Servidor de Banco de Dados, e também um Servidor de Backup.

RdL — Qual a participação da SuSE nos mercados europeu e mundial?

RD — Os relatórios provenientes de vários institutos de pesquisa não são conclusivos. Parece que há um consenso de que a SuSE no EMEA (Europe, Middle East, Africa — Europa, Oriente Médio e África) tem participação no mercado de 50% a 60% e, mundialmente, algo ao redor de 25% a 30%. Isso está baseado em números do IDC, PC Data, iX magazine, vários contadores Web e uma análise dos rendimentos reportados por várias das empresass. De acordo com o PC Data, SuSE Linux obteve a maior participação de mercado nos EUA com 38% de todos os sistemas operacionais Linux comerciais vendidos durante o mês de março de 2001.

RdL — Compreendendo a evolução provável nos diferentes mercados SOHO, podemos imaginar que o mercado profissional irá começar a adotar o Linux mais livremente em workstations? Se sim, sob qual apelo, já que o mercado está sendo regido pelos sistemas operacionais Microsoft?

RD — Há evidências de que a adoção do Linux está aumentando. A SuSE encomendou pesquisas de mercado de telecomunicações e TI do TNS EMNID, um instituto independente na Alemanha, e os resultados do estudo disseram que um em cada quatro proprietários de computadores pretende instalar o sistema operacional Linux em seu local de serviço ou em sua casa. A estabilidade é o fator principal para usuários de computadores que decidem mudar para outro sistema operacional: 46 % dos usuários Linux consideram a estabilidade do Linux uma característica excelente, em contraste com apenas 13% dos usuários de Windows que dizem que ele é estável. Os entrevistados mencionaram segurança e uma boa relação custo-benefício como vantagens adicionais do Linux. Além disso, mesmo os usuários de Windows reconhecem as vantagens do Linux e associam o fator "estabilidade" com o Linux em vez de fazê-lo com o Windows.

RdL — Quanto a SuSE pretende lucrar em 2001 na Europa e no mundo?

RD — Nós estamos constantemente aumentando nossos lucros. Número exatos não podem ser revelados já que não somos uma empresa de capital aberto.

RdL — Como a SuSE planeja terminar 2001 em termos de participação e posição (ranking) no mercado?

RD — No mercado Linux, a SuSE é o único competidor ativo tanto em termos de software Linux como de consultoria, treinamento e suporte, e é quem sustenta as primeiras posições em todos os setores. Rankings não têm grande importância para nós, pois eles podem ser interpretados de várias maneiras.

RdL — Se a empresa planejar estender suas operações a outros países, quais seriam os preferidos?

RD — O SuSE Linux está disponível para processadores IA32, IA64, PowerPC, Alpha, SPARC, e S/390. Pacotes completos SuSE Linux para IA32 com CD-ROMs e manuais podem ser obtidos em holandês, inglês, francês, alemão, húngaro, italiano, coreano, português e espanhol. Atualmente a SuSE tem subsidiárias em seis países e uma empresa formada a partir de um empreendimento conjunto (joint-venture) em Seul, Coréia. A SuSE é, indiscutivelmente, a líder de mercado no mercado doméstico do EMEA e está em posição de oferecer a linha de produtos em escala internacional.

RdL — Como você vê o mercado do Linux na América Latina? Você acha que haverá uma adoção em massa por parte de grandes corporações em países como o Brasil?

RD — Existe um potencial muito grande para o Linux na América do Sul. Nós estabelecemos um eficiente canal de vendas também no Brasil, e que iremos expandir constantemente. No momento estamos trabalhando com a Livraria Canuto como nosso distribuidor. Além disso, em um futuro próximo planejamos estender as atividades de nossos serviços ao mercado latino-americano. Através dos anos, nossa capacidade técnica e confiança profissional têm sido postas à prova em muitas das empresas líderes mundiais, incluindo T-Online (o maior provedor de Internet na Europa), DG Bank, Lufthansa e muitas outras. Os Serviços Profissionais SuSE têm fornecido suporte da maior importância para essas e outras corporações líderes internacionais, ajudando-as a resolver tarefas de alta complexidade de forma rápida e economicamente eficiente.

RdL — Por que a estrutura padrão do SuSE OS difere bastante das outras distribuições no que diz respeito ao uso de software proprietário? Por que a SuSE adota essa estratégia?

RD — A SuSE suporta um conjunto de padrões Linux e montamos nossa distribuição de forma que ela atenda o mais possível aos padrões definidos pela LSB (Linux Standard Base - Base de Padrões Linux). De fato, o SuSE Linux 7.0 passou em 238 dos 243 testes do LSB-FHS2.1-1 (Linux Standards Board’s Filesystem Hierarchy Standard — Padrão Hierárquico de Sistema de Arquivos do Quadro de Padrões Linux). A SuSE está muito orgulhosa de seu alto nível de conformidade com os padrões. O único componente no SuSE Linux que não é GPL é nosso instalador gráfico YaST2 (Yet another Setup Tool). Sua descrição está disponível publicamente em nossos sites Web. A SuSE não fornece nenhuma garantia ou suporte para outros softwares proprietários de terceiros incluídos em sua distribuição.

RdL — Como funciona o empreendimento conjunto da SuSE localizado na Coréia do Sul? Qual a intenção do escritório central em manter essa empresa na Ásia?

RD — Com esse novo empreendimento conjunto, a SuSE estendeu suas iniciativas, desenvolvimento de código aberto e atividades de vendas mais profundamente no mercado asiático. A indústria coreana de TI cresceu muito rapidamente. Com a SuSE Linux Korea Ltd. localizada no próspero centro de alta tecnologia de Seul, estamos prontos para fornecer Linux e aplicações de código aberto de alta qualidade aos nossos clientes na Ásia. A versão coreana do SuSE Linux foi muito bem aceita no mercado.

RdL — Qual é a posição dos investidores da SuSE? Quanto eles pretendem investir e quais são os objetivos que eles esperam que sejam alcançados pela SuSE em 2001?

RD — SGI e Compaq uniram-se recentemente aos investidores estratégicos da SuSE, e além disso, Michael Laurim, diretor da Silicon Graphics GmbH (SGI) Alemanha e Peter Mark Droste, diretor da Compaq Computer GmbH na Alemanha, uniram-se ao Quadro Supervisor da SuSE Linux, enfatizando a crescente importância do Linux e de nosso modelo de negócios baseado na filosofia de código aberto. O compromisso claro da Compaq e da SGI no Linux tem levado a uma transferência de conhecimento que beneficia todas as partes envolvidas e irá contribuir consideravelmente para um aumento no valor da empresa.

RdL — Quais empresas adotam o SuSE Linux na Europa e em todo o mundo? Como elas usam o sistema? Quais são os casos mais interessantes?

RD — T-Online, DG Bank, BMW, France Telecom, Tornado Air Defense Variant Software Maintenance Team, Ministério da Defesa do Reino Unido, Arthur Andersen, Nextra... Com mais de sete milhões de clientes na Europa, a T-Online é o principal provedor de serviços de Internet do continente. O portal www.t-online.de é a mais conhecida página na Internet em língua alemã e emprega Linux na infra-estrutura dos serviços de seu portal. Como um dos maiores grupos financeiros cooperativos, o DG CAPITAL Management GmbH atende clientes particulares desde 1987. Junto com a SuSE Linux AG, o DG CAPITAL implementou sua conexão completa à Internet, incluindo e-mail e navegação, em menos de um mês. Eles foram convencidos pela estabilidade e perfomance do Linux, combinadas com custos baixos de hardware e software. Os pacotes usados, que incluem IPchains, Squid, Apache e Postfix, são provenientes de projetos de código aberto e são suportados por equipes internacionais de desenvolvimento, não apenas por uma empresa.

RdL — Que perspectivas você vê no uso do Linux ao redor do mundo?

RD — Nossa linha de produtos penetra em um mercado altamente lucrativo. De acordo com uma pesquisa conduzida pelo IDC em 1999, a proliferação dos sistemas operacionais Linux irá expandir pelo menos 25% anualmente até 2004. Espera-se que outros sistemas operacionais cresçam apenas entre 10% e 12%. Nós acreditamos que há um grande potencial. Usuários profissionais empregam tradicionalmente o SuSE Linux como o sistema operacional servidor para múltiplas tarefas. Os numerosos desenvolvimentos da SuSE nos últimos doze meses aumentaram consideravelmente a facilidade de uso do Linux. Como resultado, hoje temos uma demanda maior pelo SuSE Linux como sistema operacional para microcomputadores.

RdL — Que produto a SuSE planeja lançar após a versão 7.1? Existe uma data prevista para esse lançamento?

RD — O SuSE Linux 7.2 está sendo lançado no verão de 2001 aqui na Europa.

RdL — Que parcerias a SuSE está fazendo com empresas de TI no mundo?

RD — Intel, Compaq, SGI, IBM e Fujitsu-Siemens Computers são nossos principais parceiros estratégicos. Além disso, existem parcerias em níveis diferentes com SAP, HP, Sun, Borland, Oracle, Informix etc. Nossas parcerias nos ajudam a fornecer soluções melhores a nossos clientes em áreas de grandes necessidades (high-end), seja através do SuSE Linux Enterprise Server para S/390 seja através dos servidores Intel high-end de alta tecnologia. Estamos conversando com muitos parceiros em potencial, não apenas no mercado de servidores high-end, mas também na área de soluções para microcomputadores e handhelds.

Tradução: Edson Assumpção Tacão


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