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Coluna do Augusto

Evolution?

Escrevo esta coluna uma semana após o lançamento do Evolution, o software da Ximian (ximian.com) que promete ser o Outlook para Linux. Confesso que ainda não o experimentei, mas pelos relatos e pela própria descrição técnica do produto, ele parece ser de excelente qualidade.

Minha experiência como usuário de computadores atualmente se resume muito mais às tarefas relacionadas à Internet e, assim, eu tenho a tendência de ver o Outlook (que nunca usei, aliás) como um cliente de e-mail. Mas ele (em conjunto com o Exchange) faz muito mais do que isso – gerencia a agenda de compromissos corporativa de maneira integrada, mantém um catálogo de endereços corporativo, além de ajudar a espalhar vírus e cavalos de tróia como ninguém.

Não me entendam mal, não estou fazendo propaganda do Outlook. Mas é que tenho lido tantas críticas ao Evolution, por se definir como “clone do Outlook”, que achei justo utilizar parte deste meu espaço para dizer: sim, há lugar para um clone do Outlook nos desktops corporativos. O mutt, o pine e o Sylpheed (para citar apenas 3) são excelentes, mas se restringem à tarefa de gerenciar e-mails. Eu acho suficiente, e não trocaria jamais o mutt pelo Outlook (talvez, nem pelo Evolution) - e você provavelmente pensa como eu. Mas não há razão para atacar a Ximian apenas porque ela adotou um modelo de aplicação que tem a “cara” do Windows - se os usuários quiserem, eles usarão; e aí será uma razão a menos para afastar o Linux dos desktops corporativos. Principalmente se o Evolution não tiver as facilidades para infecção e distribuição de vírus, característica de seu inspirador.

Uma outra questão, completamente diferente, é a escolha de uma licença comercial para a distribuição do plugin que permite que o Evolution se comunique com servidores Exchange. Mas neste ponto, o tempo dirá se a Ximian tomou a atitude certa (do ponto de vista de garantir sua própria sobrevivência) ou não.

O lado bom: muito mais que um gerenciador de e-mail, grátis, livre e de boa qualidade.

O lado ruim: quem se acostumou com o mutt, dificilmente será capaz de trocar todo o seu poder e flexibilidade por uma interface de mouse e botões.


Mutt

E já que toquei no assunto, vamos falar um pouco do mutt (www.mutt.org). Este gerenciador de e-mail é uma evolução do antigo elm, e acrescenta muitas características e recursos modernos, apesar de ser completamente em modo texto - por exemplo, ele tem suporte a cores e a organização das mensagens por assunto, em threads.

O seu grande concorrente na arena dos gerenciadores de e-mail em modo texto é o Pine, muito mais conhecido e que inclui o editor de texto Pico, muito popular pela sua facilidade de uso. O Pine também é muito bom, mas tem uma falha séria: ele não é um software livre. Muita gente não sabe, mas a licença do Pine não permite a sua livre alteração e redistribuição, que são duas características básicas do software livre.

Já o mutt não tem estas restrições - ele é licenciado pela GPL, a mesma licença do kernel do Linux. Mas não me interprete mal, eu não sou um xiita das licenças e, provavelmente, não trocaria o Pine pelo mutt apenas pelo fato de este ser livre.

Mas o fato é que depois de experimentar o mutt, é difícil trocar de gerenciador. Para começar, ele não é baseado em menus, mas sim em teclas de comando. Claro que isto torna o aprendizado muito mais difícil, mas depois que você aprende, seus movimentos ficam muito menos restritos - vai sempre direto ao ponto de destino, sem ter que percorrer toda a estrutura de menus e submenus. E em repositórios de arquivos de configuração (como o dotfiles.com) não é difícil encontrar configurações que deixam o mutt com as mesmas teclas do Pine, e que usam o Pico (ou o Nano - nano-editor.org) para editar as mensagens.

Além disso, há a questão da flexibilidade: o arquivo de configuração do Mutt é riquíssimo, você pode fazer configurações dependentes do contexto, criar macros e muito mais. Claro que exige perder alguns minutos lendo manuais e artigos, mas se você recebe dezenas (ou centenas) de e-mails por dia, pode valer a pena.

Não costumo ter opiniões absolutistas sobre software - cada um deve usar o aplicativo que melhor o atenda. Mas se você ainda não experimentou o Mutt, faça-o - e dê a si mesmo o tempo para aprender as novas teclas e ultrapassar a rejeição inicial de quem não sabe nem os comandos mais básicos. Depois me conte o resultado.

O lado bom: um programa livre, poderoso e prático, que facilita a vida dos usuários freqüentes de e-mail.

O lado ruim: leva mais de 20 minutos para aprender.


Augusto Campos - brain@matrix.com.br


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