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Linux com acarajé

Jorge Calmon Moniz de Bittencourt Filho, 42 anos, é diretor-presidente da Prodeb - Companhia de Processamento de Dados do Estado da Bahia desde fevereiro de 1995, e também preside a Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações - Sucesu-BA. Ele tem dois filhos e é formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Bahia, com pós-graduação em Análise de Sistemas pela Universidade Estácio de Sá, e em Gestão Empresarial pela Universidade do Estado da Bahia, mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia e auditor fiscal concursado da Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia. Calmon Filho tem larga experiência como executivo tanto na iniciativa privada como no setor público, onde trabalha há onze anos. Já esteve à frente da direção da Print Informática (empresa privada) e do Centro de Desenvolvimento da Administração do Estado da Bahia e foi presidente da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Processamento de Dados - Abep. Profissional que adora o que faz, tem uma inquietude por enfrentar desafios e conhecer coisas novas. "Trabalhei muito tempo com projetos na área de Engenharia Mecânica, depois, quando surgiu o computador, fui para a área de informática e fiquei apaixonado. Adoro a interação que o computador te dá, a agilidade das respostas", diz. No campo profissional, Calmon Filho crê que, no dia em que a informática pública da Bahia for reconhecida como referência de competência, terá cumprido a sua missão. Torcedor do Bahia desde pequeno, elegosta de todos os esportes, pratica tênis nas horas de lazer com os amigos e foi até cam- peão baiano em algumas categorias. "Não dá para encarar o Guga, mas dá para fazer uma dupla com ele", diz, com bom humor. É com ele que a Revista do Linux conversou sobre a experiência da Prodeb com o software livre.

Revista Do Linux - Como a Prodeb está difundindo o software livre no Estado da Bahia, tanto entre os usuá-rios quanto entre os programadores ?

JCF - O projeto de difusão do software livre na administração estadual é do Governo da Bahia. A Secretaria da Administração é parceira e viabilizadora e a Prodeb, a executora. O Governo do Estado da Bahia, através do Conselho de Admi- nistração da Prodeb, autorizou a criação do Projeto "Difusão do uso de Software livre no âmbito do Governo do Estado da Bahia". O projeto, que tem as estações de trabalho como principal alvo, teve seu início em janeiro de 2002 e está, portanto, na sua fase inicial. Para a viabilização do projeto foram alocados recursos da Empresa, e efetuado detalhado planejamento que compreende ações de cunho tec- nológico, cultural, operacional e de implementação da difusão. Atualmente estamos concluindo a homologação das diversas opções de plataforma e elaborando o plano de ação para o projeto-piloto. No tocante ao uso destes softwares em servidores, as ações se iniciaram no ano passado, estando em um estágio bastante avançado, incluindo aí o nosso ambiente de grande porte.

RdL - A partir de que necessidades a Secretaria de Administração do Estado, por exemplo, resolveu trocar o Windows e MS-Office pelo Linux e StarOffice?

JCF - A Secretaria da Administração iniciou este processo a partir da intensa e constante prospecção tecnológica exercida pela Prodeb, além dos indicadores, nacionais e internacionais, que apontam para o amadurecimento da adoção de software livre como estratégia de autonomia e qualidade para a Administração Pública.

RdL - Houve alguma dificuldade de adaptação ao software livre por aqueles usuários acostumados a trabalhar com o Windows? Se sim, quais foram?

JCF - Como a difusão de softwares de uso tão disseminado em escritórios é uma ação de forte conotação cultural, são esperadas algumas dificuldades e resistências que deverão ser superadas pelas campanhas de divulgação e conscientização previstas no Projeto. Além disso, o usuário contará com uma estrutura de suporte e atendimento para supri-lo de tudo que seja necessário para o sucesso do empreendimento. Temos a convicção de que o sucesso do projeto está fortemente associado à eficácia das campanhas de conscientização que serão implementadas.

RdL - Os funcionários públicos que passaram a utilizar softwares livres tiveram algum tipo de treinamento?

JCF - Os usuários serão devidamente capacitados no uso das ferramentas, além de contar com suporte ao seu uso. O Projeto está na sua fase inicial, mas nele estão contempladas todas ações necessárias para que a transição para o software livre seja um processo de fácil assimila- ção para os usuários.

RdL - Que benefícios a Prodeb obteve com o Linux, de uma maneira geral?

JCF - A expectativa do Governo da Bahia é que a adoção de software livre leve a sensíveis reduções na despesa com a aquisição de licenças de softwares para estações de traba- lho. Além disso, o governo estadual espera dotar a Administração Pública de importantes opções em sua estratégia de aumento da produtividade e disponibilização de serviços diretamente ao cidadão.

RdL - Com a redução dos custos operacionais, já que licenças deixaram de ser adquiridas, o que a Prodeb pôde fazer com a economia proporcionada com o software livre?

JCF - Quaisquer reduções de despesas deverão ser canalizadas para uma melhor instrumentalização do Governo do Estado para atender às suas metas de busca pela excelência na prestação de serviços ao cidadão. o da Bahia

RdL - A Prodeb é uma dasços ao cidadão empresas pioneiras no uso do Linux em mainframe. Gostaria que nos explicasse melhor a utilização do sistema por parte do governo da Bahia no mainframe. Que aplicações/ ferramentas rodam no mainframe?

JCF - Rodam no nosso mainframe o correio eletrônico e grande parte dos sites dos órgãos e secretarias estaduais, que estão hospedados na Prodeb - provedor de acesso oficial do Governo da Bahia. Estamos também executando serviços de Banco de Dados com o PostgreSQL e aplicações acessando o MySQL.

RdL - Recentemente, a Prodeb apresentou um case sobre o uso do Linux em Mainframe, no Seminário Nacional de Informática Pública (Secop), em Natal. Qual foi a repercussão dessa apresentação?

JCF - Além da intensa participação da platéia, a Prodeb foi procurada por diversas empresas congêneres - empresas estaduais de informática - para transferência de nossa ex- periência no assunto. Hoje, a Abep - Associação Brasileira de Empresas Estaduais de Processamento de Dados - reúne 26 afiliadas. O site da Abep é www.abep.sp.gov.br.

RdL - A Prodeb pretende fazer uso do software livre nas escolas públicas? Se sim, será de que forma?

JCF - O projeto do governo baiano propõe a difusão do software livre na administração estadual. As secretarias de Estado, entretanto, definirão a forma de implementação dessa nova política de uso de softwares. No caso das escolas públicas, essa definição será da Secretaria da Educação do Estado da Bahia.

RdL - De que maneira a Prodebacredita que o software livre pode ser benéfico para os estados da federação?

JCF - Consideramos que esta solução se apresenta como uma interessante opção para a Administração Pública, para suprir as necessidades operacionais e gerenciais do corpo de colaboradores das suas organizações.

RdL - O que falta para o Linux se popularizar mais no país?

JCF - Não apenas no caso do Linux, mas qualquer ferramenta com impacto cultural terá sua disseminação incrementada a partir da existência de casos de sucesso que testemu- nhem a sua credibilidade, realimentando esta difusão.


Rodrigo Asturian - asturian@RevistaDoLinux.com.br


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