Economia e avanço tecnológico
A exemplo do Metrô de São Paulo, a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), que já utilizava soluções livres em seus servidores, agora leva o OpenOffice para os desktops
A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), uma das maiores companhias de habitação popular do país, está bastante adiantada na adoção do Software Livre. Depois de migrar seus servidores do sistema imobiliário de softwares proprietários (SCO-Unix e Windows) para o Linux, a Cohapar está instalando a suíte OpenOffice nos desktops na sede da empresa, em Curitiba, e nos 12 Escritórios Regionais localizados no interior do Paraná. "Essa iniciativa de se adotar soluções baseadas em softwares livres faz parte das propostas do governador Roberto Requião à Celepar, gestora de informática no Estado", diz o presidente da Cohapar, Luiz Claudio Romanelli. A economia obtida com a utilização do OpenOffice na Cohapar foi de R$ 98 mil.
A exemplo da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô - SP), a Cohapar roda o OpenOffice em desktops com Windows 98. O Metrô - SP começou a usar as suítes livres em novembro de 1999 com o StarOffice, distribuído gratuitamente pela Sun. Em outubro de 2000, a Sun decidiu abrir o código fonte do StarOffice, que passou a ser conhecido como OpenOffice.
A Cohapar tem cerca de 550 usuários que se conectam à rede. "Destes, aproximadamente 75% utilizam com alguma regularidade alguma ferramenta de escritório, na maioria das vezes para elaboração de documentos textos e planilhas eletrônicas", contabiliza o superintendente de Informática e Informações da Cohapar, Antonio Carlos Morozowski. Os estudos para a utilização do OpenOffice iniciaram-se em meados de 2002, e foram avaliadas duas alternativas - as soluções StarOffice e OpenOffice. "O OpenOffice é mais leve e possui grande compatibilidade com o Microsoft Office, e a versão que estamos implantando na Cohapar é o OpenOffice 1.0.1 em português brasileiro", diz Morozowski.
Atualmente, a Cohapar tem 25 máquinas, com o OpenOffice na sede, e, no início de fevereiro deste ano, o programa foi implantado em mais de 90 estações nos Escritórios Regionais. Algumas dessas estações ainda usam o MS-Office e apenas com o OpenOffice são 76 máquinas entre estações e notebooks. "Pretendemos instalar o OpenOffice em mais 20 estações e 5 notebooks, totalizando 101 equipamentos, em uma primeira fase", salienta Morozowski.
O choque cultural devido à troca de uma solução proprietária por outra livre foi pequeno, e as dificuldades encontradas pelos usuários na utilização do OpenOffice foram poucas na Cohapar. Contudo, duas incompatibilidades importantes aconteceram no processo de migração. "A mala direta do Writer não é compatível com a mala direta do Word e as planilhas do Excel com senha não podem ser abertas com o Calc", explica. A equipe da Superintendência de Informática da Cohapar fornece apostilas de cada módulo do OpenOffice, e foi realizado um treinamento específico para os encarregados de informática dos Escritórios Regionais. O suporte telefônico foi colocado à disposição dos funcionários da Cohapar e, nos casos mais complicados, o problema é anotado e o retorno é feito posteriormente. "Nos Escritórios Regionais, utilizamos a possibilidade de administração remota de computadores e 'capturamos' a tela da estação com problemas, resolvendo as dificuldades juntamente com o usuário", diz Morozowski.
Sem precisar pagar pelas licenças de software, a Cohapar pode atualizar o OpenOffice continuamente, ao contrário do que acontece com a utilização da suíte proprietária Microsoft Office. 97 e suas versões anteriores ou posteriores. "Nada impede que futuramente tenhamos uma versão do OpenOffice exclusivamente para utilização nos órgãos governamentais", conclui Morozowski.
Para o presidente da Cohapar, Luiz Claudio Romanelli, a economia obtida com a adoção de Software Livre na empresa representa um avanço tecnológico importante para o Estado do Paraná. "A Cohapar não teve custos com o pagamento de licenças, em uma visão estratégica de desenvolvimento de tecnologia, já que o OpenOffice tem seu código aberto e possibilita maior liberdade aos órgãos estatais em desenvolver soluções que atendam às necessidades com a segurança necessária das informações", diz Romanelli.
Os programas da Cohapar no governo de Roberto Requião
Casa da Família
É o principal programa habitacional da Cohapar. A meta é atender a 80 mil famílias com renda mensal de um a três salários mínimos até 2006. Oferece quinze alternativas de projetos arquitetônicos, com áreas construídas de 40, 44 e 52 metros quadrados. As casas serão erguidas pelo sistema de autogestão ou gestão comunitária, em que as famílias, isoladamente ou em conjunto, são responsáveis por administrar os recursos da obra.
Casa da Família Rural
A meta da Cohapar é construir, reformar ou ampliar 20 mil moradias no campo, em propriedades não superiores a 1,5 módulo rural. As famílias devem obter pelo menos 80% da renda bruta anual da exploração agrícola da propriedade. O financiamento será pago em equivalência-produto, uma vez ao ano.
Casa da Família Indígena
A Cohapar formou um grupo de estudos com a participação de representantes das etnias, além de indigenistas, para a elaboração de uma proposta de moradia. A meta é construir 650 casas em 2003.
Lote da Família
Permitirá a construção de casas em lotes urbanizados, prontos para a construção, com no mínimo 200 metros quadrados, em grandes cidades e municípios das regiões metropolitanas. Destina-se a famílias com renda mensal de até três salários mínimos. Em 2003, a meta é disponibilizar 10 mil lotes.
Autoconstrução Familiar
Dará acesso a moradia em áreas urbanas às famílias com renda de até 12 salários mínimos mensais. As casas podem ter área construída de 40, 44, 52 e 63 metros quadrados - com cinco alternativas de projeto arquitetônico cada uma. O mutuário pode utilizar o próprio lote no programa. A meta é construir 5 mil moradias em 2003.
Direito de Morar
Programa destinado à regularização de favelas e áreas invadidas. Destina-se a famílias com renda mensal média de até três salários mínimos. O programa também irá urbanizar favelas e invasões e relocar famílias que estejam em áreas de preservação ambiental. A meta é atuar em 10 mil moradias em 2003.
A economia obtida com a utilização do OpenOffice foi de R$98 mil
A exemplo do Metrô-SP, a Cohapar roda o OpenOffice em desktops com Windows 98
O choque cultural pela troca de soluções proprietárias por livres foi pequeno na Cohapar
Romanelli: "Visão estratégica de desenvolvimento de tecnologia"
Morozowski e Bogo: administração remota dos computadores facilita suporte
Para saber mais:
Companhia de Habitação do Paraná: www.cohapar.com.br
Rodrigo Asturian - asturian@RevistaDoLinux.com.br