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"Nosso Linux"

Um jornal regional, não técnico, noticiou no final de março que uma organização de alcance nacional pretende adotar o Linux buscando reduzir em 30% seus gastos de TI. A notícia em si é ótima, até por se tratar de órgão público, embora eu não vá entrar em detalhes por não tê-los obtido até o momento em que esta coluna foi escrita.

Mas o que me chamou à reflexão foi um detalhe importante, que diz que a organização “vai desenvolver distribuição própria de Linux”. Não me entendam mal - não tenho nada contra quem quer que deseje desenvolver sua própria distribuição de Linux. Mas esta atividade exige um grande investimento de recursos e tempo, e depois tem um custo permanentemente associado, raramente mencionado, que é o da atividade de manter a “distribuição particular” atualizada, incluindo todas as modificações de segurança e as de inclusão de novas funcionalidades.

Do ponto de vista econômico-financeiro, se o que se deseja é evitar a necessidade de gastos com a aquisição e até mesmo com contratos de suporte junto aos fornecedores comerciais de Linux, parece fazer mais sentido a adoção de uma distribuição disponível para download gratuito na Internet, seguida da atividade de adaptação na forma de configurações extras, personalização e inclusão eventual de pacotes adicionais. Se as alterações não forem sigilosas, podem até ser contribuídas aos mantenedores dos pacotes originais, no verdadeiro espírito do software livre. Existem muitas distribuições à escolha , e a organização poderá optar pela mais adequada, levando em conta filosofia, freqüência de atualização, respeito a padrões, adaptação ao idioma, aplicações disponíveis e todos os outros critérios que julgar importantes.

Assim, aproveita-se o trabalho anterior dos empacotadores e distribuidores, poupando boa parte do que seria despendido no desenvolvimento de uma solução própria, e sobram mais recursos para as atividades de personalização. Mas a maior vantagem vem no longo prazo: o distribuidor original se encarrega de manter atualizados os pacotes originais, e a equipe de TI pode se preocupar com as tarefas normais da organização, sem ter que se preocupar com a manutenção contínua de um sistema operacional “particular”.

Isto é o que toda organização deve ter em mente na hora de decidir como adotar o Linux: o simples fato de poder desenvolver a própria solução não quer dizer que se deva optar por este caminho. Em uma escola pode fazer muito sentido levar os alunos e pesquisadores a conhecer cada um dos detalhes do sistema, montando-o do zero; mas na maior parte das organizações, o fator economia e a própria efetividade podem ganhar um grande impulso se forem aproveitados os recursos disponibilizados pelas distribuições já existentes e mantidas pela comunidade ou por empresas.

O lado bom: mais gente interessada no desenvolvimento e uso do software livre para todos os tipos de propósito
O lado ruim: muito esforço (e custo) duplicado quando diversas organizações se dedicam a desenvolver e manter os mesmos pacotes, limitando o seu compartilhamento dos recursos disponibilizados por outros e impedindo que outros compartilhem dos seus próprios esforços.

Buraco da fechadura

Em março foram anunciados os lançamentos de novas versões de várias das distribuições comerciais de Linux, incluindo (em ordem alfabética para evitar brigas) Mandrake, Red Hat, Slackware, SuSE e Yellow Dog Linux. Além de todo o tradicional entusiasmo, encomendas, downloads e discussões - calma, eu sei que a sua preferida é mesmo a melhor de todas as distribuições -, desta vez pude notar um acontecimento inédito: vários casos de análises publicadas pela imprensa (principalmente pelo site www.osnews.com) antes do lançamento oficial do produto ou, quando isto não foi possível, poucas horas após a disponibilidade das novas versões.

Até pouco tempo atrás, as análises começavam a surgir dias após a disponibilidade dos softwares. Hoje o Linux formou um mercado editorial ávido, que compete para ser o primeiro a lançar análises completas, e analisa inclusive as versões beta. Possivelmente, as distribuições comerciais também têm interesse e liberam cópias antecipadas para alguns órgãos de imprensa selecionados. Com a abundância de informações, ganham os consumidores, que podem fazer uma escolha antecipada (e mais informada) sobre qual o lançamento mais adequado às suas necessidades, e descobrir se o upgrade é urgente ou se pode esperar mais algumas semanas.

O lado bom: informação é sempre bom, quanto mais (e mais cedo) melhor. E é mais uma demonstração do crescimento do interesse no Linux.
O lado ruim: Há sempre o risco da análise acabar ocorrendo às pressas e deixar de lado algum fato importante.


Augusto Campos - brain@matrix.com.br

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