Revista Do Linux
 
  
  
 

  Capa
  Evento
  Cartas
  Variedades
  Radio Linux
  Dicas e Truques
  Coluna do Augusto
  Mensagem ao Leitor
assinantes
 

De Porcas e Parafusos

A revista The Economist lançou em maio deste ano um especial muito interessante sobre tecnologia. O apanhado de artigos, intitulado "Coming of age, A survey of the IT industry", fala que a indústria de tecnologia da informação está chegando à maturidade. Utiliza fatos do passado para fazer paralelos e indicar tendências para o futuro. O Linux e os padrões abertos são citados diversas vezes nos artigos, mostrando que ele já está alinhado na direção que a indústria está tomando neste início de século. Um dos artigos mostra de forma clara a importância e a tendência da indústria na adoção de padrões abertos.

Na metade do século dezenove, porcas e parafusos eram fabricados por centenas de indústrias. Cada indústria fazia seus modelos com tamanhos, proporções e finalidades diferentes. O cliente que precisasse, por exemplo, construir um prédio, deveria comprar todo o seu material de um único fornecedor. Não podia trocar de fornecedor, pois seria obrigado a refazer todo o prédio. Estava inteiramente nas mãos do fornecedor, que poderia, depois de fornecer as primeiras remessas, pressionar e até mesmo cobrar mais caro pelos seus produtos. É o famoso "lock-in", situação em que o cliente depende totalmente do fornecedor para poder fazer o seu negócio andar.

Em 1864, um destes fornecedores, William Sellers, propôs que a indústria se unisse fazendo uma padronização para a fabricação de parafusos. Esta proposta levou alguns anos para ser aceita. Sellers afirmava que não era possível atingir a produção em massa (e o seu conseqüente barateamento) sem padrões bem definidos.

Antigamente, cada empresa deveria ter o seu próprio gerador para produzir energia, um processo extremamente caro. Graças à padronização ela passou a estar presente em qualquer lugar, assim como posteriormente tantas outras tecnologias, como as telecomunicações, a televisão e a Internet.

Você já se perguntou como seria a Internet, caso não existisse um protocolo padrão (e aberto), como o TCP/IP? Com certeza, não teríamos a rede como a conhecemos hoje. Haveria, provavelmente, uma diversidade de redes heterogêneas, impossibilitadas de trocar informações entre si. No melhor dos casos, poderiam conversar, mas com grandes dificuldades.

Hoje em dia, com o amadurecimento da indústria de tecnologia, os padrões abertos estão cada vez mais ganhando espaço. Já estamos no ponto em que não são somente protocolos ou linguagens que estão delineando o futuro do relacionamento cliente/fornecedor. Sistemas inteiros, como o Linux, estão contribuindo para não termos mais que comprar porcas e parafusos de um único fornecedor. A médio prazo, ninguém mais terá dependência tecnológica de empresa alguma. O que fará a diferença serão as inovações e as novas formas de se fazer negócio em cima desta base padronizada.

Boa leitura,
Rodrigo Stulzer


A Revista do Linux é editada pela Conectiva S/A
Todos os Direitos Reservados.

Política de Privacidade
Anuncie na Revista do Linux