"Não preciso de Windows para nada. Resolvo tudo com Linux". É com esta afirmação categórica que Rubens Queiroz de Almeida, gerente de divisão do Centro de Computação da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp, não deixa dúvidas sobre sua predileção pelo Linux.

Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Queiroz já estava familiarizado com o Unix desde 1990. Em 1994 passou a usar o software FreeBSD. Mas sua entrada definitiva no mundo Linux foi em 98 com o lançamento do Guarani 3.0, pela Conectiva, evoluindo depois para a versão 4.0 e agora para a 5.0 do Conectiva Linux.

Como gerente da divisão de serviços à comunidade, Queiroz iniciou uma campanha de popularização do Linux em agosto de 99, através de cursos rápidos, que duram em média três horas, em que são repassados conhecimentos básicos, como instalação, gerenciamento do software, e outros.

Inicialmente restritos à comunidade da Unicamp, os cursos despertaram o maior interesse, com turmas de noventa pessoas entre alunos, professores e funcionários. E agora, disponíveis para o público externo, os cursos, mesmo sendo pagos, têm atraído profissionais e usuários, interessados em substituir sua plataforma Windows por alternativas mais baratas. De acordo com Queiroz, a pressão gerencial nas empresas para redução de custos tem levado os profissionais a buscarem novas alternativas para o seu ambiente de trabalho.

"Nosso objetivo é criar dezenas de cursos de Linux", diz ele. Também os cursos de rede, como TCP/IP, DNS e sendmail, são ministrados sob sistema Linux. Queiroz lembra que no Centro de Computação, que cuida do desenvolvimento dos sistemas corporativos da universidade e da infra-estrutura de redes, todos os operadores passaram a utilizar ferramentas Linux em seus desktops (StarOffice, GIMP, etc.), desde agosto de 99.

Segundo Queiroz, as pessoas têm uma resistência normal ao uso de Linux, mas quando migram para o sistema percebem que ele tem todo tipo de aplicação. "Entre tantas opções, o usuário precisa achar as que são melhores para as suas necessidades", comenta.

Sempre pesquisando novas aplicações, ele enumera aquelas que utiliza com mais freqüência. Sua ferramenta de editoração eletrônica é o VI para escrever o texto, e o LaTeX para formatar, pois oferece possibilidades de automatizar muitas tarefas de editoração. Como planilha eletrônica, utiliza o Gnumeric.

Além disso, ele também converte formatos proprietários da Microsoft (.doc, .xls) automaticamente para formato html, através de plug-ins para Netscape. São eles: o wvWare (.doc para html) e xlHtml (.xls para html), mas Queiroz lembra que há uma infinidade de outros que permitem visualizar outros documentos.

"Ganho muito em produtividade com os aplicativos Linux, pois faço tudo automaticamente", diz Queiroz. Atualmente, ele está experimentando o software Zope, que facilita o gerenciamento de conteúdo na Web, na publicação eletrônica www.revista.unicamp.br, que também tem uma coluna sobre Linux: www.revista.unicamp.br/navegacao/index3.html

E para quem precisa criar apresentações em HTML, Queiroz dá uma dica: o software Prestimel faz tudo automaticamente, criando a seqüência de transparências a partir de um arquivo texto normal. Não é preciso programação no computador, os arquivos ficam pequenos e é fácil de portar. Vale conferir no site: www.sbox.tu-graz.ac.at/home/s/slash/prestimel

Queiroz mantém também um site de dicas, em Dicas-L.unicamp.br. "Uso um software excelente chamado bk2site, que torna a manutenção dessas páginas uma barbada". Esse serviço, criado por Queiroz em 97, tem cerca de cem mil visitantes por mês e 8200 assinantes, e traz também dicas de Linux: http://Dicas-L.unicamp.br/hotlinks/Linux.

No futuro, para popularizar mais o sistema, Queiroz acredita que será necessário montar distribuições mais voltadas para segmentos, como educação, negócios, etc. "Estamos pesquisando soluções de computação mais baratas, aproveitando a flexibilidade do Linux", afirma.