Na Granja Shinoda, a produção,
a classificação dos ovos e
outras atividades são controladas por computador
Com cerca de 1,2 milhão de aves, responsáveis por uma produção média diária de um milhão de ovos, a Granja Shinoda, do interior de São Paulo, foi pioneira no lançamento de produtos com grife nessa área — são suas as linhas de ovos especiais Turma da Mônica e Chico Bento, por exemplo, vendidas nas principais redes de supermercados. Toda a produção, a classificação dos ovos e outras atividades da granja são controladas por computador, por meio de programas que se integram com os sistemas administrativos e de vendas.
Até há pouco mais de um ano, esses sistemas rodavam em um servidor Windows NT, ao qual estavam ligadas 45 estações PC (Intel) com Windows 95 — distribuídas entre
a sede, em Porto Feliz, e duas unidades de produção, na região de Avaré. Em janeiro deste ano, a Granja Shinoda teve outra iniciativa inovadora: trocou pelo Linux o sistema operacional Windows instalado em todas as 45 estações
de sua rede.
Na verdade, a decisão fez parte de um processo de reestruturação na área de informática da empresa, que começou no primeiro semestre de 1999. "Na época, a granja resolveu comprar o sistema administrativo integrado Magnus, da Datasul", conta o consultor de informática Marcelo Braga Rissoni. "Só que esse sistema roda melhor em ambiente Unix e, por isso, um novo servidor
foi adquirido", explica.
O equipamento escolhido foi um HP NetServer LH-3, multiprocessado, de arquitetura Intel e com o sistema
operacional UnixWare, da SCO. Em novembro, começaram os testes de desempenho do Linux nas estações — agora ligadas a esse ambiente Unix. "Estava na hora de atualizar o Windows 95 para 98 e, apesar de todas as cópias do sistema serem legais, haveria um custo de upgrade", lembra Rissoni.
Mais do que a despesa de atualização, contudo, o que pesou na decisão da Granja Shinoda foi o aumento de performance oferecido pelo Linux, mesmo na fase de testes. "Houve um ganho muito grande", diz o consultor de informática. Além disso, o Linux reduziu bastante os gastos com manutenção do sistema operacional. Rissoni lembra que, antes, passava de doze a quinze dias por mês na granja, resolvendo diversos problemas ligados a manutenção. Hoje, a média caiu para quatro dias por mês. E, graças ao Linux e à nova infra-estrutura de telecomunicações da granja, ele pode até dar manutenção a distância, sem precisar viajar cerca de 150 quilômetros, para ir de seu escritório, em Mogi das Cruzes, a Porto Feliz.
A comunicação entre a matriz da Granja Shinoda e as duas unidades de produção atualmente é feita via satélite, por meio de um canal dedicado de 64 Kbits por segundo.
O acesso à Internet utiliza outro canal, de 2 Mbps, instalado em novembro e que conecta a sede ao backbone da Embratel — nesse caso, via rádio.
Na matriz da granja, além do HP NetServer LH-3 com sistema UnixWare, estão os servidores Web e de e-mail, todos também equipados
com Linux . Há, ainda, um servidor Linux para compartilhamento de arquivos de
usuários. Cada uma das unidades de produção — localizadas em Avaré e Pratânia — também tem um servidor Linux para compartilhamento local de arquivos de usuários. Já as 45 estações da rede têm
o pacote de aplicativos StarOffice instalado.
Com a eficiência proporcionada pelo novo ambiente operacional, o consultor Marcelo Rissoni passou a dispor de mais tempo para se dedicar a novos projetos concebidos para seu cliente. No momento, a Granja Shinoda está empenhada em modernizar sua área de vendas. A idéia é utilizar micros de mão (palmtops) para a transmissão direta dos pedidos pelo pessoal de vendas, via Internet, para a base de dados no servidor.
Cinco palmtops da linha Palm Pilot, equipados com modem, já foram comprados — no futuro, esse número deverá ser ampliado para quinze. "Os testes mostraram que o Palm funciona bem com Linux", comenta Rissoni. Agora, começa a fase de treinamento do pessoal de vendas, que costuma percorrer boa parte do
Estado de São Paulo visitando clientes — entre eles, grandes redes de supermercados, para onde vai metade da produção da Granja Shinoda (a outra metade é comprada por atacadistas). Com o Palm, eles poderão enviar rapidamente os pedidos para a sede, sem precisar ir até lá.
