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Comércio Eletrônico
As Armas do Free Software

Um dos mitos mais conhecidos (e falsos) que os detratores do Linux divulgam é o de que não há soluções prontas para a maioria das aplicações sérias. Eles alegam que, como o custo de desenvolvimento de uma solução personalizada é alto, a melhor saída ainda é a compra de uma aplicação pronta em código fechado.

A situação é um tanto pior quando o assunto é comércio eletrônico. O paradigma atual reza que, para possibilitar toda a flexibilidade de que cada negócio necessita, a aplicação de comércio eletrônico deve ser desenvolvida "sob medida", sendo as soluções implementadas com métodos, processos e (principalmente) código proprietário e exclusivo.

Cada empreendimento de e-business possui suas próprias necessidades e características, que devem ser satisfeitas para que o projeto de comércio eletrônico atinja os objetivos propostos. Por esse motivo, a maioria dos especialistas na área aponta o desenvolvimento exclusivo como caminho único para a construção de um site de comércio com o nível desejado de eficiência.

Mas o desenvolvimento de um sistema a partir do zero possui, entre outras menores, uma desvantagem que o torna impraticável para pequenos e mesmo médios negócios: o custo. Um estudo recente mostra que o custo médio de implementação de um grande site de comércio virtual gira em torno de US$ 1.000.000,00. Desse montante, aproximadamente US$ 100.000,00 são utilizados para a plataforma de hardware, outros US$ 100.000,00 vão para a aquisição das ferramentas de desenvolvimento e mais de US$ 800.000,00 são destinados à criação, testes e manutenção de código. Grande parte desse custo, porém, é absorvida na reinvenção da roda. Ou seja, o tempo todo, programadores escrevem milhares de linhas de código que provavelmente alguém já escreveu.

Por outro lado, as soluções empacotadas (ou seja, prontas e de código fechado), embora relativamente baratas, ou são muito especializadas (e portanto utilizáveis em poucos sites) ou são muito genéricas (e portanto atendem a poucas necessidades individuais). E mais: nenhuma solução empacotada será flexível o suficiente para englobar o conjunto de características próprias da cada negócio.

Nesse meio-de-campo estão surgindo diversas iniciativas de código aberto (a maioria sob a GPL) que se propõem a oferecer as vantagens e resolver os problemas de ambas as modalidades aqui descritas. A base dos sistemas de comércio eletrônico já está pronta e testada, portanto não há necessidade de novo desenvolvimento a cada novo empreendimento. Com a reutilização de código, a economia no desenvolvimento é drástica.

Os sistemas de comércio eletrônico de código aberto permitem que o software seja adaptado, modificado e mesmo modularizado para que todos os objetivos da empresa em questão sejam atingidos.

Uma nova corrente de especialistas está considerando a criação de soluções open code generalizadas de comércio eletrônico como a alternativa mais racional para os problemas de custo, adaptabilidade e modularidade. Tem-se agora todas as vantagens e o baixo custo que soluções prontas e genéricas oferecem, e deixa-se a porta aberta para que alterações e especializações sejam inseridas de modo a se atingir propósitos específicos.

É fácil encontrar diversas ferramentas e grupos de usuários dedicados ao comércio eletrônico na plataforma Linux. O assunto tornou-se tão importante que sites de software para o Linux, como o Freshmeat, (freshmeat.net/appindex/web/online%20shopping.html), possuem seções específicas com programas para download. Lá, mais de 30 opções de softwares para comércio eletrônico estão disponíveis para Linux. A equipe técnica da Revista do Linux conferiu alguns títulos para esta edição. Caso você utilize ou tenha testado alguma outra solução que não figure nesta edição, envie suas experiências para colabore@RevistaDoLinux.com.br.

O que procurar em um software de comércio eletrônico?

Um site de vendas online é composto de algumas seções específicas. Mesmo com as especializações que cada loja ou negócio virtual possua, a estrutura básica de um site segue a do quadro ao lado. A loja virtual deverá possuir uma home page associada ou não a uma home page principal. A partir dessa home page, o cliente deverá ser capaz de acessar os catálogos eletrônicos (onde se encontram os produtos) e as páginas informativas.

No catálogo, o cliente deve ser capaz de escolher um produto e adquiri-lo. O paradigma mais utilizado para mecanismo de compras é o carrinho ou cesta de compras. Similar a um supermercado, o cliente vai armazenando no carrinho os produtos que deseja e, no final, paga tudo em uma única transação.

Os catálogos eletrônicos são módulos que permitem ao lojista virtual administrar os produtos disponíveis. Através deles é possível incluir, excluir e modificar os produtos individualmente, e organizá-los em categorias e subcategorias. A ferramenta de catálogo escolhida deve cumprir, pois, com os requisitos de administração da loja, e ser compatível com a ferramenta de processamento de compras.

As ferramentas de catálogo eletrônico criam estrututuras como a do quadro acima.

Uma ferramenta de catálogo eletrônico não é obrigatória. A loja pode ser administrada "manualmente", ou seja, os catálogos podem ser criados em HTML puro. Entretanto, essa não é uma solução viável para grandes sites. E mesmo uma estrutura simples como a da figura é complicada para se criar manualmente.

O módulo de compras é o coração de uma loja virtual. Quaisquer que sejam os módulos escolhidos, é obrigatória a implementação de um módulo que armazene os produtos e processe a compra (veja o quadro da página 26).

O módulo de compras pode ser monolítico ou composto de diversos submódulos menores. Os principais são o carrinho de compras, os sistemas de validação de cartão de crédito e os mecanismos de transações financeiras. O carrinho de compras armazena os pedidos e processa a compra quando o cliente quer finalizar o processo. Um módulo adicional de validação verifica o número e a validade do cartão informado. Esse módulo adicional normalmente é proprietário e integra-se a alguma rede de automação de cartões. Os mecanismos de cobrança estão diretamente ligados a bancos, para que o cliente possa fazer débito direto em conta corrente.

Com um pouco de trabalho é possível montar uma pequena loja apenas com uma ferramenta de carrinho de compras, deixando o resto para processamento manual (off line). Na escolha do carrinho de compras mais adequado às suas necessidades, o lojista deve atentar para os seguintes aspectos:
  • compatibilidade com os demais módulos escolhidos
  • suporte aos métodos de pagamento pretendidos pelo lojista
  • possibilidade de cadastro de impostos e taxas, bem como tipos de remessa
  • garantia de segurança para os dados da loja e do cliente

É prática interessante dotar o site de páginas informativas que ofereçam informações sobre a loja, a empresa, como comprar, FAQ, serviço de atendimento ao cliente, etc. (veja o quadro da página 27). Um outro ponto a verificar na escolha de ferramentas para e-commerce é o suporte a sites associados, que podem atuar como vendedores, com um link para a sua loja virtual. A ferramenta escolhida para tal deve gerenciar os sites afiliados, permitir inclusões, exclusões e categorias, e calcular as comissões de cada um.

Desenvolvendo sua solução

Para os que pretendem desenvolver um site com seu próprio código, recomenda-se utilizar uma linguagem de scripts para web e um banco de dados SQL. A dupla campeã para tal é o PHP + MySQL. Devido a problemas de licença, muitos utilizam o PostgreSQL. Com a liberação de uma nova versão do MySQL sob a GPL, isso deve mudar. Grandes empresas preferem bancos de dados comerciais consolidados, como o Oracle, mas o modelo de desenvolvimento é praticamente o mesmo.

É possível, apenas com PHP + xSQL, montar sites completos de comércio eletrônico e qualquer site de conteúdo dinâmico que se precise atualizar freqüentemente. Um exemplo é o pontobr (www.pontobr.org), desenvolvido totalmente em PHP e MySQL.

Para maior integração com o Apache (o servidor web preferido para aplicações de comércio eletrônico), pode-se, em vez de PHP, utilizar Perl. Com Perl é possível fazer a loja funcionar como módulo do Apache, o que em algumas situações aumenta o desempenho do sistema. O Perl permite uma integração com o código HTML muito parecida com a do PHP. Há inclusive sites híbridos rodando parte em Perl e parte em PHP. Aplicações de comércio eletrônico desenvolvidas em outras linguagens, como a C, são menos comuns.

Tutoriais interessantes sobre e-commerce e ferramentas para desenvolvimento podem ser encontrados nos seguintes endereços:

Soluções prontas

A equipe da Revista do Linux selecionou alguns sistemas prontos de comércio eletrônico para Linux. Alguns são suítes completas, outros são apenas carrinhos de compras. Escolha aquele que atender às suas necessidades, e boas vendas!

Carrinhos de compras

Os módulos de carrinhos de compras são simplesmente scripts (a maioria CGI) que permitem que o site possua esta funcionalidade. Normalmente não há nenhum tipo de automação ou facilidade de administração, tudo o que os scripts fazem é criar um carrinho que armazene as compras do cliente e as processe. Alguns são bem elaborados, com suporte a servidores de mail (para envio de mensagens de confirmação) e validação de cartões de crédito.

Commerce.cgi
www.careyinternet.com/

Este é um programa que pode ser instalado em minutos em sistemas Unix. Incluída, há uma ferramenta básica de administração chamada Store Manager, que altera a configuração do shopping cart e proporciona uma limitada administração de produtos do catálogo. Essa administração é feita via web.

No site existem algumas listas de discussão sobre comércio eletrônico e outros programas relacionados para download, alguns deles gratuitos. A Carey Internet fornece ainda consultoria para soluções de e-commerce.

RediCart
www.itransact.com/redicart/

Este é um programa de carrinho de compras simples, baseado em Perl, e capaz de aceitar pagamentos com cartões de crédito e débito em conta. Foi desenvolvido para utilizar o gateway de transações financeiras da empresa americana iTransact, mas pode ser facilmente modificado para integrar-se a qualquer sistema de validação e transação financeira online existente.

As principais características do RediCart são:

  1. Instalação fácil: apenas três pequenos scripts em Perl.
  2. Cabeçalhos e Rodapés em HTML para facilitar a criação de páginas.
  3. Uso do IP do cliente para rastrear o conteúdo do carrinho de compras.
  4. Funções avançadas de envio (quantidade, peso, preço).
  5. Recolhimento de impostos.
  6. Totalmente documentado com instruções de instalação passo-a-passo.

Pacotes completos

Existem inúmeras suítes para comércio eletrônico. Tais pacotes trazem soluções globais que procuram facilitar ao máximo a vida dos administradores das lojas, que não são necessariamente técnicos, mas administradores e empresários. A maioria das soluções encontradas possui sistema de administração remota que pode ser aprendido e operado por qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento, abrindo enormes possibilidades para pequenos e médios negócios.

CiberTienda
www.cibertienda.org/

Software para criação e administração de um site WWW de loja virtual, o CiberTienda foi liberado sob os termos da licença GPL, e foi desenvolvido pelo Banesto, banco espanhol com o maior volume de investimentos em novas tecnologias. Para o desenvolvimento do sistema em regime Open Source, o Banesto associou-se à Onirica, uma nova companhia voltada exclusivamente para Open Source e Software para a Internet. Com esse software é possível criar um sistema de comércio eletrônico 100% Open Source.

O CiberTienda é um CGI que se conecta a um banco de dados SQL com todas as informações da loja. No momento, apenas os bancos PostgreSQL e MySQL são suportados, mas portes para DB2, Oracle, Informix e Sybase estão em desenvolvimento (ao lado).

Criar uma loja com este software é muito fácil. Uma vez instalados os binários e modelos e depois de modificá-los com o nome do shopping, logomarca, seções e "look&feel", basta configurar o servidor web para apontar para a loja e utilizar a ferramenta de administração para adicionar os produtos diretamente ao banco de dados.

Free Trade
www.working-dogs.com/freetrade

Desenvolvido com a combinação PHP e MySQL, implementa um sistema básico de comércio eletrônico. Por ser extremamente genérico, possui a vantagem de poder ser adaptado a situações difíceis, e a desvantagem de não possuir alguns recursos presentes em outros softwares. Há previsões para o lançamento de uma versão utilizando Java Servlets.

O Free Trade está sob uma licença tipo BSD. Consulte o site oficial para mais informações sobre restrições de uso (tela do freetrade na página 27).

phpShop
www.phpshop.org/

Solução completa de comércio eletrônico baseada em PHP, requer o interpretador PHP versão 3 ou 4 e o banco de dados MySQL. Tem capacidade de rodar sites voltados ao varejo (business-to-consumer ou B2C) e ao atacado (business-to-business ou B2B). (Tela do phpShop na página 28.)

Os administradores do site podem facilmente gerenciar todos os aspectos da loja virtual através de um navegador web. A arquitetura única do phpShop permite que os desenvolvedores criem e incluam novos módulos para atender a necessidades específicas.

No site oficial é possível increver-se em listas de discussão sobre o sistema e verificar lojas reais que já utilizam o phpShop, bem como experimentar à vontade a loja de demonstração e sua página de administração.

Yams
yams.sourceforge.net

O Yams (Yet Another Merchant System) é um sistema de comércio eletrônico que fornece ferramentas tanto para o cliente quanto para o administrador. Escrito em Perl e utilizando o banco de dados MySQL, possui um carrinho de compras persistente, a capacidade de trabalhar com diferentes tipos de produtos e suporte a sites afiliados. Protegido sob a GPL, o Yams pode ser utilizado sem restrições para quaisquer fins comerciais.

MiniVend
www.minivend.com/

Talvez o mais conhecido sistema de comércio eletrônico para Linux, o MiniVend é com certeza um dos códigos mais depurados e aperfeiçoados que se conhece. Suporta praticamente quaisquer necessidades específicas em um site de comércio eletrônico, incluindo aí autorização online de cartões de crédito, segurança com SSL e PGP, conectividade com quaisquer bancos de dados SQL e DBI/DBD e internacionalização.

Uma ferramenta simples de administração para o MiniVend foi desenvolvida pelo autor. Chamada MiniMate, (antes: MaxiVend) é um frontend baseado em web que permite administração básica do site. O MiniVend e o MiniMate estão sob a licença GPL. Não há restrições para uso.

Tallyman
www.akopia.com/tallyman

Software GPL de comércio eletrônico para gerenciamento de frente de loja, foi desenvolvido para facilitar as tarefas do dia-a-dia de um site de e-commerce. Isto é conseguido através de uma interface baseada em web. Através dela pode-se adicionar, rearranjar e remover produtos, alterar o layout do site, configurar tipos de remessa, impostos ou dividir as tarefas entre diversos usuários do sistema. O sistema possui APIs para integração com vários mecanismos de cobrança online existentes, é internacionalizável e opera com vários idiomas (Tallyman, ver acima).

O Tallyman possui três diferenciais principais em relação aos outros pacotes:

  1. Cria páginas estáticas ao invés de dinâmicas, facilitando o trabalho de mecanismos de busca. As páginas são geradas automaticamente pelo software, e uma vez definidos os modelos de página, dificilmente os operadores do sistema precisarão trabalhar com HTML novamente.
  2. O acesso de pessoal à página de administração é controlado. É possível definir permissões especiais para cada operador, fazendo com que eles entrem apenas nas áreas do site para as quais foram autorizados.
  3. A administração da loja pode ser feita por qualquer pessoa não-técnica, de forma que o próprio lojista ou seus funcionários possam administrar a loja sem a presença constante de um administrador de sistemas.

Uma característica a mais do Tallyman: permite que múltiplas lojas sejam hospedadas no mesmo servidor e rodem independentemente dentro do Tallyman. Isso o torna um excelente software para servir de base a shoppings virtuais.

Esperamos que este artigo seja um convite para que todos os leitores testem e pesquisem pela internet novas soluções relativas a comércio eletrônico.

Esperamos que todos aprendam, instalem os softwares, montem uma loja virtual com algum deles e ganhem muito dinheiro. Akopia adquire Minivend

A Akopia, empresa que presta serviços e consultoria na área de comércio eletrônico, e que também desenvolveu a suíte Tallyman, adquiriu o software MiniVend. Mike Heinz, seu criador, juntou-se à equipe de desenvolvimento da Akopia.

Um novo produto, chamado Interchange, está sendo lapidado para integrar o MiniVend e o Tallyman. Combinando as funcionalidades excepcionais do MiniVend, conseguidas em anos de desenvolvimento, com a interface intuitiva e o paradigma de administração do Tallyman, o Intechange deverá ser um marco na história dos sistemas prontos de código aberto para comércio eletrônico. Especialistas já decretaram a morte dos sistemas de código fechado e das soluções sob medida nessa área.


Um preview do software para desenvolvedores pode ser conseguido no endereço larry.minivend.com/interchange/preview/interchange-4.5.3.tar.gz e uma loja de demonstração pode ser experimentada em demo.minivend.com/interchange/

Para saber mais sobre a Akopia ou o Interchange, visite www.akopia.com

 

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