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Slackware em questão
A mistificada e injustiçada distribuição feita por Patrick

Slackware sempre é classificada como uma distribuição voltada para os mais entendidos no assunto, coisa que não é bem verdade. Ela foi criada em abril de 1992 por Patrick Volkerding (volkerdi@ftp.cdrom.com), e busca ser o mais fiel possível ao padrão POSIX e ao velho UNIX. Atualmente na versão 7.1.0, passou por uma mudança drástica na sua estrutura, sendo que saltou diretamente da versão 4.0.0, quando ainda usava a libc5, pulando versões 5.x e 6.x, pois como outras distribuições utiliza hoje a glibc. Difere das outras distribuições já na instalação: funciona exclusivamente em modo texto, através de menus.

Para começar sua instalação é necessário ter o utilitário rawrite.exe (DOS) que montará a imagem dos dois discos de inicialização (rootdisk e bootdisk). Caso o computador onde está sendo instalado não suporte boot via CDROM, pois o CD do Slackware é bootável, o que facilita muito a instalação, temos que prepará-los. Principais pacotes:

A - Sistema Básico do Linux

AP - Vários aplicativos que não requerem o X

D - Desenvolvimento de Programas (C, C++, Lisp, Perl, etc)

DES - Add-on da GNU libc crypt()

E - GNU Emacs

F - FAQ e Documentação

GTK - GTK+ e GNOME

K - Fontes do Kernel Linux

KDE - Qt e KDE

N - Network (TCP/IP, UUCP, Mail, News, etc)

T - Tex

TCL - Tcl/Tk Linguagens de Script

X - Xfree86 - Sistema de Janelas X

XAP - Aplicações para X

XD - Kit de desenvolvimento para servidores X

XV - XView (Gerenciador de Janelas OpenLook, aplicativos)

Y - Jogos (não requerem o X)

Para a instalação na maioria dos computadores será necessário criar a imagem de boot, dentro do diretório bootdsks.144, bare.i (para computadores IDE) e a imagem de root, dentro do diretório rootdsks, color.gz (para menus coloridos). Feito isso com os discos boot/root, assim que estiver disponível um shell login, entre como root. Aparecerá um shell prompt. Em seguida deverá ser criada a tabela de partições do HD (caso não tenha sido criada antes), através do comando #fdisk /dev/hda (caso esteja instalando no dispositivo primário da primeira IDE). Criada as partições, é hora de instalar a distribuição em si. Digite:


#setup

para entrar nas opções de menu do slackware que são:

HELP - Ler o Help do Setup do Slackware

KEYMAP - Remapear o teclado

MAKE TAGS - Programa Customizar via Tags

TARGET - Selecionar onde será instalado [ normalmente: / ]

SOURCE - Selecionar de onde os pacotes serão instalados [ normalmente:/CD ]

SELECT - Selecionar os Pacotes a serem instalados

INSTALL - Instalar os pacotes selecionados

CONFIGURE - Reconfigurar o sistema Linux

PKGTOOL - Instalar e remover pacotes com o PKGTOOL

EXIT - Sair do menu

Vamos direto ao ponto. Vá em TARGET e escolha a partição onde será instalado o Slackware. Siga as opções que irão aparecer (não deve haver novidades), após isso você será levado diretamente à próxima seção, SOURCE. O Slackware irá tentar detectar o seu CDROM automaticamente, é só não esquecer de colocar o CD no drive, que não haverá problema. Já instalei em mais de 100 máquinas, sem nenhuma dificuldade.

Agora você deverá escolher os pacotes. Escolha aqueles que forem mais úteis para suas necessidades. Em seguida veremos um novo menu perguntando qual o método de instalação. Se você escolheu todos os pacotes (modo FULL), irá precisar de 1GB.

Depois de instalado, o sistema o levará à configuração. Serão feitas perguntas básicas, guiadas por explicações simples mas funcionais, do que você estará configurando.

Nessa parte começa-se a sentir a diferença entre o Slackware e outras distribuições, pois não há autodetecção de praticamente nenhum periférico, exceto placa de rede. Por isso há a necessidade de se saber, com alguma precisão, quais os endereços dos periféricos, tais como modem e mouse. A seqüência será parecida com isso:

  • Escolher um kernel - pode-se usar o kernel do bootdisk ou o bare.i no cd (caso seu computador seja IDE);
  • Fazer um disco de boot

Altamente Recomendado;

  • Configurar o Modem - Escolha a porta COM que está em seu modem (esse valor será usado para se criar o link simbólico/dev/modem);
  • CDROM autodetect - Escolha se quer ou não que o Slackware monte os seus CDs automaticamente;
  • Screen Font Select - Selecionar a fonte para o modo texto;
  • Install Lilo - Tente a opção automática, deve funcionar perfeitamente, e no caso contrário, instale o modo mais parecido, depois arrume após o boot no sistema - será necessario o bootdisk criado anteriormente;
  • Configure Network - Configurar a rede;
  • Enter Hostname - Nome da sua máquina;
  • Enter Domain - Domínio da máquina (se não tiver uma rede, coloque um ponto - ".");
  • Escolher o tipo de IP que a máquina terá (fora de uma rede, a opção é loopback);
  • Mouse Configuration - Se o seu não constar na lista ou não souber, escolha BARE;
  • Mouse Serial Port - Escolha a porta;
  • GPM Configuration - GPM é o que faz o mouse funcionar em modo texto, escolha YES (altamente recomendado);
  • Sendmail Configuration - Escolha SMTP+BIND para conexões com a Internet; -Time Zone Configuration - Escolha a sua região - possui a opção da cidade de São Paulo, e serve para a maior parte do país ( horário de Brasília ); -Select Default Window Manager for X - Escolha um na lista (este será o padrão ).

Terminada a configuração, voltamos ao menu principal. Use PKGTOOL para desinstalar algum pacote (normalmente não se usa essa opção nessa hora). Seu sistema estará pronto para ser inicializado, saia do menu e volte ao shell prompt. Basta dar Ctrl + Alt + Del e a máquina será reinicializada. Caso a instalação do lilo tenha sido bem sucedida, aparecerá a indicação "lilo". Escolha o Linux, faça o login como root e a primeira coisa "extremamente importante" a fazer é criar um usuário. No Slackware não há verificação por padrão, e alterações/exclusões de arquivos são operações perigosas, assim o cuidado deverá ser TRIPLICADO ao se trabalhar como root.

Antes de partir para a configuração do resto do sistema, será apresentada a estrutura de diretórios da distribuição - não há programas de configuração como na RedHat e outras que possuem o linuxconf, mas este pode vir a ser instalado posteriormente:

bin - arquivos executáveis prioritários para o sistema;

boot - arquivos estáticos para boot do sistema (boot-loader);

dev - dispositivos de entrada e saída.

Aqui há alguns links simbólicos importantes:

modem - link para a porta do modem

mouse - link para a porta do mousecdrom - link para o hdX, dispositivo de cdrom

Caso algum destes links esteja apontando para dispositivos errados, é bom mudá-lo para as portas corretas. Mais tarde, ao configurar o acesso por modem/mouse, não será necessário se preocupar com mudanças de portas destes dispositivos, bastando apenas mudar o link.

etc - arquivos de configuração (os scripts de inicialização estão em /etc/rc.d/, não é necessário mexer neles por enquanto). Estes arquivos são grandes e chamam a maioria dos programas que rodam durante a inicialização, além de controlarem inúmeras outras funções durante o boot. Só mexa neles se tiver certeza do que está fazendo;

home - onde provavelmente você colocará os users do seu sistema (default) e onde estará a árvore de diretórios do FTP (/home/ftp);

lib - arquivos de bibliotecas compartilhadas usadas com freqüência;

mnt - ponto de montagem padrão para dispositivos de armazenamento (o CD-ROM é normalmente montado em /cdrom);

root - home do root;

sbin - arquivos de sistema importantes (um pouco menos que /bin, mas igualmente importante);

tmp - arquivos temporários;

usr - os arquivos dos users e programas devem ser instalados sob esse diretório (segunda maior hierarquia do sistema de diretórios), destacando-se aqui /usr/src/linux, onde está o fonte do kernel linux e /usr/doc onde está a documentação do sistema;

var - informações variáveis do sistema, destacando-se o diretório /var/log onde estão os logs do sistema;

Visto onde estão os arquivos mais importantes, passaremos a configurar o ambiente X. Use o xf86config (estará no sistema com certeza).

Após termos visto a instalação e configuração básica do sistema, podemos falar um pouco sobre o Slackware. Ele usa vários SHELL SCRIPT para configuração, ao contrário de outras distribuições que usam programas para isso. Esta característica torna toda a sua configuração completamente transparente para o administrador do sistema, mas também as coisas um pouco mais complicadas.

Scripts: uma das coisas que mais agradam a quem opta pelo Slackware. A maioria das pessoas que falam sobre Slackware (infelizmente a maioria delas nunca chegou a usá-lo), dizem que ele é tecnologicamente atrasado frente às outras distribuições por não possuir gerenciamento de pacotes como o RPM (RedHat, Connectiva, etc) e DEB (Debian, Corel Linux, etc). Isso é um engano, pois os pacotes do Slackware são os TGZ que podem ser manipulados pelo pkgtool e outros comandos de que fazem funções específicas (installpkg, removepkg, makepkg e outros).

O Slackware também consegue trabalhar com pacotes RPM, basta convertê-lo para o formato TGZ com utilitários como rpmtotgz. A partir da versão 7.0.0 o Slackware passou a contar com a manipulação direta de pacotes RPM. Cabe uma explicação extra aqui: no Slackware os arquivos.TGZ são pacotes, enquanto os aquivos .TAR.GZ são arquivos agrupados (tar) e compactados (gzip), embora outras distribuições tratem ambos da mesma maneira. Normalmente usuários do Slackware não utilizam o gerenciamento de pacotes. Quando se quer instalar algum aplicativo, pega-se o código fonte e este é compilado passo a passo, mais uma vez buscando a melhor performance do sistema e maior segurança das ações dos programas. Para tanto usa-se a velha fórmula:


./configure
make
make install. 

As Novidades do Slackware Linux 7.1.0:

Dia 24/06/2000 o Slackware 7.1.0 Final Release foi lançado. As novidades:

Linux Kernel 2.2.16 ( com errata de Alan Cox - patch );

Xfree86 3.3.6 ( com o Xfree86 4.0 no /contrib - diretório que vem com vários programas, que não são instalados automaticamente );

Apache 1.3.12;

GNOME 1.2;

KDE 1.1.2 ( com 1.90 e 1.91 no /contrib );

Perl 5.6.0;

PCMCIA card services 3.1.16;

Kernel Especial para ATA/66 e ZipSlack; além do Netscape, do GIMP e outros programas populares. Mais atualizações podem ser encontradas no ChangeLog.txt, no CD ou no site oficial do Slackware: www.slackware.com

No Slackware as coisas não são tão difíceis como dizem alguns. Apesar de não contar com nenhum front-end que junte todos os aplicativos de detecção de hardware, a detecção de periféricos não oferece problemas já que a documentação é muito farta, cobrindo praticamente qualquer hardware.

Para o CDROM, HD e floppy não há nenhum problema de detecção. Placas de vídeo dependem do Xfree86 e a versão instalada junto com o Slackware vem com uma imensa lista de placas, reduzindo a chance de se ter algum problema com elas. Já com modems e mouses basta fazer os links simbólicos corretamente, linkar com as portas certas, que não haverá problema algum. Placas de som contam com o sndconfig para ajudar na detecção e os dispositivos ISA PNP podem ser detectados com o isapnptools e o pnpdump.

O Slackware não conta com nenhum tipo de atualização automática, ficando completamente a cargo do administrador decidir pelas atualizações dos programas. O site oficial do Slackware é www.slackware.com , e conta com outros sites de apoio, como www.slackware.org . Aqui no Brasil pode-se achar o ISO, imagem de CD, através de um dos mirrors da lista www.linuxberg.com.br. Documentação pode ser encontrada em: www.netdados.com.br/tml (site do Hugo Cisneiros) e também em linux.trix.net (Linux in Brazil, site do Augusto Campos).

Para terminar esse artigo, ressalto que a Slackware é uma distribuição para quem está cansado de ter tudo pronto, de ter tudo com cara bonitinha e ter facilidades com tudo. Quem opta por essa distribuição não pode ter medo de ler, abrir, editar, fazer e refazer configurações em modo texto, já que aí está sua força. Divirta-se, pois essa distribuição o ensinará a fazer e não a comprar pronto, levando a um outro patamar.

 

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