Gravando seus próprios CDs de
Linux
Não, não estou falando de você
criar sua própria distribuição. Aliás, por que não? Se você tem tempo e
disposição, é uma boa maneira de entender realmente a fundo como as coisas
funcionam. Comece pelo Linux From Scratch
(http://www.linuxfromscratch.org/) ou pelo Linux Bootdisk HOWTO
(http://linuxdoc.org/HOWTO/Bootdisk-HOWTO/index.html), se não for tão
ambicioso.
Mas o foco hoje é outro. Muita
gente pergunta onde pode fazer o download do Linux, e a resposta geralmente
passa pelos sites das distribuições. Entretanto (e isto não é propriamente
uma novidade), existe um site onde você pode fazer download do conteúdo
completo dos CDs de várias
distribuições - 21 variedades,
incluindo a brasileira Conectiva 7.0, na data em que esta coluna é escrita.
Trata-se do linuxiso.org,
especializado em downloads de distribuições. Os downloads estão em formato
ISO9660 e contêm imagens exatas dos CDs originais, setor por setor - assim,
você pode fazer o download e gravar um CD absolutamente idêntico ao
original, de maneira simples e direta.
Claro que os arquivos não são
pequenos - o CD de instalação do Slackware 8.0, por exemplo, é um download
de 650MB. Mas em tempos de banda larga, isto não é mais obstáculo. Usuários
de modems por linha discada também podem encarar o desafio, principalmente
se utilizarem um gerenciador de downloads capaz de reiniciar conexões
interrompidas sem perder dados (como o wget).
Depois de fazer o download, gravar
os CDs é simples. Basta usar o cdrecord, assim:
cdrecord -v speed=10 dev=0,0,0
-data nome.iso
substituindo o 0,0,0 pelo endereço
correto do seu gravador de CD, o 10 pela
velocidade que você preferir, e o nome.iso pelo nome do arquivo. Se você só
pode gravar CDs em Windows, o próprio site tem manuais sobre a gravação a
partir de vários softwares populares. Não deixe de ler também os manuais
sobre downloads utilizando o wget.
Você pode também acessar o
conteúdo dos arquivos ISO a partir do Linux sem gravá-los em um CD,
montando-os como um sistema de arquivos loopback, com um comando como:
mount /tmp/nome.iso /mnt/iso -t
iso9660 -o ro,loop=/dev/loop0
o arquivo /tmp/nome.iso será
montado no diretório /mnt/iso (que você deverá ter criado previamente).
Experimente! Em caso de dúvidas, consulte a documentação - é melhor do que
queimar CDs desnecessariamente :-)
----------------------------------------------------------
O lado bom: testar novas versões
sem ter que pedir nada pelo correio nem
desembolsar nada.
O lado ruim: horas de download,
sem suporte nem manuais impressos.
----------------------------------------------------------
A escolha de um novo sistema de
arquivos
O sistema de arquivos é a maneira
como um disco é formatado e organiza seu conteúdo. O sistema de arquivos
tradicional do Linux é o ext2, robusto e funcional, mas criado na época em
que contava-se o tamanho dos discos em megabytes, e não em gigabytes. Qual
o problema? Quando
desligado inadequadamente (por
exemplo, em uma queda de energia), todo o conteúdo de um disco ext2 precisa
ser verificado no próximo boot. Esta verificação toma um tempo considerável
para um disco de 600 MB e minutos intermináveis em um dos novos discos de
60 GB. O ext2 também carece de algumas outras características
interessantes, que você pode conferir no
Filesystems-HOWTO
(http://linuxdoc.org/HOWTO/Filesystems-HOWTO.html).
É chegada a hora de optarmos por
alternativas, e há várias delas. Todas são implementações da idéia de
Journaling Filesystems - sistemas de arquivos que mantêm sempre um estado
consistente, dispensando as longas verificações após um desligamento
forçado. Algumas distribuições, como a SuSE e a Conectiva, já incluem o
suporte a este sistema, utilizando o formato ReiserFS, há algum tempo. Além
do ReiserFS, existem outras 3 alternativas: o JFS (contribuído ao Linux
pela IBM), o XFS (contribuição da SGI) e ext3.
Embora houvesse uma certa
expectativa de que o ReiserFS fosse se consolidar como o mais popular
Journaling Filesystem para Linux, no final de agosto a Red Hat anunciou que
adotaria o ext3 em suas próximas distribuições.
O ext3 tem uma vantagem inegável:
é compatível com o ext2, não exigindo reformatação de partições existentes.
Isto torna o processo de upgrade mais simples e permite até pensar na
hipótese (remota) de downgrade. Além disso, ao contrário do que possa
parecer, o ext3 é mais rápido do que o atual ext2.
Este tipo de diferença entre as
distribuições pode ser confuso, mas, geralmente, a diversidade leva à
evolução - desde que se mantenha a compatibilidade, é claro. E nada impede
que você mesmo configure o suporte para o sistema de arquivos que preferir,
se estiver suficientemente motivado. Afinal, estamos falando de software
livre :-)
-------------------------------------------------------
O lado bom: boots rápidos depois
de uma queda de luz ou chute no
estabilizador
O lado ruim: mais diferenças entre
as principais distribuições
--------------------------------------------------------
|