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Uma nova era com o Itanium
 
A Intel se fortalece com o lançamento da família de processadores de 64 bits e aposta em uma dobradinha com o Linux
 
A corporação tem 70.000 funcionários em todo o mundo e seu ponto forte é a produção
 
Só para se ter idéia, este ano ela vai investir cinco bilhões de dólares em desenvolvimento, numa época em que todas as grandes empresas estão em franco desaquecimento e com profundos cortes orçamentários, porque sabe que investir agressivamente, principalmente nos momentos de crise é o que lhe garante supremacia tecnológica. A logística de sua produção é uma operação extremamente complexa, e apenas em vendas de e-commerce fatura mais de dois bilhões de dólares por ano, com uma agilidade enorme junto aos seus clientes que fazem seus pedidos OEM via Internet, disparando automaticamente os processos que atingem uma escala absurda e muito otimizada.
 
Ela produz mais de cem milhões de processadores por ano e é a empresa que tem ditado os rumos do mercado de informática nos últimos 20 anos. Sempre atenta ao florescimento de novos segmentos, tem feito diversas parcerias e alianças com empresas Linux nos últimos anos. A Intel, empresa que já foi identificada como a grande parceira da Microsoft renova sua estratégia mundial e apresenta um perfil muito promissor para a explosão do Linux nos próximos anos.
 
Com o lançamento da família de processadores Itanium de 64 bits, abre-se um leque de possibilidades mirabolantes para a plataforma Linux, tanto por oferecer um custo final de solução muitíssimo baixo para o mundo corporativo, científico e acadêmico, quanto pelo poder de computação que as ferramentas do mundo Linux sempre requisitaram. Para saber mais sobre isso, a RdL foi conversar com Maurício Bouskela, gerente de relações estratégicas da Intel no Brasil.
 
RdL - Como se dá a relação entre vocês e os desenvolvedores das plataformas que usam os processadores que vocês fabricam?
 
MB - Temos na Intel um time de pessoas de relacionamento estratégico com as equipes de software (Estrategical Relationship Managers), e que mantém um estreito contato com empresas como, por exemplo, Microsoft, Oracle, Red Hat, enfim todas as grandes no âmbito mundial e, também, local, com parcerias como Conectiva, Microsiga e muitas
outras. Esse relacionamento visa uma transferência de conhecimento e disponibilização de informações técnicas para que essas empresas possam usufruir de uma performance otimizada de seus sistemas na arquitetura Intel. Temos reuniões periódicas onde passamos informações sobre os novos projetos em andamento e que permitem que nossos
parceiros estejam sempre bastante atualizados durante a produção de novos releases de seus softwares. Estamos sempre atendendo aos pedidos dos que querem ter informações detalhadas sobre nossos novos lançamentos como recentemente no caso do Itanium 64. Além disso, temos também alguns laboratórios nos Estados Unidos e Europa onde essas equipes podem efetuar teste de escalabilidade, de performance, ou usar ferramentas que permitem diagnosticar gargalos, etc. Com isso queremos oferecer o maior apoio possível para que esses softwares rodem da maneira mais otimizada.
 
RdL - Considerando o universo de aplicações que rodam nos processadores Intel vocês devem ter um time bem grande de desenvolvedores, não é?
 
MB - Aqui no Brasil não temos nada em termos de equipes de programadores, mas nos Estados Unidos temos os chamados Application Engineers que trabalham em conjunto com o pessoal de relacionamento estratégico, com as equipes de suporte, e integradamente vamos elaborando planos para gerar iniciativas, quer no marketing ou na área técnica, para beneficiar nossos parceiros, contemplando tanto o lado comercial quanto o dos consumidores. Agora mesmo estamos concentrados em um enorme programa de portabilidade para o Itanium.
Na evolução da família Pentium ficamos bastante tempo desenvolvendo ferramentas e soluções para a área de jogos para obter maior performance ou implementando novas tecnologias. No lançamento do Pentium III, novas rotinas de encoding e decoding permitiram aumentar o número de instruções por ciclo, e no Pentium IV, aumentamos a performance de streaming dessas rotinas, além da introdução de serviços de criptografia. Isso ilustra bem como funciona nossa cooperação com os times de software das outras empresas.
 
RdL - A criptografia ganhou uma importância estratégica no desenvolvimento de software nos últimos anos. Como vocês vêem a questão?
 
MB - Na verdade, grandes empresas como os bancos passaram a investir bastante nessa área, pois a prestação dos seus serviços dependem diretamente da segurança dos seus sistemas. No Pentium III lançamos uma tecnologia de identificação dos nossos processadores e que gerou uma polêmica bastante negativa na mídia. Muitas pessoas viram nisso uma política de invasão de privacidade, mas nossa intenção era completamente diferente pois queríamos apenas aumentar o grau de segurança em transações de rede.
Imagine o caso de uma transação bancária que certifica que apenas uma determinada máquina esteja habilitada a fazê-la. A identificação do número de série do processador da máquina permitiria isso de maneira efetiva, mas infelizmente as pessoas não entenderam isso e resolvemos abortar o projeto. Concluímos que essa discussão ainda era bastante prematura e que voltará no momento oportuno.Respeitamos o temor que as pessoas tem de ser monitoradas ou de ter sua privacidade invadida e, de qualquer maneira, já existem muitas soluções de software que são muito eficientes como ssh, VPN e outras.
 
RdL - Os processadores RISC sempre foram um grande trunfo do Unix antes do surgimento do Itanium. O que muda com esse novo processador?
 
MB - O Itanium é uma família com uma série de instruções diferenciadas, com uma grande quantidade de novidades como os recursos de paralelismo, e projetada para ter uma performance que é um salto significativo em termos de poder computacional. Mas um dos maiores trunfos desse processador vem do fato de que a Intel pode praticar uma economia de escala sem concorrentes no universo dos RISCs, oferecendo um poder de processamento fantástico e com preços bem acessíveis. A dobradinha Linux e Itanium promete um custo final de solução que vai conquistar muitas empresas.
Se você observar o retrospecto histórico verá que tivemos uma parceria muito estreita com a SCO durante anos e com o Linux desde seu surgimento. Na nova família, a do Itanium de 64 bits, existem diversos sistemas operacionais rodando nele, como HP-UX, por exemplo. Acho que a questão não se resume apenas ao processador e sim à arquitetura como um todo, e, desde o início de nossa parceria com o pessoal da SCO, oferecíamos soluções com um custo-benefício incrível.
 
RdL - Como você falou em escala, seria possível dar uma ordem de grandeza da corporação, seu volume de produção, número de funcionários, unidades, etc.?
 
MB - Tenho números referentes à América Latina e que são confidenciais, mas mundialmente produzimos mais de cem milhões de processadores ao ano. Não estou bem atualizado, mas é um número próximo à este. A corporação tem 70.000 funcionários em todo o mundo e seu ponto forte é a produção. Isso ela faz muito bem, porque sua engenharia, seu poder de organização é altamente eficiente. Temos fábricas na Costa Rica, Estados Unidos, Irlanda, Israel, e essas unidades produzem para suprir o mundo todo e não apenas localmente.
Somos uma empresa "realmente multinacional" e investimos agressivamente para sermos líderes do mercado. Essa visão permeia toda a nossa estratégia, e se não somos afetados por uma crise internacional que afeta todas as outras empresas, é porque atuamos na base do mercado.
 
Entrevista com Mauricio Bouskela
 
 
 
 

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