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ESTUDO DE CASO

Braço forte, mão amiga
Eliminar barreiras no aprendizado de ferramentas livres foi o principal obstáculo para o Exército

Brasil acima de tudo! Esse é o lema de uma instituição presente em todo o território nacional, que defende não somente a Unidade territorial do país, mas também presta serviços sociais de grande relevância. Além disso, implanta projetos inovadores de informática que buscam não somente estar à frente no uso das tecnologias mais recentes, mas também obter economia de materiais. Estamos falando do Exército Brasileiro, que está descobrindo aos poucos todas as poten- cialidades do software livre. Embora o uso de software livre ainda seja restrito, se comparado com a gigantesca estrutura do Exército, os resultados já aparecem e chamam a atenção dos oficiais mais graduados das Forças Armadas. Em Santiago, cidade gaúcha localizada a cerca de 500 km de Porto Alegre, na fronteira-oeste do Rio Grande do Sul, o Linux foi adotado de corpo e alma pelo 19° Grupo de Artilharia de Campanha (19° GAC), "Grupo Barão de Batovy". A Unidade está subordinada à 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, "Brigada José Luís Menna Barreto", que por sua vez faz parte do Comando Militar do Sul. Com 52 mil habitantes, a principal atividade econômica da cidade de Santiago é a agropecuária.

Um ousado projeto de informatização realizado pelo Escritório de Qualidade Total do 19° GAC, ganhou impulso a partir de maio de 2000. Uma reunião com o comandante da Unidade, Coronel Antônio Fernando Rosa Dini e o Tenente Fábio Benevides Freire foi decisiva para que o software livre começasse a ser utilizado pelo Exército. "Sentimos a necessidade de adotar medidas para a economia de material de e xpediente no âmbito da Unidade", diz o Cabo Paulo Ricardo Cariolato, que também participou da reunião e é usuário desde as primeiras versões do Linux. Ele também foi instrutor de informática do Senai, que mais tarde seria um fator fundamental para a disseminação do software livre naquela Unidade.

O Plano Diretor de Informática que começava a ser elaborado no 19° GAC tinha como objetivo a implantação de redes em âmbito local (Intranet), o que possibilitaria, com alta taxa de transferência, o envio e o recebimento de correio eletrônico, consultas à base de dados dos servidores por meio da World Wide Web, FTP, sistema de Firewall, monitoramento dos usuários, acesso de redes remotas (Internet) por todos os microcomputadores da rede e backup de dados de todas as seções do Grupo. O Plano ainda previa a instalação do StarOffice.

"Trata-se de uma poderosa ferramenta de trabalho e de livre distribuição, com custo nulo", comenta Cariolato, que tinha como meta alcançar a maior economia possível em aquisição de sofwares. O Escritório de Qualidade Total passou então a rodar 100% com software livre, e atualmente conta com 6 colaboradores, chefiados pelo 1° Ten. Benevides, assessorado pelo Cb. Cariolato (gerente de redes), Cb. Perazolo (cabeamento), Sd. Cassol (suporte) e Sds. Moacir e Estanislau (auxiliares). O que torna a experiência dos militares gaúchos mais interessante é que o investimento para implantação das soluções baseadas em Linux foi muito baixo, pois foi reaproveitado um pacote do Conectiva Linux para efetuar as instalações, e a mão-de-obra previamente qualificada já existia.

Falta de conhecimento

Alguns problemas foram encontrados pelo Grupo, principalmente em se tratando da falta de conhecimento dos próprios usuários. "A maior dificuldade que enfrentamos no início foi a resistência inicial por parte dos operadores, devido a mudança para o novo sistema", diz Cariolato. As pessoas estavam habituadas com outros programas e muitas delas já haviam realizado cursos fora da corporação. A solução encontrada pelos militares foi dar um pronto suporte aos usuários e ofertar cursos gratuitos dentro da Unidade, com módulos do StarOffice Write, Star-Office Calc e correio eletrônico, além de digitação e também diversas palestras de conscientização dos motivos pelos quais a Unidade estava utilizando os novos sistemas e aplicativos. "Logo após as primeiras aulas, as pessoas perceberam que o StarOffice possui inúmeros recursos adicionais, que os ajudariam nas atividades diárias", esclarece Cariolato.

O parque de máquinas limitado também foi uma das razões decisivas para o uso de software livre no 19° GAC. "Assim pudemos aproveitar todos os nossos computadores antigos", destaca o Cabo Cariolato. Diversas versões do Linux foram avaliadas, sempre com a preocupação de que as normas estabelecidas pelo Plano Diretor, que estava voltado ao serviço de correio eletrônico, FTP, www e proxy, bem como firewall e disponibilidade de impressoras, fossem atendidas. O Conectiva Linux 6.0 foi o sistema adotado na Unidade, pois, de acordo com o Cabo Cariolato foi o sistema mais estável nos servidores e estações de trabalho da Unidade, além de possuir ótimo suporte ao usuário.

A economia de recursos em aquisição de softwares proprietários e em material de expediente, como folhas de ofício, cartuchos de tinta, xerox de documentos, disquetes, CD-R, além da qualificação técnico-profissional de usuários estão entre os maiores benefícios obtidos pelo 19° Grupo de Artilharia de Campanha, de Santiago-RS. O retorno do pequeno investimento foi obtido a curto prazo, já que, não havendo a necessidade da aquisição de softwares proprietários e na redução de inúmeros materiais de expediente, aquela Unidade teve uma economia bimestral em até 60%.

Fator social

Além da economia obtida a partir dos materiais, o que se destaca também é o fator social. Com a implantação do Linux nos computadores da Unidade, todos os militares interessados estão recebendo a oportunidade de se capacitar não somente em Linux, mas também no uso do StarOffice, além de digitação. "Capacitamos os militares do quadro temporário, proporcionando uma qualificação técnico-profissional, para um futuro emprego no segmento civil", destaca o Cabo Cariolato.

A experiência da Unidade de Santiago está chamando a atenção de outras Unidades do Exército. O chefe do 1° Centro de Telemática do Exército, com sede em Porto Alegre, visitou recentemente as instalações do 19° GAC e gostou dos resultados obtidos a partir do uso do Linux/StarOffice. "Nossa experiência poderá servir como referência para os estudos de substituição de plataformas no Exército, uma vez que já estamos bastante avançados em relação ao uso do Linux e do StarOffice, pois já sabemos das dificuldades e, principalmente, dos benefícios que os novos sistemas nos trouxeram", complementa Cariolato.

Rodrigo Asturian
asturian@RevistaDoLinux.com.br


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