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SOLUÇÃO

Bom, bonito e barato
O Banco do Estado do Rio Grande do Sul está adotando o StarOffice como principal suíte de aplicações em sua rede

O Banrisul - Banco do Estado do Rio Grande do Sul - já é velho conhecido da comunidade do Software Livre. Usuário do Linux desde 1999, o banco usa o Linux em seus terminais de auto-atendimento (ATM) espalhados em mais de 780 pontos de atendimento, entre agências, postos bancários e equipamentos de auto-atendimento instalados fora de suas agências, que garantem acesso a extratos bancários, saques, transferências, entre outras operações. Os resultados obtidos com os terminais ATM surpreenderam os funcionários do banco. “Não temos relatos de indis-po-ni-bilidade de serviços ocasionadas pelo sistema operacional, considerando a quantidade de aproximadamente 1000 equipamentos instalados”, diz o coordenador de Desenvolvimento de Auto-atendimento do Banrisul, Carlos Wagner. Na busca constante por soluções que apresentem mais resultados positivos para os cofres públicos, o Banrisul está treinando seus funcionários para a utilização da suíte StarOffice, gratuito.

O StarOffice já está sendo utilizado no banco desde 1999, como um pacote de aplicativos padrão para as tarefas de automação de escritório. Quando a Microsoft resolveu mudar a forma de licenciamento de seus produtos, não permitindo mais o conceito de cópia ativa (uso compartilhado de licenças), o banco procurou alternativas com o mínimo de impacto pa-ra os usuários, que utilizavam a suíte MS-Office. “A rede de agências não possuía nenhum produto de edição de texto e planilha eletrônica que oportu-nizasse uma melhor qualidade neste tipo de tarefa”, acrescenta o coordena-dor da área de controle de produtos Offices do Banrisul, Elton Cunha. O ban-co chegava em um impas-se: ou in-ves-tia na compra de um número maior de licenças ou buscava novas alternativas no mercado. Para uma melhor identificação e estabelecer o perfil do usuário que o banco possuía, foi realizado um levantamento em alguns departamentos, junto aos funcionários que trabalhavam com o MS-Office.

Pesquisa

A pesquisa revelou alguns dados que foram determinantes na decisão de optar pelo StarOffice. Quem trabalhava com um tipo de aplicativo, co- mo por exemplo, o Word, pouco ou quase nada utilizava dos demais apli- cativos do pacote. Dentro de um apli-cativo, a grande maioria das pessoas utilizavam somente os recursos básicos, como um texto simples, ou uma planilha elementar do MS-Excel. Além disso, as pessoas que trabalhavam diretamente com o produto MS-Access, só consultavam ou atualizavam dados na base. “Comparado com a maioria dos trabalhos, poucos se mostravam complexos, com o envolvimento de macros”, diz Elton Cunha. Ele ressalta que havia equipamentos que, dada as características de hardware, não suportavam versões atualizadas do MS-Office, por isso o banco teve que permanecer com vários ambientes de versões mais antigas.

A primeira ferramenta que foi testada pelo Banrisul foi o SmartSuite, da Lotus, que apresentou um bom desempenho e um melhor preço em relação ao MS-Office. O segundo pacote de aplicativos, apesar da primeira versão estar em português de Portugal, avaliado foi o StarOffice 5.1, cujo principal diferencial, a primeira vista, era o fato de ser um software gratuito. “Os testes demonstraram que o produto poderia atender plenamente esta demanda e, mesmo apresentando alguns desacordos, como a linguagem e o tempo de resposta na carga do produto, supria absolutamente a relação custo X benefício”, esclarece Elton Cunha. Devido a escassez de literatura específica na época, o Banrisul elaborou manuais personalizados e gerou mídias com instalação custo-mizadas e os disponibilizaram para instalação em todos os microcompu-tadores que possuíam hardware adequado, tanto no edifício sede da instituição como na rede de agências. Outra forma de disseminação do StarOffice foi oferecer aos funcionários do banco a possibilidade de instalar o software nos micros em suas residências. “Sempre deixamos claro que, dentro da suíte do StarOffice, o nosso objetivo primeiro era acolher as atividades relacionadas a editoração de texto e planilha de cálculo, ficando para um segundo momento o atendimento daqueles documentos que utilizavam macros, em Visual Basic for Applications, porque não tínhamos know-how e nem teríamos recursos naquele momento, para destinar à linguagem de macros do StarOffice, a StarOffice Basic”, complementa.

Resistência

Com uma experiência adquirida ao longo de 20 anos de banco, Elton Cunha percebeu que muitas pessoas ainda possuem alguma resistência em deixar de usar o MS-Office nas ativida-des diárias e consequente-mente, ado-tar o StarOffice. Para eliminar as barreiras no processo de adaptação, Cunha prefere fazer uma analogia quanto a dirigir dois carros de marcas diferentes. “Quem sabe dirigir um, saberá dirigir o outro, embora vá necessitar de uma ligeira adaptação e um empenho em conhecer onde estão os recursos”, diz. Palestras são realizadas freqüentemente no banco, principalmente em áreas estratégicas, como suporte e atendimento ao cliente, e agora o plano é estender o treinamento para a rede de agências, principalmente no interior do Rio Grande do Sul e fora do estado. De acordo com Elton Cunha, o direcionamento dos investimentos passa a ser centrado na capacitação de pessoal, e os recursos para aquisição de software ficarão restritos ao mínimo necessário para atender demandas bem específicas.

Atualmente, o Banrisul está com o StarOffice 5.2 instalado na rede, e a empresa acompanha de perto a evolução do produto na comunidade “Open Office”. “Possuímos a versão 6.0 instalada em nosso laboratório e estamos satisfeitos com as alterações até aqui implementadas, principalmente quanto ao desmembra-mento dos aplicativos”, declara Elton Cunha. Para ele, o aplicativo ficou mais leve na carga da inicia-lização e adianta que o banco já está preparando um novo ambiente, que deverá estar pronto em meados de 2002, quando começarão a fazer as instalações piloto em agências de Porto Alegre. Os planos do Banrisul para o ano que vem são ambiciosos. A intenção é instalar o StarOffice em mais de 3500 computadores e deixar o MS-Office somente para atividades que justifiquem o seu pleno uso. “Não estamos deixando de usar o MS-Office e sim usando o bom-senso, adequando o tipo de atividade ao software mais conveniente, sem prejuízo de qualidade ou produtividade”, salienta Cunha. Ele crê que a empresa sai de uma situação incômoda e engessada, que era estar sob as regras e desmandos de um fornecedor poderoso e absoluto e agora tem uma solução de comparada qualidade e menos agressiva aos usuários.

Economia

Até o final de novembro deste ano, o StarOffice deverá estar disponível em mais de 2500 equipamentos, sendo um pouco mais de 1000 para a rede de agências, considerando uma média de 3 micros por agência e aproximadamente 1500 na direção geral do banco. Deste montante, uma pequena parcela terá instalada o StarOffice e o MS-Office. “Com o StarOffice, deixaremos de desembolsar mais de US$ 650 mil, se compararmos com o preço do MS-Office Standard para o Banrisul”, calcula Elton Cunha. Os números são representativos. De acordo com Cunha, considerando esses mesmos números e dada a nova política de licenciamento da Microsoft “Software Assurance”, a economia anual do banco chegará a aproximadamente US$ 290 mil, que seria a garantia de “upgrade” por um período de dois anos.

Tomada de decisão

Até que o banco escolhesse o StarOffice como suíte de aplicações, alguns critérios foram utilizados

  • a interface deveria ser amigável, semelhante com o MS-Office compatibilidade com outros produtos (filtros, principalmente na troca de arquivos)
  • performance (tempo de resposta e compatibilidade com o ambiente em produção)
  • possuir versões em língua portuguesa e literatura sobre o produto (livros e revistas)
  • preço compatível com o mercado e a forma de comercialização e licenciamento
  • o aplicativo deveria, no mínimo, possuir editor de texto e planilha de cálculo
  • tipo de suporte oferecido
  • empresas de treinamento
  • perfil do produto no mercado de software (estratégia do fornecedor relacionada a continuidade do produto, compatibilidade com versões anteriores, posicionamento em relação a concorrência, etc...)

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