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Office Light

O AbiWord é uma alternativa viável para quem precisa de um bom editor de textos, mas não pode, ou não quer, rodar o StarOffice

Ao pensar em uma "suíte office", a primeira coisa que vem à cabeça geralmente é o processador de texto. No caso do Linux, o StarOffice. Apesar de sua imensa variedade de recursos, e extensa compatibilidade com vários formatos de arquivo, o StarOffice tem requisitos de sistema um tanto altos, principalmente quanto ao consumo de RAM. Mas como fica quem precisa de um bom processador de textos, mas não tem os recursos necessários para executar adequadamente o StarOffice?

Com o AbiWord, fica muito bem, obrigado. Embora não possua todos os avançados recursos do StarOffice, é mais do que o suficiente para as necessidades de edição de texto do dia-a-dia. Pense bem, o que você realmente usa no StarOffice? Provavelmente a importação de arquivos do MS-Office, recursos de formatação de texto, tabelas, inserção de imagens e correção ortográfica. Vamos ver como o AbiWord se sai em cada uma destas categorias.

Conheço este lugar...

Desenvolvido em GTK, e parte da iniciativa Gnome Office, o AbiWord não está disponível apenas para Linux. Existem versões para Windows, BeOS, QNX, e até mesmo Mac OS X. Sua interface foi desenvolvida com o intuito de ser a mais familiar possível aos usuários de outros processadores de texto. Ela utiliza o conceito MDI (Multiple Document Interface), ou seja, cada documento aberto no AbiWord gera uma nova janela do programa, completa com todas as barras de ferramentas e menus. Fechar a janela também fecha o documento. Outros processadores de texto, como o StarOffice ou o Microsoft Office, utilizam o conceito SDI (Single Document Interface), onde uma única janela principal abriga várias janelas "filhas". Segundo os desenvolvedores, o conceito MDI é mais familiar aos usuários, facilitando sua adaptação ao programa. Como a maioria dos softwares disponíveis para o Linux, o AbiWord também foi traduzido para vários idiomas. Há, inclusive, boas traduções para o português, do Brasil e de Portugal.

Duas barras de tarefas no topo da tela, seguidas das réguas e do documento em si, compõem a interface básica do AbiWord. Apesar de não poderem ser personalizadas, como em outros processadores de texto, as barras de tarefas trazem pré-configuradas as ferramentas de uso mais comum no dia-a-dia. Uma terceira barra de ferramentas, chamada Extra, contém outras ferramentas de uso menos freqüente, como edição de cabeçalhos e rodapés e inserção de tags HTML.

Os atalhos de teclado também seguem o "padrão" encontrado em outros processadores de texto. Quem já se acostumou a utilizar comandos como Ctrl+N, Ctrl+B, Ctrl+S, Ctrl+P, Ctrl+Z e outros ficará feliz em saber que no AbiWord eles se comportam exatamente como esperado.

Um recurso muito interessante, mas pouco utilizado em processadores de texto, são os plugins. Com eles, você pode adicionar novos recursos ao programa, e qualquer um pode desenvolver seu próprio plugin. Entre os já disponíveis, há consulta a dicionários (como o GDict ou URLDict), enciclopédias (Wikipedia), tradução automática de texto, através do Babelfish ou FreeTranslation.com, compressão de texto com Bzip 2 e suporte a vários formatos de imagens. Os vários plugins podem ser habilitados e desabilitados no menu Tools -> Plugins.

Importando e exportando arquivos

O AbiWord consegue ler vários formatos de arquivo: .DOC do Microsoft Office, .WRI do Microsoft Write, .RTF, texto puro, HTML, WordPerfect (6, 7 e 8), arquivos .PDB do Palm Pilot e .psitext dos organizadores pessoais Psion, arquivos do ApplixWare Office e muitos outros formatos. Na maioria dos casos o arquivo é aberto sem problemas. Contudo, em documentos mais complexos gerados no Microsoft Office, pode haver perda de partes da formatação original. Isso se deve ao fato de o formato de arquivos do Microsoft Office ser um formato binário ainda não muito bem documentado, e das vbárias mudanças introduzidas pela Microsoft no formato a cada nova versão do Office.

Para salvar seus arquivos, há ainda mais opções: LaTeX, o formato padrão do AbiWord (.abw) e sua variante compactada (.zabw), XHTML, HTML (os arquivos gerados pelo AbiWord são bem mais "limpos" que os gerados pelo Microsoft Word, sem as centenas de tags proprietárias ou inúteis inseridas no documento) e KWord, entre outros. O recurso de salvar o arquivo texto já compactado (.zabw) é interessante para aqueles que não querem desperdiçar espaço em disco. A versão em .RTF deste artigo, por exemplo, tem 34 KB. A versão compactada, apenas 5.5 KB. Infelizmente, não é possível salvar arquivos no formato .DOC, mas na maioria dos casos, você pode usar o formato Rich Text (.rtf) sem problemas. Você também pode converter seus documentos para PDF com este simples truque:

  • Peça ao AbiWord para imprimir o documento (File -> Print)
  • Na caixa de diálogo de impressão, em Name:, escolha Generic Postscript marque a opção File. Indique um caminho e nome para o arquivo e clique em Print. Isso criará um arquivo Postscript (.ps)
  • Converta o arquivo Postscript para PDF com o utilitário ps2pdf, presente na maioria das distribuições Linux. O comando é ps2pdf arquivo.ps arquivo.pdf

Também é possível escolher PDF Writer em vez de Generic Postscript na dica acima, para criar arquivos PDF diretamente, sem a necessidade de conversão pelo ps2pdf. Contudo, na versão atual do AbiWord (0.96), este recurso ainda não funciona corretamente e o PDF final contém uma série de erros.

Ponto fraco

Um dos pontos fracos do AbiWord é o suporte a tabelas, praticamente inexistente. Veja o "estrago" que é feito quando um documento contendo uma tabela é importado.

Lidando com texto e imagens

Quanto à formatação de texto, o AbiWord não deixa muito a desejar. Fontes, cores, múltiplas opções de alinhamento, texto em múltiplas colunas e vários estilos pré-definidos de formatação (e você pode criar seus próprios estilos) estão disponíveis. Imagens nos formatos .PNG, .SVG e .BMP podem ser inseridas nos documentos, mas não há opções de edição das mesmas, nem de redimensionamento. Também não é possível fazer o texto "correr" ao lado das imagens. O AbiWord conta também com uma pequena galeria de Clip Art, que pode ser acessada através do menu Insert -> Picture -> Clip Art.

Um recurso interessante é o corretor ortográfico automático, que pode ser ativado através do menu Tools -> Spelling -> Auto Spellcheck. Quando uma palavra que não é reconhecida pelo corretor é digitada, ela é sublinhada com uma linha ondulada vermelha. Clicando com o botão direito sobre a palavra são mostradas as sugestões para correção. Se você não gosta do corretor automático, pode utilizar o corretor manual, encontrado em Tools -> Spelling -> Auto Check Spelling, que vasculha o documento à procura de erros no texto já digitado. Quando uma palavra não é reconhecida, o corretor lhe sugere possíveis substituições, ou permite que você adicione a palavra ao banco de dados do programa. O AbiWord inclui, por padrão, um dicionário de correções em inglês. O pacote AbiSpell, disponível para download no SourceForge, adiciona dicionários para mais 22 idiomas, incluindo o português do Brasil e de Portugal.


Prós e Contras do AbiWord

Prós Contras
  • Pequeno, rápido, multiplataforma
  • Lento no redesenho do texto na tela
  • Compatível com vários formatos de arquivo
  • Não possui suporte a tabelas
  • Plugins podem expandir os recursos do programa
  • Não há ferramentas básicas para manipulação de imagens
  • Interface e dicionários traduzidos para vários idiomas, sem a necessidade de se instalar versões específicas do programa para isso
  • Importação de documentos do Word sujeita a mais erros do que no StarOffice
  • Suporte a escrita bidirecional
  • Alguns bugs ainda afetam a estabilidade do programa

  • E falando em outros idiomas, há um recurso cada vez mais importante em um mundo globalizado: suporte a escrita bidirecional. Ou seja, o AbiWord consegue lidar tanto com documentos escritos da esquerda para a direita quanto com a escrita da direita para a esquerda, comum em idiomas utilizados no Oriente Médio e Ásia. A mudança no sentido do parágrafo deve ser informada manualmente pelo usuário através de botões na barra de ferramentas. Já a mudança no sentido da escrita é detectada automaticamente pelo AbiWord.

    Como nada é perfeito, o AbiWord tem suas falhas. Talvez a maior delas seja a absoluta falta de suporte a tabelas. Tabelas já existentes em documentos de outros formatos, como o .DOC, são perdidas durante a importação. Vale lembrar que o AbiWord ainda está em desenvolvimento, e este problema provavelmente estará corrigido quando do lançamento da versão final (1.0). Melhores recursos para inserção de imagens, como a possibilidade de redimensioná-las dentro do documento, também seriam úteis. O programa é bem estável, mas ainda assim fechou inesperadamente por duas vezes. Mas até aqui o AbiWord se destaca: antes de cair, ele faz cópias de segurança de todos os documentos abertos. Podemos garantir que o recurso funcionou, e muito bem.

    Para Saber Mais


    Rafael Rigues - rigues@RevistaDoLinux.com.br

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