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Soluções para todos os gostos

Não importa se sua empresa é pública ou privada, pequena ou grande.

O Linux tem sempre uma alternativa que - se não for a mais adequada - merece ao menos ser seriamente considerada frente às outras. Afinal de contas, liberdade de escolha é saudável, principalmente para o bolso. Acompanhe o que as empresas estão fazendo na hora de migrar seus sistemas obsoletos ou caros - ou os dois - para o Linux e quais as vantagens competitivas que elas obtiveram

As previsões para o ano de 2003 são as melhores possíveis. Muitos chegam a afirmar que este será o "ano do Linux". No Brasil, tal otimismo é, talvez, um reflexo do momento político e econômico por que o país passa. Em "lua-de-mel" com o Governo Lula, a sociedade está otimista e crê que os próximos tempos sejam de mudanças. Sobre mudanças é que falaremos nesta edição da Revista do Linux. Mais precisamente de corporações que resolveram migrar seus sistemas proprietários para o sistema operacional do pingüim. São empresas privadas e públicas, de pequeno, médio e grande porte, enfim, nada mais coerente com o próprio espírito do software livre: diversidade de soluções, escalabilidade e - obviamente - a necessidade de reduzir custos.

Para o diretor de produtos e soluções da Conectiva, uma das empresas nacionais pioneiras no desenvolvimento de softwares livres, Rodrigo Stulzer, o momento atual é um acompanhamento do que acontece fora do país. "Na área governamental, seja federal ou estadual, o Brasil faz exatamente o que Alemanha, China, Índia, França e até os Estados Unidos fazem, adotando o Linux dentro da máquina administrativa", afirma. O que se vê é uma profusão de iniciativas pelo país, com a utilização de softwares livres em inúmeras aplicações.

Exclusão digital

O mais interessante de tudo é a diversidade dos projetos que estão sendo implantados no país. Passando pelo Rio Grande do Sul, vemos iniciativas sociais de combate à exclusão digital prosperarem, como a da Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa), que inaugurou diversos Telecentros pela capital gaúcha. Os computadores dos Telecentros - com editores de textos e acesso à Internet - rodam softwares livres e são instalados em locais onde as pessoas têm pouca ou nenhuma oportunidade de usar ou aprender as novas tecnologias.

Já que o assunto é combate à exclusão digital, o Estado do Paraná se prepara para fazer o mesmo, com um projeto piloto sendo desenvolvido pela Companhia de Informática do Paraná (Celepar), onde o acesso à Internet nas escolas é feito por meio de softwares livres. A confiança do Governo do Paraná nos softwares livres é tanta que Marcos Mazoni, que promoveu uma verdadeira revolução de software livre na Procergs do Rio Grande do Sul, presidirá a Celepar nos próximos anos.

Os resultados mais representativos na área foram obtidos em São Paulo. Por meio da Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo (Prodam), a prefeitura está disponibilizando 15 mil micros ligados à Internet a 500 mil alunos e 37 mil professores da rede pública municipal, no Projeto Informática nas Escolas. "Estamos inovando ao usarmos o Linux em larga escala como gerenciador de comunicação dessas redes, além do uso intensivo de programas de automação de escritório, de modo que os alunos possam, depois de sair das escolas, ter acesso aos softwares gratuitos", diz Jânio Bragança, diretor de desenvolvimento e tecnologia da Prodam.

As ações com o software livre na área pública têm um fundamento social, mas, sem dúvida, o grande atrativo do sistema operacional do pingüim é a economia representada pela adoção de ferramentas livres. A prefeitura de Rio das Ostras, no Estado do Rio de Janeiro, economizou R$ 422 mil, em 2002, com a migração de sistemas proprietários para livres. A economia foi possível com a locação de equipamentos sem a suíte MS-Office, nos quais foi instalada a suíte StarOffice, que está totalmente integrada à rede da prefeitura. "Para o município, é melhor investir em livros e remédios do que em um software", diz Marcos Vinícius Marini, assessor de informática da prefeitura de Rio das Ostras.

Empresas privadas

No setor privado, o Linux está deixando de ser uma experiência arriscada para ser uma alternativa viável, segura e atraente. As experiências bem sucedidas em empresas como as Lojas Colombo, Casas Bahia ou na rede de concessionárias da montadora francesa Peugeot, por exemplo, mostram que o pingüim desperta cada vez mais o interesse das corporações. A utilização do Linux é a mais diversificada possível, desde o auxílio nas transações comerciais de varejo até na implantação de servidores de aplicações e bancos de dados. "Quando algum outro empreendedor resolve adotar o Linux, toda a concorrência fica atenta e interessada nos resultados, e, quando o processo começa a funcionar a contento, todos começam a seguir na mesma direção para não perder a competitividade", salienta Stulzer.

É público e notório o apoio de empresas gigantes como a IBM, Sun, SGI (Silicon Graphics) e a HP, para citar as mais conhecidas, ao Linux. A "Big Blue" já faturou US$ 2,5 bilhões com o sistema operacional do pingüim. "As áreas em que concentraremos nossas ações no Brasil são Consolidação de Servidores, Cluster Linux, Computação Distribuída, Infraestrutura e Middleware/aplicações, onde podemos aportar a maior contribuição para nossos clientes", afirma Marcelo Braunstein, gerente de Vendas e Marketing de Soluções Linux da IBM na América Latina.

A fabricante de roteadores Cyclades, que focaliza suas ações em torno do Linux, é uma das empresas mais atuantes no Silicon Valley e foi criada por brasileiros. A própria Conectiva, que atua e emprega gente no Brasil, recebeu investimentos do Latin Tech e ABN Amro Bank, e teve resultados expressivos em 2002 e, em 2003, com a participação da empresa no consórcio UnitedLinux, voltado para o segmento corporativo, deve crescer ainda mais. "Estamos ainda no início do processo de adoção do Linux, sendo que a adoção de sistemas de código aberto irá crescer ainda mais em todas as áreas da economia", diz Stulzer.

Os exemplos mais representativos que foram notícia nas seções Estudo de Caso e Serviço Público, na Revista do Linux, trazem diversas aplicações para o sistema operacional do pingüim. Nós as reunimos em um resumo. Nesses exemplos, estão histórias de sucesso que fazem do Linux uma alternativa viável e interessante. Afinal de contas, observando experiências, quem sabe seja possível encontrar problemas comuns e - por que não? - soluções comuns.

Migração de Servidores

É uma das aplicações mais comuns do mercado. As soluções proprietárias muitas vezes apresentam problemas de estabilidade. Foi o que aconteceu com o fabricante de metais de cozinhas e sanitários Fabrimar, no Rio de Janeiro. O servidor rodava Win NT, e, quando foi iniciada a migração de arquivos das estações para o servidor, começaram a aparecer problemas de estabilidade. A empresa adotou o servidor de arquivos Samba e o Apache como servidor de intranet. "O Linux se encaixou perfeitamente em nossas necessidades, e o resultado é o retorno da confiança dos usuários e o progresso no projeto da rede Fabrimar", disse o engenheiro de redes da empresa, Victor Zucarino.

A Stampa, distribuidora de alimentos Nestlé, no Paraná, substituiu sua rede Novell por Linux e viu a concorrência ficar para trás. "Enquanto muita gente perde tempo com problemas de vírus, nós e outros usuários Linux estamos sempre à frente", disse o gerente de Tecnologia da Stampa, Francisco Aparecido da Silva. A necessidade da empresa de ter um sistema que pudesse atender a uma demanda maior de tarefas no servidor, principalmente na área de faturamento, fez com que a Stampa migrasse toda a área para o Linux, por causa da sua performance de processamento. "Conseguimos agilidade nos processos administrativos e no atendimento aos nossos clientes internos e externos".

O turismo é outra área que pode tirar proveito do Linux. O Hotel Faial, em Florianópolis, trocou o servidor SCO Unix - considerado por eles como obsoleto e instável - por um Conectiva Linux. As manutenções do sistema agora podem ser feitas remotamente e abriu-se um leque de soluções agregadas, como a possibilidade de levar as estações diskless à interface gráfica do Linux com todas as aplicações de e-mail e a utilização de suítes office gratuitas. "Além do baixo investimento, a estabilidade da aplicação é muito grande, já que antes era antes era necessário reindexar os arquivos cerca de duas a três vezes por dia, enquanto que, no Linux, não há a reindexação nem uma vez ao mês", disse a profissional de informática Dionara Conrad, que instalou o sistema no hotel.

Mesmo em empresas onde o Linux não está sozinho, ele convive harmoniosamente com servidores proprietários. É o caso da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). Lá, o sistema operacional do pingüim é utilizado no servidor de banco de dados da área imobiliária da empresa - o maior e que demanda mais recursos de hardware e software. Ele trabalha junto com sistemas proprietários - Windows 9x e NT Server/Workstation ~V e, em e, em alguns processos mais pesados, o ganho de produtividade foi de até 40%. "O melhor do Linux é o suporte, pois temos sempre grupos de usuários dispostos a ajudar", disse o gerente da Coordenadoria de Redes e Banco de Dados da Cohapar, Claudio Soncin.

Saúde

Na área da saúde, o Linux se sobressai de forma significativa, pois, nessa área, os recursos nem sempre são fartos e os custos operacionais são altos. O que acaba significando que a área de informática tem que encontrar soluções criativas e, principalmente, baratas, para fazer com que as instituições de saúde funcionem corretamente. Os hospitais Santa Genoveva, em Goiânia, e do Campo Limpo, em São Paulo, que o digam. Ou o próprio Sistema Único de Saúde (SUS), que coloca alguns de seus sistemas à disposição do Linux, como o SISREG (Sistema de Regulação) e o HOSPUB (Sistema de Administração Hospitalar), que faz o controle das áreas de emergência, ambulatório, internação, arquivo médico e outras funções. Para os municípios, é uma enorme vantagem poder escolher entre o Linux e outros sistemas para rodar essas aplicações. E aí vale lembrar um princípio que não é muito apreciado pelos lados de Redmond, acostumados às benesses do monopólio: a liberdade de escolha.

Os laboratórios também se beneficiam do Linux de diversas formas. Um deles é o Rhesus Medicina Auxiliar, em São Paulo. A empresa substituiu os servidores SCO Unix por Linux para rodar a solução de boot remoto e, consequentemente, substituir os antigos terminais texto por estações de trabalho que rodem as aplicações do laboratório em um browser habilitado para Java. "A estabilidade do servidor Linux é excelente; todas as dificuldades técnicas foram superadas nos primeiros dias de uso e os usuários se adaptaram muito bem à nova estação de trabalho", disse Américo Kerr Azevedo, gerente de informática do Rhesus.

Automação comercial

As Lojas Colombo, uma das maiores redes varejistas do país, com 296 lojas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e interior de São Paulo, migrou uma aplicação Clipper/MS-DOS/Novell para Linux. "Reaproveitamos todo o legado de desenvolvimento do sistema de automação comercial, rodando agora em FlagShip com Linux e com quase nenhum upgrade de equipamento", disse o gerente de informática da Colombo, Pedro Thomasini. Os servidores das lojas foram melhorados, não como requisito, mas sim para a agilização de processos e ganhos de confiabilidade. A principal razão para a migração foi a obsolescência tecnológica do conjunto Clipper/MS-DOS/Novell. Depois que a equipe de informática das Lojas Colombo fez uma bem sucedida experiência com o Linux em um projeto piloto - a performance e a estabilidade foram surpreendentes - aliando baixo investimento com grande avanço tecnológico, a conversão foi acontecendo em ritmo acelerado, com cinco a dez novas lojas por semana. Hoje, as aplicações que rodam em Linux são: Automação de Centrais de Cobrança, Automação Comercial e Sistema de Consórcio. "Tivemos uma grande evolução tecnológica, reaproveitando tudo, seja hardware ou software", concluiu o diretor de Tecnologia da Colombo, Alexandre Blauth.

Empresas varejistas de menor porte, como a Anita Calçados, de Campo Grande-MS, Comercial Fernandes, de São Carlos-SP, Rocar Peças, de Sete Lagoas, e Solar Presentes, de Belo Horizonte, também se beneficiaram com o pingüim. Elas adoraram um software de gerenciamento comercial desenvolvido por uma softwarehouse brasileira, a EAC - Engenharia de Automação e Controle, conhecido como SACI. O sistema rodava inicialmente em plataformas MS-DOS e SCO-Unix e foi portado para o Linux justamente porque possibilitava a redução significativa do TCO (Custo Total de Propriedade) para as empresas varejistas.

Transportes

A empresa de transportes Rodoviário Ramos, de Minas Gerais, e a de ônibus Graciosa, do Paraná, estão com o pingüim e não abrem. Na Ramos, o processo de migração trouxe uma economia considerável para a empresa. Ao migrar o sistema de SCO-Unix para Linux, a empresa encontrou uma solução que oferece as mesmas vantagens do Unix, agregadas às soluções do AcuCOBOL. "Nossos usuários estão com um sistema mais completo e potente, nossos dados são completamente íntegros e a companhia está totalmente interligada em dados e voz, podendo, assim, tomar as decisões de maneira mais rápida", afirmou José Moreira Garcia, gerente de informática da empresa.

Na empresa de ônibus Viação Graciosa, as estações de trabalho antigas foram preservadas, sem necessidade de atualizações dispendiosas de hardware. Além disso, o Linux foi capaz de gerenciar e distribuir dados em pontos remotos com aumento representativo de produtividade funcional nos níveis gerenciais da empresa. Ela buscava soluções para problemas de comunicação entre as filiais e as garagens e não sabia como centralizar os dados em um único servidor. Tais objetivos eram impossíveis de ser atingidos com a estrutura de software disponível anteriormente na Graciosa, formada por uma rede Novell e banco de dados Dataflex em ambiente MS-DOS.

Depois de analisar a alternativa Windows NT, a empresa esbarrou na questão de custos de licenciamento e da compra de 12 roteadores. Outra alternativa foi a adoção de um software pronto, rodando em computadores de grande porte, mas o software era inflexível, com suporte caro e não atendia o mercado. Para chegar ao Linux, a Graciosa não precisou ir mais adiante. Justamente por ser um sistema altamente escalável, com suporte e hardware a preços competitivos. Tudo o que não encontrou nas soluções proprietárias avaliadas. "Conseguimos alta performance sem demandar servidores caros, já que o servidor que estamos utilizando custou apenas R$ 3 mil", disse o diretor adjunto de sistemas da Graciosa, Matheus Schaedler Uhlmann. Sem o Linux, a transmissão de informações das filiais para a matriz, em tempo real, seria impossível. A empresa vende cerca de 10 mil passagens diariamente nas suas 12 agências, todas ligadas remotamente ao mesmo tempo. Enquanto o processamento do relatório estatístico da Graciosa levava quatro horas e meia com o sistema anterior, baseado em MS-DOS, com o Linux ele passou a levar menos de cinco minutos.

"Estamos inovando ao usar o Linux em larga escala como gerenciador de comunicação (...) além do uso intensivo de programas de automação de escritório, de modo que os alunos possam, depois de sair das escolas, ter acesso ao Software Livre"
Jânio Bragança
Diretor de Tecnologia da Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo (PRODAM)

"Na área governamental, seja federal ou estadual, o Brasil faz exatamente o que a Alemanha, China, Índia, França e até os Estados Unidos fazem, adotando o Linux na área administrativa"
Rodrigo Stulzer
Diretor de Produtos da Conectiva

"O Linux se encaixou perfeitamente em nossas necessidades, e o resultado é o retorno da confiança dos usuários"
Victor Zucarino
Engenheiro de redes da Fabrimar, fabricante de metais de cozinhas e sanitários, no Rio de Janeiro (RJ)

"Enquanto muita gente perde tempo com problemas de vírus, nós e outros usuários Linux estamos sempre à frente"
Francisco Aparecido da Silva
Gerente de Tecnologia da Stampa, distribuidora de produtos Nestlé, no Paraná

"A estabilidade do servidor Linux é excelente; Todas as dificuldades técnicas foram superadas nos primeiros dias de uso e os usuários se adaptaram muito bem à nova estação de trabalho"
Américo Kerr Azevedo
Gerente de Informática do Rhesus Medicina Auxiliar, em São Paulo (SP)


Rodrigo Asturian - asturian@RevistaDoLinux.com.br


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