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Paraná, a próxima fronteira

O software livre chega às escolas estaduais paranaenses, através da Companhia de Informática do Paraná (Celepar)

As experiências em relação à utilização do software livre já estão sendo observadas em uma escola do Estado. A Celepar está desenvolvendo um projeto piloto na Escola Estadual Pinheiro do Paraná, em Santa Felicidade - bairro conhecido em todo o país pelos restaurantes de comida italiana - em Curitiba. No local, o servidor de rede funciona na plataforma Linux, possibilitando o acesso à Internet no laboratório de informática e na área administrativa. "Ele está operando normalmente, de forma estável, tendo como ponto positivo o custo zero para isto", explica o coordenador do Núcleo de Informática da Secretaria Estadual de Educação (SEED), Jorge Haas.

Segundo Márcia Sens, coordenadora de atendimento da SEED, o baixo custo é a grande vantagem inicial para o uso do software livre, além da possibilidade de aproveitamento de máquinas consideradas obsoletas para a plataforma Windows. "Para termos uma idéia da economia, atualmente uma licença do Office da Microsoft está em torno de R$1.000 por estação de trabalho", afirma.

Para o desenvolvimento do projeto foi montado um laboratório na Secretaria Estadual da Educação, há três meses, onde estão sendo feitos os estudos sobre o assunto. Estes trabalhos são baseados, também, em experiências do Rio Grande do Sul e do Ministério da Educação e Cultura na área.

Conforme Jorge Haas, uma das dificuldades para a implantação do software livre é a mudança da cultura. "Estamos pensando em usá-lo na maior parte dos servidores da secretaria, mas por ser uma ferramenta nova, ainda pouco difundida, as pessoas precisam perder o medo de usar estes softwares", comenta.

Para Ruben Cesar Macedo, que está ajudando no projeto como consultor em software livre, além do custo, este processo permite o acesso ao código fonte. "Isto possibilita que o usuário saiba como funciona o programa, adquirindo também conhecimentos de informática, além da possibilidade dos próprios usuários participarem da evolução do software".

Na realização dos estudos, a equipe da Celepar está fazendo, ainda, o mapeamento dos softwares livres existentes em português, com conteúdos associados à informática e educação. "Este mapeamento segue as orientações da secretaria da educação em relação aos softwares que auxiliem no estudo das disciplinas, como matemática e português", diz Macedo.

Reduzir custos

O governo do Paraná começa a trabalhar para reduzir os custos com tecnologia da informação aplicada ao gerenciamento de dados das secretarias e órgãos públicos do Estado. Para implantar a nova política estadual para o setor, o secretário para Assuntos Estratégicos do Estado, Nizan Pereira, está concluindo a revisão de contratos com fornecedores, que deve auxiliar nesse sentido, e abordou o assunto no início deste ano, durante a reunião dos 35 representantes dos funcionários da Celepar com um dos maiores especialistas brasileiros na área de tecnologia da informação governamental, o gaúcho Marcos Mazoni, que agora preside a Celepar

Integrante da equipe de transição do governo Lula para a área de tecnologia da informação, Mazoni presidiu a Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs). A entrada de Manzoni na Celepar pretende acelerar a implementação da política do governador Roberto Requião para o setor, afirma o secretário para Assuntos Estratégicos. "O governador quer a Celepar fortalecida e prestando serviços de mais qualidade o mais rápido possível e com a participação dos funcionários", ressalta Nizan Pereira. Com melhor gestão dos recursos para a área de tecnologia da informação, o Paraná vai democratizar o acesso à informática e fazer da Internet um instrumento de transparência administrativa que permita ao cidadão saber como o governo aplica os recursos públicos.

"A revisão de contratos pode trazer imediata redução de custos para o governo investir no que julga prioritário", acredita Mazoni. Alguns contratos que estão sendo revistos vencem neste trimestre e pode ser que entre eles haja alguma atividade que os funcionários considerem adequado que a Celepar retome, explica o especialista. Seguindo a orientação do governador, pela primeira vez em mais de 30 anos de existência da empresa, os funcionários da empresa estão discutindo as mudanças necessárias da política paranaense para a tecnologia de informação e de gestão dos recursos técnicos e financeiros da empresa, com a consultoria de Mazoni e o acompanhamento de Nizan Pereira.

Escolhidos entre 600 funcionários, os representantes da equipe ajudam o governo na revisão dos contratos com as cerca de 40 prestadoras de serviços terceirizados de locação de equipamentos e assistência técnica. "O fortalecimento da Celepar vai permitir que o governo tenha recursos para investir em projetos especiais de inclusão digital, que levem o computador e a Internet para quem precisa de apoio para dispor de e-mail, o símbolo da cidadania do século XXI, assim como a certidão de nascimento foi o símbolo da cidadania nos anos 40", comenta Nizan Pereira.

Com a diminuição das terceirizações no setor de informática em toda estrutura do atual governo, a Companhia de Informática do Paraná (Celepar) tem tudo para voltar a ser o maior e mais moderno centro tecnológico do Paraná. Essa é a expectativa do atual presidente da companhia, Marcos Vinícius Mazoni. Criada em 1964 pelo então governador Ney Braga, com o nome de Centro Eletrônico de Processamento de Dados do Paraná, a Celepar é a mais antiga empresa estatal de informática do país. Para o atual presidente da companhia, a redução do orçamento nos últimos anos fez com que a Celepar perdesse competitividade para as empresas privadas.

Enquanto as empresas faturaram mais de R$ 150 milhões com a terceirização dos serviços de informática nos oito anos do governo anterior, a Celepar teve, gradualmente, seu orçamento reduzido e fechou 2002 com pouco mais R$ 70 milhões para investir em novos equipamentos e serviços. A Celepar tem hoje o maior banco de dados do Estado e é responsável, por exemplo, pelo armazenamento das informações de toda a arrecadação do governo, além do controle de pessoal, impressão da folha de pagamento dos funcionários públicos e ainda todas as informações do Departamento de Trânsito (Detran). Atualmente, a companhia conta com 1,1 mil centros de informáticas instalados em toda a rede pública de ensino. Segundo Mazoni, a meta agora é formar parceria com a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) e com a Secretaria de Educação para, no mínimo, dobrar o número de laboratórios nas escolas. O presidente explica que o projeto de informatização vai usar sistemas alternativos disponíveis gratuitamente na rede mundial de computadores, como o Linux e Java, por exemplo, para reduzir custos com a compra de softwares e ampliar os investimento na compra de novos equipamentos, como computadores e impressoras.

O projeto foi implantado por Mazoni em Porto Alegre, quando ele esteve à frente da companhia de processamento de dados da cidade, e depois em todo Rio Grande do Sul, quando assumiu a presidência da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs). Em Curitiba, a primeira experiência já está sendo testada na Escola Estadual Pinheiro, em Santa Felicidade. O sucesso do projeto rendeu a Mazoni o convite para integrar a equipe de transição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde foi o responsável por organizar a Serpro e da Dataprev, as empresas de informática do governo federal.


Da redação da Revista do Linux

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