Super Dell

A aliança entre gigantes é uma fórmula eficaz para a entrada no mercado do Pingüim

Os mitos que, tempos atrás, denegriam o sistema operacional Linux e impediam que grandes companhias migrassem para o software de arquitetura aberta parecem estar caindo por água abaixo. Depois que a IBM e a HP anunciaram o lançamento de servidores baseados no Linux, a fabricante de computadores Dell surpreendeu o mercado com uma notícia que só vem a confirmar o aumento da popularidade do sistema entre fabricantes e usuários.

Agora, a marca que ficou famosa por comercializar seus produtos via Internet decidiu investir no mercado de supercomputadores, no qual inicia sua atuação oferecendo clusters de alta performance com servidores Linux. Como a Dell é novata no assunto, a norte-americana Cray, uma das líderes mundiais do mercado de supercomputadores, entra no negócio como parceira na comercialização das soluções de computação de alto desempenho da Dell, baseadas nos servidores PowerEdge, incluindo a parte de software e serviços.

Conhecido como HPCC (High-Performance Computing Clusters), o programa da Dell promete a associação de um grande número de servidores individuais que, em conjunto, atuam como se fossem um supercomputador.

O HPCC engloba servidores PowerEdge e pacotes de software validados, disponibilizados nas configurações de 8, 16, 32 e 64 nós. O pacote mais barato custa a partir de US$ 75 mil (grupo de 8 nós). Para o desenvolvimento desse produto, a Dell não realizou nenhum investimento em dinheiro, mas sim em conhecimento.

Em um mercado tradicionalmente dominado por supercomputadores caros e baseados em sistemas proprietários, a Dell aposta no Linux como forma de conquistar clientes. Segundo Daniel Minto, gerente de produtos, servidores e storage da Dell Computadores do Brasil, o Linux oferece as vantagens de um software aberto e a redução nos custos. Nesse caso, o sistema operacional escolhido é o RedHat 7.2. “Além disso o cluster sai mais barato, já que utiliza equipamentos padrão.”

O supercomputador Dell é indicado para empresas que precisam processar uma enorme quantidade de dados (mercado financeiro, por exemplo) e também aquelas que realizam trabalhos de simulação ou prospecção de dados - caso de companhias que fazem previsão do tempo, petrolíferas, institutos científicos, institutos de geofísica, entre outros.

Apesar de ainda não ter nenhum cliente no Brasil, nos Estados Unidos a Dell apresenta o case da WesternGeco, uma das maiores empresas de exploração sísmica. Com a missão diária de analisar milhões de dados para atender clientes das áreas de gás e petróleo, a WesternGeco implantou, com a ajuda da Dell, grupos de 128 e 256 sistemas de servidores Dell PowerEdge, em sua sede em Houston, para o processamento de imagens sísmicas em alta velocidade. Segundo a Dell, essas imagens possibilitam a detecção de petróleo, gás e formações rochosas associadas, o que permite tomadas de decisões que visam a redução de riscos, o corte de custos e o aumento do rendimento.

De acordo com Minto, o produto desenvolvido pela fabricante funciona como se fosse um esqueleto que, a partir das aplicações utilizadas pelo usuário, é coberto por diferentes quantidades de processadores, memória, disco, softwares e serviços.

A Dell Technology Consulting, a MPI Software Technology, Inc. e a Paralogic oferecem pacotes de software e serviços que incluem consultoria de pré-vendas, projeto de soluções, planejamento de implantação e instalação no local.

Hoje, o Linux é um forte nome dentro da Dell que, há poucas semanas, ganhou ainda mais peso após ser incluído em dois servidores recém-lançados (PowerEdge 1650 e 4600). O cliente poderá escolher entre as configurações para Microsoft Windows ou Red Hat Linux 7.2.

Françoise Terzian - francoizeterzian@aol.com