Linux no SUS
O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde concentra esforços para oferecer sistemas apropriados para o gerenciamento da saúde pública
A administração de hospitais e unidades de saúde exige a instalação de sistemas de informática apropriados para atender a uma demanda crescente no Brasil. Com a Constituição de 1988, o acesso aos serviços de saúde pública foi universalizado. Por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), isso se tornou uma realidade. Pelo SUS, os estados e municípios enviam mensalmente ao Ministério da Saúde os dados de atendimento, tanto nas unidades básicas de saúde quanto nas unidades de atendimento especializado (hospitais). É assim que são feitas as transferências de recursos para os estados e municípios em que estão localizadas essas unidades.
Essa mudança profunda no sistema de saúde brasileiro exigiu o aprimoramento dos sistemas de informação em saúde, tarefa que tem sido realizada pelo DATASUS (Departamento de Informática do SUS),. órgão pertencente à estrutura central do Ministério da Saúde, responsável pela definição de padrões e normas em relação à Tecnologia de Informação (TI) utilizada no SUS. E o Linux está presente em algumas aplicações criadas pelo DATASUS.
“Faz parte da política do DATASUS o uso de sistemas abertos”, declara Lucia Modesto, coordenadora geral de Fomento e Cooperação Técnica do DATASUS/Ministério da Saúde. Assim, o Linux tem sido utilizado nos sistemas do DATASUS de duas formas. A mais recente, disponível desde o ano passado, é o SISREG (Sistema de Regulação), que faz o gerenciamento de marcação de consultas e exames especializados. Outra aplicação que o SISREG também realiza é o controle das internações em unidades hospitalares. O pingüim está presente também no sistema de administração hospitalar (HOSPUB), disponível desde 1994, que faz o controle das áreas de emergência, ambulatório, laboratório, internação, arquivo médico, entre outras funções.
De acordo com a coordenadora Lúcia Modesto, o Linux pode proporcionar vantagens aos municípios, pois dá a eles a possibilidade de fazer escolhas em relação aos sistemas que desejam utilizar. “O sistema HOSPUB é o mais antigo rodando em Linux e tem demonstrado uma grande estabilidade”, diz.
A Informática tem sido uma importante aliada do Ministério da Saúde ao longo dos anos. “Preservar o valor da informação como insumo estratégico do setor é o objetivo das Políticas de Informação em Saúde e de Informática em Saúde, conduzidas pelo Ministério da Saúde, por meio do DATASUS”, destaca a coordenadora. Para ela, a informatização da sociedade, inclusive a automação e a teleinformática, não é apenas um fato irreversível, mas também indispensável ao desenvolvimento científico e social do País.
Banco de dados
O banco de dados utilizado no HOSPUB é o Openbase, um Universal Database Client/Multiserver Management System integrado a um ambiente de desenvolvimento de sistemas. O Openbase atende aplicações de todos os tipos e tamanhos, incluindo as de sistemas em tempo real e sistemas de missão crítica. Foram instaladas 20 mil cópias do banco de dados no Brasil, desenvolvido pela Tecnocoop Sistemas (www.tecnocoop.com).
R$ 50 milhões em investimentos em 2002
Sendo responsável por nada menos que a manutenção e guarda de todas as informações geradas no âmbito do Ministério da Saúde e SUS, o DATASUS possui 680 funcionários, distribuídos em todo o país. A unidade do Rio de Janeiro conta com 300 funcionários aproximadamente. Com exceção do Rio de Janeiro e Distrito Federal, o DATASUS possui unidades regionais em todos os estados do Brasil. A diretoria é sediada em Brasília. Para 2002, foram destinados R$ 50 milhões para o orçamento do DATASUS, excluídas as despesas com pessoal.
O Departamento originou-se a partir de uma diretoria da DATAPREV que atendia o antigo INAMPS. Com a formalização do Sistema Único de Saúde a partir da Constituição de 1988, toda a área de Saúde passou a ser gerida pelo Ministério da Saúde. “A atribuição básica do DATASUS consiste em prover às instituições vinculadas ao SUS, sistemas de informação e suporte de informática, necessários ao processo de planejamento, operação e controle do SUS, através de bases de dados nacionais”, explica Lucia Modesto. Além disso, o Departamento dispõe de sistemas de gestão local para os estabelecimentos de saúde, como também apoio e consultoria na implantação de sistemas, e coordena as atividades de informática inerentes ao funcionamento integrado do sistema de saúde no Brasil.
Rodrigo Asturian -
asturian@RevistaDoLinux.com.br