Revista Do Linux
 


 
EDIÇÃO DO MÊS
 CD do Mês


 Capa
 Entrevista
 Estudo de Caso 1
 Estudo de Caso 2
 Software
 Programação
 Ferramenta
 Serviço Público
 Comunidade
 Emulador
 Banco de Dados
 WEB
 Corporativo
 Distro
assinantes
 

Perspectivas...

O Linux tem potencialidades que podem ser melhor exploradas pelo segmento educacional brasileiro

Há diversas perspectivas para o GNU/Linux como produto. Mas a que mais nos chama a atenção, sobretudo em fóruns, encontros e debates, é o seu profissionalismo. Não é nenhuma novidade dizer que o Linux teve uma trajetória bastante sui generis. Basta dizer que ele nunca foi marca de uma empresa apenas, mas tem sido profundamente marcado pelo trabalho cooperativo, em grande parte desinteressado, de uma Comunidade extremamente crítica e atuante.

Mas tais características não desaparecerão - felizmente - com a profissionalização do produto Linux. Sem dúvida, ele sofrerá outras exigências que não matarão o seu espírito de liberdade e cooperação. Quais são estas exigências? Neste espaço, é possível esboçar algumas das exigências que nosso Sistema Operacional cumprirá sem maiores problemas. Gostaria de ressaltar, por exemplo, a segurança. Todo produto inserido na Tecnologia da Informação terá que ser capaz no quesito segurança. E as distribuições Linux têm sido... Mas uma outra característica fundamental a ser exaltada é o potencial educativo de um programa de computador. É preciso que o Linux conquiste a hegemonia de vontades do usuário brasileiro. O leitor da Revista do Linux sabe que para a maior parte do público em geral, do usuário doméstico, ter um computador, usá-lo, confunde-se com ter ou usar o produto Windows. Para eles, computador é Windows... Quem já não ouviu a pergunta: “você não usa isso aí, o Windows? O que é este seu computador afinal?”. Para as pessoas, é quase uma impossibilidade física ter um computador e não ter o Windows! É preciso então alterar radicalmente este quadro.

Creio que não há maiores dúvidas: esta hegemonia é conquistada no campo da educação, sobretudo da educação pública, em nosso país. Por isso, o FUST foi tão importante - o projeto de um micro popular com software livre é muito importante.

O GNU/Linux, e toda a gama de programas de livre distribuição presentes numa caixa Linux, pode e deve estar presente na educação brasileira. O aluno pode usar os ambientes gráficos presentes numa distro, como o KDE, o Gnome, ou o WindowMaker, aprender as tarefas básicas requeridas no OpenOffice, ou, numa situação mais avançada, usar o ambiente de programação GNU (C & C++), ou mesmo Java, ou PHP, ou Python, etc., etc... Assim, a informática cumpriria o seu real destino: adaptar, realizar e modificar programas para fins concretos e necessários, e, então, partilhá-los como uma Comunidade. Outro aspecto de importante conteúdo pedagógico é o ambiente de Rede presente no Linux. Com o servidor Apache e uma pequena Rede Local, o professor pode usar o hipertexto como ferramenta de aprendizado. A classe poderia produzir seus documentos, coletiva ou individualmente, e publicá-los no Servidor (não vejo forma mais eficaz do que esta para mostrar a importância social do conhecimento). Ilana Snyder, autora do livro Hypertext. The Electronic Labyrinth, afirma com razão: “o hipertexto em classe transforma o papel do professor até o ponto em que algum poder e autoridade são transferidos para os estudantes”. Portanto, por ser uma ferramenta ao mesmo tempo de aprendizado e de ensino, os alunos podem seqüenciar, derivar e ter acesso à informação, florescendo o trabalho cooperativo e criativo.

A Free Software Foundation-Europe levanta a seguinte questão: porque dar precedência ao software livre na Escola? Entre as muitas respostas “elencadas” pela FSF-Europe é dito: a Escola tem de ficar longe do consumismo. Sem dúvida, pois temos de romper com a idéia de que aprender informática numa Escola é usar mecanicamente apenas os programas da Microsoft, treinando e adestrando os alunos em determinados programas, sem aprendizado real.

Não podemos esquecer, por outro lado, uma especificidade do cenário nacional: a falta de recursos. Uma Escola não deve gastar rios de dinheiro com licenças de software.

O leitor que tem interesse pelo tema deve acompanhar o trabalho de uma entidade francesa chamada OFSET - (Organization for Free Software in Education and Teaching). O Manifesto da OFSET ressalta que o software livre da educação deve seguir o caminho da liberdade, da igualdade e da fraternidade.


Para saber mais:

O manifesto da OFSET: ofset.org/information/legal/manifesto.html

FSF-Europe, “Why give precedence to free software at school?”: fsfeurope.org/education/argumentation.html


Renato Martini - rmartini@cipsga.org.br


A Revista do Linux é editada pela Conectiva S/A
Todos os Direitos Reservados.

Política de Privacidade
Anuncie na Revista do Linux