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Pingüins no BB

A notícia do mês, para mim, foi o anúncio da adoção do Linux pelo braço europeu do Banco do Brasil. A imprensa internacional divulgou que, num primeiro momento, o BB está substituindo na Europa 41 servidores rodando Windows NT por 3 servidores iSeries e 6 servidores xSeries da IBM, todos rodando Linux.

E meu entusiasmo não é pelos ganhos que acredito que o Banco do Brasil terá, mas pela chancela que isso confere ao sistema operacional do Pingüim. Instituições financeiras são conservadoras por natureza no que diz respeito à sua infra-estrutura. E se o maior banco da América do Sul acha que o Linux está maduro o suficiente para confiar a ele a sua rede no exterior, temos aí um argumento fortíssimo a favor da adoção do sistema.

Mas a coisa fica melhor: a entrevista do administrador de TI do Banco do Brasil na Inglaterra explica que as 70.000 licenças de NT e as 8 redes separadas mantidas na Europa pelo banco causavam uma série de problemas e, portanto, eles pretendem adotar o Linux até nos desktops, para reduzir custos e centralizar o suporte. As aplicações já estão portadas para Java, para permitir o uso em qualquer sistema operacional, e os servidores baseados no sistema livre Samba são reportados como tendo melhor desempenho que os servidores NT, que anteriormente cumpriam a mesma função.

A entrevista está em www.vnunet.com/News/1137229 e merece ser impressa e fixada nos murais das organizações que ainda não estão dispostas a encarar o Linux seriamente - após a apresentação de um case desse porte, será difícil continuar adiando e evitando a discussão.

Nessa esteira, vale também a reflexão sobre o papel que a IBM teve nesse processo. Além de ter empenhado grande volume de recursos no desenvolvimento de softwares livres, a Big Blue oferece algo que as organizações de maior porte exigem e que todo o mercado valoriza: um grande nome para assumir a responsabilidade. Eu e você temos fé na força da comunidade do software livre, mas os CIOs e CEOs do mundo corporativo vivem em um sistema de valores diferente, e é bom que possam ter exemplos desse tipo, compatíveis com a sua visão.

O lado bom: Linux sendo levado a sério, de maneira incontestável, por instituições sólidas brasileiras.
O lado ruim: Desta vez não consegui encontrar nenhum.

Suporte a winmodems

Outra notícia que me chamou a atenção foi o lançamento de uma distribuição brasileira voltada para o desktop - o Luminux (www.luminux.com.br). O que me atraiu o interesse no relativamente escasso material promocional a que tive acesso foi a ênfase no suporte a Winmodems - esse componente de hardware tão citado nas listas e fóruns de suporte a Linux, responsável por tanta dor de cabeça em usuários que não sabiam que o seu equipamento não era um modem completo e precisava de softwares especiais para poder ser usado fora do Windows.

Modelos como Lucent V90 e PCTel são citados, com a promessa de reconhecimento e configuração automática. Outras distribuições recentes já ofereciam o suporte facilitado ou automático a diversos winmodems, mas a ênfase na promessa do Luminux de suporte à maioria dos winmodems do mercado é uma boa novidade, e tomara que não apenas corresponda à verdade, como ainda possa ser em breve imitada por todas as demais distribuições. Eu nunca tive um winmodem, mas será um alívio ver essa questão recorrente desaparecer gradualmente das listas de perguntas dos novos usuários.

Infelizmente, esta distribuição anunciou que seu programa de configuração não será de código livre, o que talvez a torne menos atrativa para a comunidade - ainda há muito pouca informação disponível para avaliar e, enquanto escrevo esta coluna, não há ainda no site uma área de download nem detalhes sobre o licenciamento para que possamos verificar diretamente.

De qualquer forma, o suporte a winmodems é algo importante no mercado nacional, e a idéia de enfatizar esta característica merece ser imitada pelos demais revendedores. A discussão sobre o respeito do Luminux às licenças e à própria comunidade Linux fica para uma ocasião futura, quando houver mais dados disponíveis.

O lado bom: mais usuários satisfeitos, sem necessidade de ouvir falar em kernel e módulos só para poder discar para o provedor.
O lado ruim: a questão do licenciamento é algo a ser debatido.


Augusto Campos - brain@matrix.com.br


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