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Terminais Gráficos Remotos

Use remotamente interfaces como o KDE ou Gnome em uma estação Linux ou Windows com poucos recursos de hardware

Já não é de hoje que se ouve falar em máquinas com poucos recursos de hardware e baixo poder de processamento que podem executar aplicações pesadas como as utilizadas em máquinas com processadores Pentium e AMD de última geração.

O servidor gráfico do Linux, o XFree, através de sua implementação client/server, permite que mesmo estações com pouco poder de processamento executem aplicações gráficas remotamente, o que possibilita uma economia muito grande em termos de hardware, principalmente para empresas, com o reaproveitamento de máquinas antigas, que passam a poder executar aplicações como suítes Office, entre tantas outras utilizadas pelos usuários.

Não obstante, ainda é possível executar em estações Windows ambientes gráficos do Linux como KDE e Gnome, além de muitos outros, utilizando ferramentas gratuitas como o Cygwin.

Para as empresas que ainda não decidiram migrar totalmente para o Linux, por possuírem aplicações legadas, e que não querem gastar com desenvolvimento para uma nova plataforma, surge uma luz no fim do túnel. Com softwares também gratuitos como o rdesktop, é possível abrir terminais remotos de máquinas rodando Windows NT/2000 Server através de estações Linux, utilizando-se o próprio conceito do Terminal Services do Windows. Logicamente, não estão incluídas as licenças de conexão das estações Linux (rodando o rdesktop ou outro software que se conecte a estes servidores de aplicações) ao Terminal Server. Em última instância, podem-se usar ferramentas gratuitas (como o VNC, rodando em modo servidor) para transformar suas máquinas antigas em um servidor gráfico, o que pouparia ainda mais recursos financeiros.

Funcionamento

Através do XFree e de seu protocolo de comunicação, as máquinas Linux com poucos recursos, como um 486, poderão acessar o servidor e executar, em uma sessão gráfica remota, os aplicativos nele instalados. O responsável pelo gerenciamento dessas sessões é o protocolo XDMCP (X Display Manager Control Protocol). Em outras palavras, essas máquinas poderão executar ambientes gráficos complexos como o KDE e aplicativos como o OpenOffice, que originalmente requerem máquinas com maior poder de processamento. O servidor será a máquina que processará todas as aplicações solicitadas pelos usuários, e deverá, portanto, ser mais potente. A configuração de hardware dessa máquina é baseada na quantidade de usuários que deverão se conectar e que tipo de aplicativos utilizarão. Para ter uma idéia, com um AMD K6-2 de 550 MHz com 256 MB de RAM, foi possível abrir dez sessões do KDE 2, sem perda de performance. É preciso levar em conta que atualmente estamos na versão 3 do KDE, para a qual se recomenda um mínimo de 64 MB de RAM, assim como para o OpenOffice. Ou seja, devemos considerar todos esses fatores para termos um bom desempenho nas estações. Para uma rede de 100 usuários, algumas empresas costumam recomendar micros com dois processadores que podem passar dos 1 GHz de clock e 2 GB de RAM. Mesmo que uma máquina deste porte seja cara, ainda representa menos de 10% do que seria gasto com as licenças de um sistema operacional, aplicações e atualização de hardware das estações de trabalho.

De forma similar às estações Linux, as máquinas Windows se conectam ao servidor usando uma implementação do XFree para Windows, rodando sobre o Cygwin (www.cygwin.com). O Cygwin é um software gratuito, desenvolvido pela Red Hat, que implementa um ambiente Unix em sistemas Windows, usando algumas camadas de emulação.

E caso optássemos pela migração total, softwares feitos para a plataforma Windows ainda podem ser executados nas estações Linux, usando o rdesktop para conexão ao Windows Terminal Server ou um dos muitos clientes para conexão com servidores VNC.

Implantação do Servidor

A primeira coisa a ser feita é instalar o Linux na máquina que será o servidor. Instale o XFree, um gerenciador gráfico de login (KDM, GDM, XDM ou similar) e todos os aplicativos que deverão ser usados nas estações. Na verdade, o processo não é muito diferente de uma instalação ~Sdesktop~T comum. Faça também toda a configuração de rede e certifique-se de que as estações conseguem acessar sem problemas o servidor.

A segunda parte da instalação diz respeito à configuração do servidor, para que ele aceite conexões do protocolo XDMCP. Siga os passos abaixo:

  1. Edite o arquivo /etc/X11/xdm/xdm-config, procure e comente a linha abaixo, inserindo um ! no início:
    !DisplayManager.requestPort: 0

  2. Edite o arquivo /etc/X11/xdm/Xaccess, e descomente a linha abaixo, retirando o # do início:
    *    # any host can get a login window

    Caso você não deseje executar o ambiente gráfico no servidor (apenas nas estações), edite o arquivo /etc/X11/xdm/Xservers e comente a linha abaixo, acrescentando um # no início:

    # :0 local /usr/X11R6/bin/X

    Para utilizar o KDM como gerenciador de login, vá ao arquivo /usr/share/config/kdm/kdmrc, procure o item [Xdmcp] e mude o valor da variável Enable de false para true, como abaixo:

    [Xdmcp]
    Enable = true
    

    Para o XDM, o procedimento é o mesmo, mas o arquivo está em /usr/share/config/xdm/xdmrc.

    Implantação do Cliente

    ~U Máquinas Linux

    Depois de instalar o XFree e configurar corretamente a rede, você pode remover das estações os pacotes do ambiente desktop ou gerenciador de janelas, como KDE e WindowMaker, e do gerenciador gráfico de login, como o KDM. Para testar a configuração do servidor, digite a linha abaixo em um terminal:

    X -query nome_do_servidor

    E para que a estação de trabalho inicie sempre acessando o servidor, será necessário alterar o arquivo /etc/inittab, substituindo a linha:

    x:5:respawn:/etc/X11/prefdm -nodaemon

    por:

    x:5:respawn:/etc/X11/X -query nome_do_servidor

    ~U Máquinas Windows

    Para que máquinas Windows possam se conectar ao nosso servidor, é necessária a instalação do Cygwin. Acesse o site www.cygwin.com, e faça o download do produto. A versão mais recente, no momento do fechamento desta edição, era a 1.3.17-1.

    Execute o arquivo de instalação, setup.exe e, após escolher todos os pacotes necessários, continue a instalação clicando em Next. Não se esqueça de selecionar o pacote do XFree, pois ele é o responsável pela abertura do Terminal Gráfico. Se você já tem o Cygwin instalado, será necessário fazer download apenas dos pacotes do XFree.

    Com tudo instalado, basta executar o comando abaixo para que a interface do servidor surja como mágica diante de você:

    XWin.exe -query nome_ou_IP_do_servidor

    ~U Máquinas Linux acessando servidores Windows Terminal Server

    A possibilidade de acessar aplicativos de outras plataformas através de Terminais Gráficos Remotos facilita a migração para a plataforma Linux. A instalação de um cliente Windows Terminal Server em uma estação Linux é muito simples. Faça o download de um cliente compatível, como o rdesktop, disponível em www.rdesktop.org e o instale. Há duas versões disponíveis: código fonte, em arquivos .tar.gz, e pacotes binários, como os RPM. Para compilar a versão em .tar.gz, basta descompactar o arquivo (tar -xzvf rdesktop-1.1.0-tar.gz) e executar a conhecida seqüência ./configure, make, make install no diretório criado durante a descompactação. Para instalar um pacote RPM, basta digitar, como root, o comando: rpm -ivh rdesktop-1.1.0.i386.rpm.

    Com o rdesktop instalado, é só chamar o aplicativo informando o nome ou o ip do servidor. Também é possível informar nome de usuário, domínio e geometria da tela. Veja o exemplo abaixo:

    rdesktop -u usuário -d domínio -g 800x600 nome_do_servidor

    O que mais chama a atenção são outras técnicas que podem ser usadas em conjunto com o Terminal Remoto, tais como o NFS para montagem de diretórios remotos (desta forma, não é necessário que as máquinas possuam grande quantidade de espaço em disco, facilitando a administração de backups), ou, ainda, o Boot Remoto. O Boot Remoto usa estes servidores já citados e mais alguns como o DHCP. Neste caso, não é necessário nem mesmo que as estações possuam um HD; através de um simples disquete de boot, a máquina cliente se conecta ao servidor de boot remoto. Também é possível usar a própria placa de rede para fazer o boot da estação (através de uma ROM de boot).

    Do ponto de vista empresarial, tudo isso é uma grande idéia. Afinal de contas, cortar gastos excessivos e implantar soluções de baixo custo é uma regra que as empresas estão levando bastante a sério. Benefícios como processamento remoto e armazenamento de dados em um único servidor central ajudam a reduzir custos, tanto em relação ao hardware quanto à própria manutenção de todo o sistema, que se torna centralizada.

    Combinando tecnologias como os terminais gráficos, boot remoto, NFS e DHCP, podemos criar estações de baixo custo e completamente funcionais

    Saiba mais:
    Cygwin - www.cygwin.com
    XFree86 - www.xfree.org
    RDesktop - www.rdesktop.org


    André Stato Filho - andre.stato-filho@itau.com.br

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