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A aposta da Compaq
Desde que adotou Linux em máquinas Alpha, a empresa vem garantindo contratos milionários.

Quando comprou a Digital, em 1998, a Compaq herdou uma antiga parceria existente entre a fabricante dos servidores Alpha e a comunidade Linux. O relacionamento havia começado quatro anos antes, depois de Linus Torvalds ter feito uma palestra em um evento anual dos usuários Digital. Os engenheiros da empresa, que trabalhavam com o sistema operacional Open VMS, logo convidaram Torvalds a desenvolver o Linux para a plataforma Alpha - baseada no processador RISC, de 64 bits. Para isso, a Digital (hoje Compaq) chegou a doar uma workstation Alpha para Linus Torvalds, que, em 1995, completou o primeiro porte do Linux para um sistema RISC.

Assim, desde aquele ano, os processadores Alpha operam com Linux. "O Alpha equipado com Linux tem vencido vários benchmarks realizados no mercado", afirma Rogério Noschese Canas, gerente de Produto na área de Servidores de Alta Performance da Compaq Computer Brasil. Ele explica que o Linux utiliza os 64 bits da arquitetura Alpha - coisa que o Windows NT, de 32 bits, não faz. "Isso dá à combinação Alpha-Linux um desempenho quase tão bom quanto o oferecido por sistemas Unix proprietários", garante Noschese.

Em sua opinião, a prova disso são os recentes contratos de fornecimento fechados pela Compaq. Um deles, no valor de US$ 15 milhões, prevê o fornecimento de um supercomputador Alpha em forma de cluster - no total, são 277 workstations Compaq Professional XP1000, todas com Linux - para o National Oceanic Atmospheric Administration (NOAA), entidade norte-americana que faz previsões climáticas.

A University of California Los Angeles (Ucla) também comprou 20 workstations Professional XP1000, com Linux, operando em cluster, para o desenvolvimento de um supercomputador para o Departamento de Engenharia Mecânica e Aeroespacial. Segundo o professor Jonathan Freund, da Ucla, o motivo da escolha foi a alta velocidade de processamento de ponto flutuante e o baixo custo por flop. Noschese explica que a XP1000 atinge até 650 milhões de operações de ponto flutuante por segundo (Mflops) - a geração anterior do processador Alpha, que vinha sendo utilizada na universidade, chegava a 330 Mflops por máquina.

O supercomputador a ser construído a partir das novas workstations Compaq será utilizado no cálculo dos princípios básicos do ruído produzido pela circulação da turbulência em aviões a jato - a equação que explica o funcionamento dessa circulação dissipa uma fina malha de 25 milhões de pontos e cerca de 50 mil intervalos de tempo. "Um dos problemas mais complicados é conciliar as amplas dimensões de toda a circulação de ar no jato com as pequenas dimensões da extensão de uma corrente de turbulência", afirma o professor Freund.

Além das estações XP1000, a linha de máquinas Alpha da Compaq é formada por servidores de pequeno e médio porte. Em breve, será lançada a linha Global Server (GS), que vai ocupar o topo da família de servidores Alpha. A primeira versão dessas máquinas, contudo, ainda não terá suporte para o Linux, mas Noschese diz que isso já está previsto nos próximos lançamentos da linha.

"A Compaq aposta no Linux, principalmente por causa do crescimento desse mercado, formado por universidades e profissionais que precisam de alto poder de processamento a baixo custo", afirma Noschese.

A confiança no Linux também já foi estendida à linha de máquinas baseadas em processadores Intel. Na verdade, as máquinas são entregues ao usuário sem sistema operacional, mas a empresa já oferece vários drivers específicos para Linux. Alexandre Kazuki, gerente de Produto da área de Servidores Intel da Compaq Brasil, conta que, nos EUA, a fabricante tem uma parceria com a Red Hat (para a linha Intel), já há cinco anos. No Brasil, a empresa vem trabalhando, desde o ano passado, com distribuidores locais do Linux.

 

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