Na Visconti, uma opção incidental
Linux ja é a base da nova rede WAN e esta em projetos futuros
O Linux foi introduzido na Visagis S/A Indústrias
Alimentícias, conhecida pela marca Visconti, por motivos incidentais.
Como parte de um sistema de cadastro de pedidos via Web, seria necessário
implementar um servidor http, em plataforma Windows NT ou Linux. Por ser
gratuito e proporcionar aos fornecedores do software Web mais facilidades
de administração remota, o Linux foi preliminarmente adotado. A decisão
final sobre a plataforma de produção ficaria para um segundo momento.
Entretanto, a Visconti preparava-se para alterar
completamente sua arquitetura de redes WAN (longa distância). "A intenção
era substituir as linhas dedicadas ponto a ponto por serviço frame relay
TCP/IP fornecido pela Embratel", informa Wanderlei Oliveira, gerente de
informática da empresa, lembrando que essa migração visava não só a elevar
o nível de integração entre as diversas plantas industriais e comerciais,
como também a acomodar a implantação de serviços visíveis à Internet pública,
tais como aquele cadastro de pedidos via Web.
Quando a instalação dos links e modems da Embratel ficou
pronta e as faixas de endereçamento IP definidas, restava escolher uma solução
de roteamento e firewall que cumprisse alguns requisitos básicos.
Entre eles, capacidades avançadas de roteamento; túneis IP
(VPNs) entre as redes privadas das diversas plantas, de preferência
criptografados; acesso transparente e controlável à Internet pública, a partir
de qualquer planta; firewall seguro e facilmente configurável; suporte
simultâneo a duas faixas de endereçamento IP distintas (Intranet e Internet),
trafegando na mesma rede perimetral física; recursos fáceis e seguros de
administração remota; possibilidade de implantação posterior de serviços
de rede de nível superior, por exemplo um servidor proxy.
As soluções baseadas exclusivamente em roteadores ou
servidores Windows NT eram factíveis, conforme se constatou posteriormente,
mas os respectivos fornecedores falharam na viabilização de suas respectivas
soluções diante das exigências do ambiente. "Além disso, ambas se mostraram
bastante onerosas", observa Oliveira. Diante desse quadro, solicitou-se um
estudo de viabilidade de uso do Linux como plataforma de roteamento e firewall.
E o resultado foi que este se revelou uma solução viável e sobretudo econômica,
pois o custo de implantação ficava restrito à compra de um computador PC
comum por planta.
Homologada a proposta, o processo de migração para os
novos links começou no dia 3 de setembro de 1999 e terminou, com o acerto
dos últimos detalhes, no dia 6 de setembro. A distribuição do Linux utilizada
foi a da Conectiva, versão 4.0.
E o único software necessário à instalação que não estava
presente no CD-ROM foi o CIPE que é um protocolo de VPN.
Consolidada a nova rede WAN, alguns aprimoramentos foram
realizados desde então. Entre eles, a instalação de Proxy e de Servidores Samba
(protocolo NetBIOS, ou `rede Windows') em cada planta, de modo a permitir
armazenamento e backup centralizados dos arquivos de usuário, bem como a
visibilidade e troca de mensagens entre todos os usuários de todas as plantas.
Também foi acrescentado o acionamento automático de link alternativo, por
linha discada, em caso de falha do link principal da Embratel, de modo a
notificar o administrador do sistema por e-mail e pelo celular (BCP DigiMemo).
Além disso, implementou-se administracão remota e cópia de arquivos segura,
usando ssh e miniprovedor para acesso remoto do administrador do sistema à
Internet e à rede Visconti sem necessidade de provedor Internet e/ou criação
de `buracos' no firewall.
No futuro, alguns objetivos já estão previstos. Entre eles,
a expansão da idéia do mini-provedor para permitir vários acessos
simultâneos e o estabelecimento de redundância (high availability) em cada
planta, de modo que cada computador Linux tenha um `clone', ou seja, um segundo
computador que entrará em atividade automaticamente caso a primeira máquina falhe.
Outra idéia é uma eventual adoção do Linux como plataforma
do banco de dados Oracle, com uso massivo de replicagem local e remota, para
assegurar redundância e performance. Além disso, a empresa vai estudar, a
partir do próximo ano, a adoção de Linux em estações de trabalho.
Elvis Pfützenreuter
epx@netville.com.br