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Sob medida para o ensino público
Com a verba destinada à compra de software, foram adquiridos servidores e montou-se uma rede


O Laboratório de Informática da Universidade Federal do Paraná (LabInfo) adotou o Linux como plataforma dominante em suas máquinas, desde o início de 1999. Mas foi após um ano de experiência, que a comunidade acadêmica da UFPR ganhou um novo modelo para laboratórios de informática, com a inauguração da "Rede Linux" do Departamento de Informática da universidade.

"Duas palavras-chave resumem nossa decisão de adotar o Linux: otimização de recursos e qualidade de ensino", diz Marcos Alexandre Castilho, coordenador do Time de Recursos Computacionais do Departamento de Informática da UFPR. Como as universidades públicas têm parcos recursos, sobretudo para compra de material permanente, como computadores, Castilho explica que verbas necessárias para equipar um laboratório com vinte novas máquinas surgem, em média, a cada cinco anos, o que não é suficiente para manter o LabInfo nos padrões exigidos pelo MEC, e muito menos para a compra das licenças necessárias.

Para exemplificar: se um laboratório inteiro com vinte micros foi montado há três anos, quando os melhores equipamentos eram Pentium 90, 100 MHz, hoje dificilmente eles teriam um bom uso no mundo Windows.

Se não servem para praticamente mais nada, são vinte micros inúteis, certo? "Não no LabInfo", responde Castilho, onde as máquinas podem servir (e servem) como bons terminais de trabalho, desde que disponham de um bom monitor, estejam em uma rede rápida, e tenham servidores modernos prontos para serem acessados a partir deles.

Esta tríplice combinação permitiu à UFPR recuperar desde os pré-históricos PC 386 - com capacidade de disco de 80 MB e apenas 8 MB de RAM - até recentes Pentium 100 e 166 MHz. E, com a verba que seria destinada a pagar as licenças de software dessas máquinas, foram adquiridas algumas novíssimas máquinas de alta capacidade de processamento, modernos switches para otimizar a rede, e periféricos novos para os velhos equipamentos: mouses, teclados e monitores.

"Em seis meses, a capacidade de nosso parque computacional aumentou de cerca de vinte pontos de trabalho úteis para cerca de 120 a um custo extremamente baixo, compatível com a situação financeira da universidade pública brasileira", conta Castilho. Para isso, a política empregada foi adotar o Linux sempre que possível. Como efeito colateral, uma rede simples de administrar. Como maior custo, manter em ordem o aglomerado de servidores.

Mais importante do que a grande otimização foi o salto de qualidade nos serviços aos estudantes. O LabInfo dispõe de pacotes similares, de qualidade igual ou superior à quase totalidade das ferramentas existentes no mundo Windows, tais como planilhas, editores de texto, linguagens de programação, navegadores. E mais: as novas ferramentas têm o código fonte aberto.

"Em termos práticos, ter o código fonte de uma aplicação implica necessariamente em maior qualidade do produto, pois ele está sujeito à análise dos usuários. É toda uma comunidade verificando produtos, e não apenas uma dúzia de iniciados, por melhor que eles sejam", comenta Castilho.

Mas como nem tudo são flores, vale notar que a adaptação da rede a esse modelo foi trabalhosa, e levou vários meses na recuperação do hardware antigo. Também foi necessário treinamento em massa dos usuários, facilitado graças à experiência em Unix dos alunos e professores do Departamento de Informática. São mais de trinta anos de experiência passada de uma geração de professores a outra.

"Acreditamos que esta nossa proposta de modelo de informatização possa ser empregada dentro da própria UFPR, em outros sistemas de porte similar ou em qualquer lugar onde palavras como segurança, qualidade e otimização de recursos sejam importantes", observa.

 

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