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Aposta no código aberto
De olho nas grandes mudanças na indústria de software, a Inprise/Borland prepara seus produtos para a nova realidade mundial do setor

O Linux já é a segunda plataforma da Inprise/Borland, suplantando o Unix. A empresa, que sempre olhou com bons olhos o Linux, ao liberar o Interbase 4.2, foi surpreendida com o volume de downloads do produto. Esse fato reafirmou sua estratégia adotada anteriormente, que previa a conquista de sua fatia no mercado Linux, o direcionamento de seu foco para serviços e não mais produtos e sua aposta no mercado multiplataforma.

Segundo José Eugênio Braga, gerente de marketing da Inprise/Borland no Brasil, a empresa tomou a decisão de enfatizar a área de serviços quando constatou a tendência mundial de queda nos preços do software. " Veja quanto custa hoje uma licença de Oracle, quanto custava há um ano, e constate que a política de venda de licenças é limitadora", diz ele, acrescentando que, hoje, a empresa quer ganhar dinheiro com suporte e não mais com licenças. "Aproximadamente 60% de nossa receita vem do mercado corporativo, que está muito mais interessado em serviços e em soluções globais, e onde o produto é apenas um componente dessas soluções" .

Daí à opção pelo código aberto foi um passo, mas o lançamento de produtos como o Interbase, sob código aberto deve acontecer só em breve. O Interbase 4.2 foi liberado para o Linux, e as versões 5.0 e 5.5 para plataformas Linux, Unix, Windows e outras têm um preço único e ainda seguem a política de licenças. A idéia é que a partir da 6.0 seja código aberto e royalty free.

" É uma enorme responsabilidade expor o nosso código, pois as pessoas julgarão se ele é bem escrito, se é enxuto, seu grau de eficiência, a correção de sua arquitetura. Por outro lado, sabemos que aprimorá-lo, depois que seu código for público, será um processo mais acelerado e mais vantajoso, uma nova nova etapa para o desenvolvimento do software, dominada mais pela excelência do código, e onde só manterão a dianteira os que forem comprovadamente bons", argumenta.

Multiplataforma

E a Inprise/Borland confia plenamente na qualidade de seu desenvolvimento e na aceitação de seus produtos, como o Kylix, versão do Delphi para Linux, que muitos dizem que será o produto que viabilizará o mercado de Linux para a Borland, inclusive porque o Delphi é o produto que lidera esse segmento em todo o mundo, com exceção dos Estados Unidos, onde é superado pelo JBuilder, também da Borland.

Paralelamente, especula-se que o Kylix é a ferramenta que vai viabilizar a nova arquitetura de aplicações multiplataforma, através da qual os desenvolvedores poderão usar o mesmo código, tanto para o Linux quanto para o Windows, aumentando a portabilidade dos sistemas e viabilizando a adoção da nova plataforma.

Com base em pesquisa encomendada recentemente, a Inprise calcula que no mercado corporativo brasileiro, para cada cópia oficial de Delphi, existem outras oito piratas. "Se computados os pequenos desenvolvedores, pequenas empresas e usuários domésticos, a quantidade de cópias piratas será muito maior", diz Braga, lembrando que, numa conjuntura de código aberto, de licenças gratuitas e maior flexibilidade para os consumidores, a pirataria praticamente sumiria e a empresa poderia incorporar uma base instalada muito maior e, portanto, o leque para oferecer serviços cresceria drasticamente. Só no Brasil, por exemplo, são 180.000 cópias distribuídas de Delphi. "É com o apelo irresistível de um sistema aberto, robusto, de custo muito mais acessível, com um exército de aplicações desenvolvidas em Delphi para Windows - que com poucas alterações serão portadas para o Linux - que acreditamos proporcionar uma solução efetiva para a migração corporativa", completa.

Sobre a disseminação da cultura Java no país, acrescenta ele, a limitação da banda de telefonia, o preço dos equipamentos e em especial das memórias, são impedimentos incontestáveis a sua popularização. Mas a seu ver, quando se fala em computação distribuída, a linguagem Java é a solução poliglota, com potência de recursos e uma grande amplitude, da linhagem direta e evolutiva da linguagem C. "É a ponta-de-lança do desenvolvimento nos Estados Unidos nesse momento, e o JBuilder detém cerca de 80% desse mercado, supremacia que vem do fato de que os desenvolvedores do JBuilder, são também parte do time do Java original", conclui.

Mudanças de foco

A Borland sempre foi reconhecida por suas ferramentas de desenvolvimento. Para entrar no mercado corporativo, no entanto, são exigidas soluções completas e não apenas as ferramentas. Para fugir ao estigma de que oferecia apenas uma solução parcial, a Borland comprou a Visigenic e seu carro-chefe, o Visibroker. Depois adquiriu o Intera e mudou o seu foco comercial. Nascia então a Inprise, que é a cara corporativa da Borland. A Inprise oferece o ambiente completo para gerência e distribuição de objetos,bem como toda a implementação e suporte para o segmento high-end.

 

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